Foram 12 anos de espera até Diablo 3 ser lançado, e mais 2 anos para o game se tornar jogável. Pelo menos é o que dizem os fãs mais fervorosos da franquia após o lançamento de Reaper of Souls, a primeira expansão para o terceiro jogo da série. E tenho que concordar com esta opinião; foram tantas as mudanças trazidas pelo “combo” do Patch 2.0 mais a nova expansão, que cheguei a pensar que Diablo 3 esteve em um período beta desde o seu lançamento, em 2012.
Reaper of Souls complementa as muito bem-vindas novidades do Patch 2.0, lançado meses antes da expansão, com a adição de mais um ato para a campanha, a nova classe Cruzado, o level cap subindo para o nível 70, e o novo Modo Aventura. São mudanças que conseguiram melhorar a jogabilidade, diminuir a monotonia do grind infinito, e trazer de volta muita gente que havia abandonado o game pela falta de conteúdo novo. Eu fui um deles.
Minha monja curtia o raro momento de paz em Santuário quando recebeu a notícia de que a vaga para vilão-que-quer-acabar-com-a-humanidade havia sido preenchida. Maltael, o Anjo da Morte, devorava as almas de Hespéria com a mesma voracidade que eu devoro um pacote de Fandangos. Cabia a ela (pelo menos no meu jogo) pegar novamente suas armas e partir pelas ruas estreitas, escuras, e cheias de ratos da cidadela, enfrentando novas hordas de inimigos (e dois novos chefes) até encontrar e derrotar o novo mal supremo.
E é basicamente tudo isso de história que você vai ver no Ato V. Reaper of Souls mantém a história rasa e clichêzenta que vimos na campanha original. E Maltael aparece tão pouco antes do confronto final que nem dá tempo de você se importar com ele. Personagens importantes na série morrem, como de costume, mas não espere muito mais do que isso. A continuação das histórias de seus seguidores soa muito mais interessante do que o roteiro do novo ato.
Se a história continua não sendo o forte de Diablo 3, pelo menos você não será obrigado a revê-la por inteiro a cada vez que for lutar pela chance de conseguir novos itens para o seu personagem. Reaper of Souls introduz um novo modo de jogo, perfeito para o farming após a campanha principal: o Modo Aventura. Nele, você tem acesso a duas novas modalidades de matança de monstros: Caçadas e Fenda Nefalem.
Na primeira, você cumpre determinadas tarefas (ou seja, mata determinados monstros) para conseguir um baú especial com itens, gemas e materiais. Já a Fenda Nefalem é quase um “free for all” em uma área aberta e lotada de monstros, onde você terá que derrotar qualquer inimigo que aparecer pela frente. Novamente, trata-se de mais uma chance para dropar alguns itens lendários ou especiais. Tudo em nome do loot (que, graças ao Patch 2.0 e ao fim da Casa de Leilões, está mais “justo e inteligente”).
O Modo Aventura, somado à liberdade de transição entre qualquer área de qualquer ato, mais a nova configuração de dificuldade (Normal, Difícil, Suplício, Mestre e Supremo), completamente destravada e configurável desde o início, finalmente adiciona os quesitos “diversão e diversidade” ao repetitivo, porém viciante, grind infinito que aprendemos a amar na série Diablo.
Há também um novo herói em Reaper of Souls: o Cruzado, a nova classe que lembra bastante o saudoso Paladino do Diablo 2. Com a capacidade de carregar um escudo enorme de um lado e uma arma de duas mãos no outro, ele mistura muito bem habilidades passivas e de suporte com a força necessária para tornar-se um verdadeiro tanque no campo de batalha. É uma classe bacana, com um visual que se destaca dos outros nefalens, e que vale a pena ser jogada até o nível 70.
E, aliás, aqui também entra outra adição importante da expansão: o novo level cap desbloqueia não só itens mais poderosos, mas também traz novas habilidades ativas e passivas para seus personagens, que podem – e irão – mudar completamente sua estratégia de jogo.
De volta à cidade, há a Mística, um NPC que traz a possibilidade de “transmogrifar” seus itens – ou seja, dar o visual de outro item para o seu, deixando seu personagem muito mais badass. Ou não. De qualquer forma, se a moda de Diablo 3 não te interessar, a Mística também oferece o poder de encantar itens; o que, no meu caso, achei muito mais interessante. Ela te dá a possibilidade de trocar um ou mais buffs de um item por outro melhor ou mais adequado ao seu personagem – de maneira aleatória e com um determinado preço, é claro. Mas o sistema é inteligente, e antes de realizar a “mágica”, te mostra quais são as possibilidades de novos buffs para aquele encantamento. Você pode decidir se continua com o que já tem, ou se arrisca a sorte.
Tudo continua “randômico” em Diablo 3, mas agora a sensação de progresso está muito melhor. Você não corre mais o risco de passar horas e horas clicando sem conseguir ganhar pelo menos um item lendário. Mesmo não sendo necessário comprar o Reaper of Souls para ter acesso às novidades do Patch 2.0, como o novo sistema de loot, a restruturação dos níveis de Paragon, e o fim da casa de leilões, ainda sim a expansão é altamente recomendada, pois adiciona um nível de profundidade, liberdade e, finalmente, um endgame decente para o terceiro jogo da franquia mais famosa dos sete infernos.
A Blizzard também teve o cuidado de manter a altíssima qualidade da localização para o Brasil, ainda que não tenha aceito nosso clamor por servidores no país. A dublagem continua impecável, e mantém Diablo 3 como o único jogo que eu faço questão de jogar em Português.
Desde o lançamento da expansão, no dia 25 de Março, já foram realizados dois eventos especiais com bônus de XP, e a promessa é que muito mais novidades ainda estão por vir (alguém aí citou “Ladders”?). O único grande “contra” que encontrei em Reaper of Souls é o seu preço: apesar de praticamente botar o game em sua “versão final”, achei um pouco pesado cobrar pela expansão os mesmos R$80 do jogo original. Ainda assim, Reaper of Souls é um conteúdo obrigatório para os fãs da franquia.
Resumo para os preguiçosos
Reaper of Souls é a primeira grande expansão de Diablo 3, mas parece mais um “Diablo 3.5”, de tantas boas novidades que trouxe. O loot está melhor, a liberdade está maior, há novas classes, itens, encantamentos e modos de jogo. A conexão com a internet ainda é obrigatória, mas o jogo está muito mais sinistro e gratificante do que antes. Reaper of Souls conseguiu trazer (quase) tudo o que faltava para resgatar os antigos jogadores, e ainda deixar o jogo fácil e interessante o suficiente para atrair novos heróis para eterna batalha entre o bem e o mal em Santuário.
Prós
- O Modo Aventura
- O level cap no nível 70 trouxe itens poderosos e habilidades interessantes
- O Ato V está mais sombrio, apesar de curto
- A “transmogrifação” e os encantamentos dão uma nova cara ao jogo
Contras
- A história continua rasa e previsível
- O preço é um pouco alto para uma expansão
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