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DmC: Devil May Cry – Review

Assim como noventa por cento do mundo, assim que saíram as primeiras imagens do DmC, em meados de 2011, eu torci o nariz e fanboyzei de maneira extrema.  “Que diabos tão fazendo com o Dante, caceta? É NxZero agora? ”. Teria a Capcom enlouquecido ao dar uma das suas melhores – mas que não ia tão bem das pernas – franquias a Ninja Theory, um estúdio inglês? Ou eu era um fanboy tão xiita que não queria aceitar mudanças drásticas no status quo do game, sem nem mesmo ter jogado primeiro?

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No dia 15 de Janeiro de 2013, foi finalmente lançado DmC: Devil May Cry. O quinto jogo da série que faria uma espécie de reboot da franquia, reimaginando um universo alternativo do mundo onde os Demônios Podem Chorar.

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O jogo em si apresenta poucas mudanças em relação ao que foi lançado em relação a trailers e teasers de apresentação, o visual de Dante é ainda bem diferente do original, mas é um pouco menos ‘emo’ que as primeiras imagens mostradas, caindo pro lado mais punk da coisa. A princípio é estranho, mas logo você se acostuma e, no meu caso, começa a achar mais plausível e até gostar. Afinal, o jogo passou por uma ocidentalização e convenhamos, o visual clássico do Dante não é o que há de masculinidade. E mesmo diferente, ele continua sendo o ass-kicker demon killer badass motherfucker de sempre. Com piadinhas e tudo.

E eu não estou me equivocando ao começar falando do visual, pois o design do jogo é parte fundamental. Graficamente falando o jogo roda em boa resolução e sem quedas de frame, competente, mas nada de especial. Mas visualmente falando, o jogo é um espetáculo a parte, uma verdadeira obra de arte no sentido videogamístico da coisa, tudo parece estar vivo e se mexer, os demônios são criaturas horrendas (a súcubos é algo devastadoramente nojenta) e muitíssimo bem retratadas, assim como os personagens com feições humanas, com destaque especial para o avatar humano de Mundus.  Os cenários são bem variados e mudam conforme o ambiente de forma magistral. Não foram poucas as vezes que eu fiquei estupefato com o brilhantismo de algumas passagens e de como elas funcionavam.

O enredo se foca, obviamente, em Dante. O sujeito vive numa cidade aparentemente normal, mas que contém uma versão distorcida de si mesmo em uma ‘dimensão alternativa’ recheada de demônios (que por vezes são retratados no mundo real como câmeras de segurança, dançarinas exóticas da boate ou até mesmo a polícia e a SWAT) e perigos  que é chamada de Limbo. Os humanos comuns  em imensa maioria desconhecem essa dimensão, mas o nosso protagonista é frequentemente arrastado pra lá, de onde só pode fugir quando derrota quem o levou pra lá ou – como descoberto no decorrer do jogo – quando usa algum portal entre as ‘fendas’ dos dois mundos.

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Essa relação entre a realidade normal e o Limbo é de extrema importância para a história e desenvolvimento do jogo. Enquanto no mundo ‘real’ (que, ironicamente, é a realidade maquiada pelo vilão) apresenta tons de cinza insossos, o Limbo é extremamente colorido e vivo. E ambas as realidades são regidas e controladas pelo já conhecido de outros episódios da franquia, o rei demônio Mundus.

Aliás, o enredo é uma das partes fortes do jogo. Anos-luz a frente da história dos outros jogos, o jogo começa com o Dante com o lifestyle clássico, vivendo uma vida desregrada de playboy acostumado a festas e sexo sem preocupação. Mas quando Kate, uma moça que tem ‘poderes ‘ psíquicos aparece e apresenta a organização ‘terrorista’ The Order , tanto Dante quanto a história começam a crescer e virar um conto de horror, dominação e controle mundial, envolvendo amor, teorias da conspiração e dogmas religiosos, calibrados por personagens muito bem construídos e um trabalho de dublagem excelente. E como eu peguei a versão legendada em português, posso dizer que o trabalho foi feito muito bem, sem omissões a palavrões e com algumas boas sacadas de tradução de termos e expressões específicas, em especial as tiradinhas clássicas do protagonista fanfarrão.

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Como fã da série, o que eu esperava mesmo era o que o jogo poderia me trazer de novo – e clássico – no quesito jogabilidade. O quinto jogo da franquia que é pai do gênero Hack n’ Slash não poderia pecar nesse quesito (tal como pecou o antecessor, DMC4). E a Ninja Theory caprichou demais nesse quesito. Mesmo no começo do jogo, quando você só tem a espada Rebellion e suas pistolas gêmeas Ebony e Ivory, o combate se mostra bem divertido e fazer combos é prazerosamente simples. Simples, não fácil. Mas tudo fica ainda melhor quando, no decorrer do jogo, você ganha as armas angelicais e demoníacas – e você vai entender o porquê delas. Em pouco tempo, trocar de armas e suas variações no meio de um combo é tão natural que você mal percebe. Você se torna um com as armas e os combos começam a ficar cinematográficos. Tudo facilitado por controles simples, onde mudar de arma requer apertar um botão a mais ( os gatilhos L2 E R2 no PS3 ou RT E LT no Xbox 360) ou o uso do direcional analógico.

A classificação dos combos (D, C, B, A, S, SS E SSS) junto com o aumento agressivo de dano conforme ela aumenta são estímulos para que você fique cada vez melhor na arte de destruir demônios com classe.

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Puxar os inimigos até você ou ir até eles com os ganchos que você adquire com as armas angelicais e demoníacas são manobras fáceis e de se fazer e de extrema importância no decorrer dos combos e até mesmo da sua mobilidade, já que você usa esses ganchos para puxar obstáculos ou chegar até plataformas flutuantes. No jogo, a cidade tem uma relação direta com Mundus e isso significa que os elementos dela mesmo – os prédios, ruas, postes, etc. – estão contra você e não é raro o chão desmoronar na sua frente ou os prédios se dobrarem para impedir sua passagem quando se está no Limbo, o que deixa o intervalo entre as pancadarias com demônios tão divertidas quanto o resto do jogo.

Aliás, quanto ao resto do jogo não. Outrora ponto forte da franquia, as big boss battles não tem, nem de longe, a mesma diversão dos outros jogos ou mesmo de destruir as waves de inimigos menores. Os primeiros até que são divertidos, mas só. A própria batalha final contra o oversized Mundus é previsível e relativamente fácil. Mas isso não chega a ser um grande incômodo, até porque a batalha contra os boss menores (em tamanho) são desafiantes e exigem certo domínio de jogabilidade e mesmo não sendo tão divertidas, as batalhas contra os chefões ainda dão um banho em outros jogos.

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Falando em desafio, o jogo é o mais fácil da franquia.  Mas isso não é de todo ruim, já que a lista de jogos da série tem o DMC 3, que é considerado um dos jogos mais difíceis de todos os tempos.  E para os mais ardores os níveis de dificuldade clássicos como Son of Sparda, Dante Must Die, Heaven or Hell e o insano Hell or Hell, onde Dante morre com apenas um hit, estão lá para quem quiser uma experiência ainda mais brutal que o modo padrão (Demon Hunter).

A diversão cai um pouco no final do jogo, mas beeeeeeeeeeem pouco e muito em função da história e dos níveis que você atravessa para chegar ao final do game (que, aproveitando a deixa, é curto demais).  Existe um plot twist um pouco previsível e forçado, mas que tinha que acontecer de qualquer maneira. Qualquer um que conheça a série não vai ser pego de surpresa e já vai estar esperando, mas sob a ótica de alguém que nunca jogou algum jogo da série – em especial o terceiro – pode ser que seja um evento inesperado, mesmo sendo muito rápido e um pouco ‘jogado’ na trama.

DmC: Devil May Cry cumpre com excelência a sua função de rebootar uma das grandes franquias da Capcom – e por que não, do mundo dos jogos – e sem comprometer a alma da série.  Claro que você pode reclamar do novo visual do Dante ou de seu novo status no mundo demoníaco, mas a essência do jogo, aquilo que fez a série Devil May Cry ser o que é hoje, isso não foi mexido. Aliás, foi melhorado.  Esse jogo é um ponto de partida fantástico para o novo Dante e companhia e você precisa jogar e ver isso com seus próprios olhos.

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Nota final

85
Saiba mais sobre os nossos métodos de avaliação lendo o nosso Guia de Reviews.

Prós

  • Personagens bem constituídos
  • História muito bem construída
  • Excelente trabalho de dublagem
  • Combate divertido

Contras

  • Lutas contra chefes deixam a desejar
  • Muito curto
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Tico
Ticohttp://criticalhits.com.br
Redator eventual, podcaster e negro maravilhoso.