Enquanto alguns costumam dizer que “não se fazem mais jogos como antigamente”, outros trazem títulos do passado para os tempos atuais, na tentativa de reavivar as glórias de outrora. Destroy All Humans 2: Reprobed, da Pandemic Studios, é um excelente exemplo disso.
Mas o que fazer quando um determinado jogo não obteve a tal “glória” no passado? Seria melhor manter a experiência o mais fiel possível para ao menos agradar os fãs mais fiéis, ou é mais adequado adicionar algumas pequenas mudanças tentando alcançar um novo público?
Sinceramente acredito que a melhor resposta para esta pergunta seja: depende. No caso de Destroy All Humans 2: Reprobed, a Pandemic Studios parece ter acertado em cheio.
O primeiro jogo da série, relançado em 2020, conseguiu recontar a história de Crypto e sua tentativa de dominar a raça humana de maneira bem satisfatória. Assim como nas versões originais, a sequência altera drasticamente o modelo de gameplay, trocando as mecânicas para algo mais parecido com a exploração de mapas abertos, com um tiquinho de liberdade e muita destruição.
Destroy All Humans 2: Reprobed tem a vantagem de se encaixar perfeitamente nos tempos atuais. Não me refiro ao nome do protagonista ser Crypto e ao fato dele também tentar dominar o mundo mas ser derrubado constantemente pela ação de governos orientais. Me refiro especificamente à forma como o jogo trata a percepção enviesada da população sobre aspectos sociais, aceitando de bom grado o sofrimento e a dominação, desde que corresponda com aquilo que acreditam.
A maior prova de que Destroy All Humans 2 – a versão original, estava a frente de seu tempo é a frase mostrado logo no início do jogo, onde a desenvolvedora deixa claro que apesar da modernização para as plataformas atuais, o jogo continua sendo praticamente o mesmo. Quase nada foi modificado em relação à versão de 2006, o que torna o processo de reviver a jornada de Crypto em algo familiar e inédito, simultaneamente.
Sendo assim, não vou me ater a falar de aspectos do enredo ou do desenrolar da história, já que isso praticamente não muda. Concentrarei minha crítica onde acho que realmente importa: a adaptação aos consoles modernos.
No que diz respeito aos gráficos, Destroy All Humans 2: Reprobed é muito mais bonito do que eu esperava. Apesar de não se comparar ao visual de outros títulos “”similares”” – perceba as aspas duplas, caro leitor, como os reboots recentes de Rachet & Clank, o visual de Crypto e de suas armas mirabolantes agradam, principalmente quando vemos a confusão de luzes, explosões e o caos completo ao interagir com o cenário.
Sinto-me seguro ao dizer que por mais purista que alguns fãs do jogo originais possam ser, experimentar os novos gráficos de Destroy All Humans 2: Reprobed por si só tornam a nova experiência em algo que vale a pena. É hipnotizante tentar acompanhar tudo que acontece na tela ao mesmo tempo e um tanto quanto desnorteante ficar de olho em todos os efeitos que você pode causar ao mesmo tempo em seus inimigos.
Destruir a propriedade alheia é extremamente divertido. Eletrocutar agentes da KGB, hippies e transeuntes é satisfatório – apesar do redator não concordar com a violência exacerbada de quem quer que seja, e destruir o cenário, seja a pé ou a bordo de sua nave, é muito, mas muito prazeroso.
Apesar das mecânicas originais do jogo não terem envelhecido muito bem e terem sido adaptadas fielmente à Destroy All Humans 2: Reprobed, o game se sustenta a consegue manter o interesse. Talvez o maior desafio dessa nova versão seja manter a relevância quando temos jogos de mundo aberto onde a exploração e a liberdade do jogador são muito mais proeminentes, mas Destroy All Humans 2: Reprobed ainda consegue divertir, mesmo que você não sinta a mesma vontade de sair andando por aí só para descobrir tudo que tem no mapa.
Na minha opinião, a melhor característica de Destroy All Humans 2: Reprobed são os múltiplos mapas. Algo que era mais comum graças a uma série de limitações de antigamente e que hoje foi sumariamente substituído por um grande mapa, com várias áreas.
No caso de Destroy All Humans 2: Reprobed, o jogador tem a oportunidade de explorar mapas mais comedidos e modestos em tamanho e, antes que consiga enjoar das mesmas ruas e pessoas, o jogo te joga para outra parte do mundo, onde tudo é praticamente a mesma coisa mas diferente ao mesmo tempo.
Está mecânica de gameplay que como já citada acima, possivelmente se popularizou no passado devido à algumas limitações dos consoles mais antigos, se mostra hoje como uma excelente alternativa para os mapas de mundo aberto, onde apesar de o tamanho e da exploração em potencial serem extremamente atrativas, a falta de variedade, de renovação e senso de novidade nos faz sentir enjoados um num marasmo que às vezes chega a ser tão grande quanto o próprio mapa do jogo!
Mesmo que tenha comentado acima que não focaria nos aspectos de enredo, é impossível não mencionar como apesar de ser divertido e tudo mais, este também é um dos pontos mais fracos de Destroy All Humans 2: Reprobed. A jornada de Crypto enquanto tenta recuperar sua influência e poder sobre os humanos é interessante no começo e consegue aliar boas doses de tensão com galhofa. Porém, o equilíbrio se perde em algum momento e as coisas começam a ficar só… sem graça.
É importante dizer que em 2006, alguns sites afirmavam que a forma como Destroy All Humans 2 contava sua história era extremamente divertida e inovadora – o que era de fato. O problema é que ela não envelheceu tão bem e isso acaba pesando na experiência final devido à louvável escolha da Pandemic em manter a experiência original.
De qualquer forma, se você consegue abster alguns momentos e tem como foco um jogo que te permita sair destruindo tudo que aparece pela frente, Destroy All Humans 2: Reprobed é com certeza uma ótima pedida. Tanto as armas e missões, quanto a própria progressão do jogo foram projetadas para te permitir proporcionar o maior caos que conseguir. Quanto mais você domina os controles do jogo, mais destruição consegue obter e mais divertido o jogo fica.
Aliás, os controles do jogo também estão refinadíssimos e conseguem ser ainda melhores do que o primeiro relançamento. Principalmente no controle da nave de Crypto, que não recebeu muita atenção anteriormente e soava bem esquisito por apresentar uma forma de controlar um tanto quanto “batida” para os dias atuais.
Em termos gerais, Destroy All Humans 2: Reprobed é um jogo divertido e bastante competente, principalmente no que diz respeito a adaptar uma experiência de 2006 para modelos mais atuais e ainda assim ser capaz de manter um produto final coeso, interessante e que pode agradar tanto aos fãs de longa data quanto à quem nunca ouviu falar de Crypto e suas sondas anais destruidoras.
Review elaborado com uma cópia do jogo para PS5 fornecida pela publisher.
Resumo para os preguiçosos
Destroy All Humans! 2 – Reprobed é mais uma excelente adaptação da série pela Pandemic Studios, que teve sucesso em trazer o título de 2006 para a atual geração. Com gráficos bem impressionantes e uma gameplay divertidíssimo, Destroy All Humans! 2 – Reprobed pode até não ser o melhor exemplo de enredo interessante, mas cativa pela destruição e pela forma que permite ao jogador criar caos desenfreadamente.
Prós
- Gráficos atualizados e muito bonitos;
- Controles refinados e fáceis de dominar;
- Caos!
- Múltiplos mapas que mantém o jogo interessante
Contras
- Enredo envelheceu mal;
- Alguns pequenos bugs aqui e ali.