Dishonored foi uma franquia que nunca esteve lá dentre as minhas favoritas quando o primeiro jogo dela foi lançado principalmente pelo fato de eu não gostar tanto assim de jogos de stealth. Como faz um bom tempo que eu não tocava na franquia, e como eu comecei a gostar mais desse tipo de jogo graças a pérolas como Deus Ex: Human Revolution, eu achei que seria uma boa dar uma conferida em Dishonored 2. Será que o jogo vale a pena? É o que vamos descobrir.
Em Dishonored 2, quinze anos se passaram após os eventos do primeiro jogo. Quando Corvo e Emily acharam que iriam ter uma vida tranquila e sem problemas, tudo parece começar a dar errado, quando um assassino bastante semelhante a Corvo começa a matar os opositores políticos de Emily e uma suposta tia dela volta a Karnaca para tomar o trono dela. Após um golpe de estado, você tem que escolher entre jogar com Corvo ou Emily, e aí a sua aventura começa.
Dependendo do personagem que você escolher, Dishonored 2 apresenta um desafio diferente. Na verdade, a ideia do jogo é oferecer uma experiência única a cada jogada, mas, para o meu gosto, o jogo acaba falhando em fazer essa experiência ser algo além de diferentes formas de me querer fazer atirar o controle na televisão por dois motivos: problemas de combate e problemas técnicos do próprio jogo.
Começando pelos problemas técnicos, nós temos dois deles: framerate e inteligência artificial do game. A começar pelos de framerate, eles não acontecem toda hora, mas como Dishonored 2 é um jogo sobre perícia e precisão, quando eles acontecem, pode ter certeza que isso significa uma coisa: você provavelmente vai morrer. A quantidade de vezes que eu morri por causa disso foi bem grande, bem grande mesmo, e a cada morte é mais uma vez olhando para a tela de carregamento do jogo, que parece demorar cada vez mais.
Sobre a inteligência artificial do jogo, temos outro problema que acaba transformando o jogo numa coleção de frustrações. A inteligência artificial dos guardas de Dishonored 2 não nem um pouco genial por se dizer, mas de vez em quando, parece até que os guardas têm alguma espécie de diarreia mental onde eles esquecem que estão te enfrentando, ou falham em ir de onde eles estão para até onde você está, ou caindo no meio do caminho (reação normal de quem está nervoso para enfrentar o maior assassino do reino ou a governante legítima dele) ou errando completamente onde você está, às vezes passando por você, às vezes não chegando até onde você está.
É até meio estranho falar sobre isso num jogo de 2016, mas parece que a inteligência artificial dos inimigos ficou pela metade, pois eles esquecem que estão enfrentando você no meio do combate, além dos erros de deslocamento, e isso acaba atrapalhando bastante, já que às vezes você está enfrentando um inimigo e ele decide que tem algo melhor pra fazer, vira as costas e sai ou sai correndo para onde você está de costas. Fora que, quando você enfrenta mais de um inimigo ao mesmo tempo, ainda mais se eles estão te enfrentando em mais de uma direção, isso também acontece e, quando acontece, acaba te colocando em situações bem desfavoráveis e que provavelmente resultam em mais uma morte para a coleção.
O outro problema de Dishonored 2 é o combate. O combate do jogo, desde o primeiro, nunca foi lá essas coisas, e isso significa que você vai acabar morrendo, e muitas vezes, muitas mesmo. Praticamente todo combate contra mais de 2 adversários é uma loteria, e como o sistema de combate não é lá o mais preciso do mundo, com o jogo às vezes detectando os ataques, às vezes falhando em fazer isso, às vezes executando o inimigo e às vezes só arranhando ele, enfim, prepare-se para um mar de frustrações e a sentir-se obrigado a usar o stealth do jogo pelo simples fato de que o combate do jogo é uma droga.
No lado positivo, temos a jornada da personagem Emily. Ela é uma personagem interessante e a aventura dela para reclamar o trono dela de volta é boa, afinal de contas, ela está fazendo a mesma jornada que o pai dela (e o bom e velho enredo da geração mais nova tomando o lugar da geração anterior) fez em Dishonored. Com ela, há desenvolvimento de personagem e algumas boas reflexões. Já com Corvo, o que temos é basicamente um repeteco de Dishonored, mas com um vilão novo.
No mais, o jogo oferece como característica as tais variadas formas de resolver os problemas que ele coloca contra você. No fim das contas, Dishonored 2 é um jogo que premia o jogador curioso, que explora bastante o cenário e que fica carregando e recarregando o save dele para ver como atacar um problema da forma certa. O principal problema que eu tenho com isso é que a impressão que dá é que você não consegue ficar nem 3 minutos seguidos sem precisar recarregar um save, seja porque o inimigo resolveu que o exército inteiro vai te atacar, seja porque você fez alguma coisa errada. Essas quebras constantes na ação realmente acabam tirando a graça e a vontade de jogar.
O pior ainda é quando o jogo resolve usar o auto-save no pior momento possível. Numa parte do jogo, eu havia recém passado no stealth por 5 ou 6 soldados, quando resolvi abrir uma porta e dei de cara com 3 inimigos. O resultado? Eu morri, é claro. O jogo recarregou e me colocou no exato momento em que eu estava abrindo a porta. Se eu fosse pra frente, iria ter que tentar combatê-los de novo. Se eu fosse pra trás, ia acabar chamando a atenção de todo mundo que eu recém passei. Se eu ficasse parado, eu iria acabar chamando a atenção dos dois grupos. E agora, como sair dessa? Pois é.
Graficamente, Dishonored 2 é bonito. O estilo artístico do jogo realmente merece elogios, só é uma pena que o game conte com esses problemas de otimização citados, além dos vários problemas de otimização reportados na versão de PC do jogo. A trilha sonora do game também é muito competente.
Review elaborado com uma cópia do jogo para PS4 fornecida pela publisher.
Resumo para os preguiçosos
Dishonored 2 é um jogo que premia o jogador curioso que tenta resolver o problema das mais diferentes formas. Apesar disso, o jogo peca na inteligência artificial, tem problemas de framerate e tem um sistema de combate tão ruim que você acaba se vendo forçado a ser furtivo, mesmo que não queira.
Prós
- Diversas opções para concluir as missões
- A personagem Emily tem uma campanha bem interessante
Contras
- Problemas de framerate
- Vários bugs de inteligência artificial
- O excesso de vezes que você tem que recarregar uma partida quebram qualquer tipo de ritmo que o jogo tenta estabelecer