Chrono Cross é um dos jogos mais ambiciosos da geração do PS1, primeiro por ser a continuação de um jogo que tanto mídia quanto crítica na época consideravam perfeito: Chrono Trigger, e em segundo lugar por ter uma quantidade impressionante de personagens. Passados todos esses anos de seu lançamento, a Square Enix finalmente realizou o sonho de muitos fãs e lançou uma versão remasterizada dele, intitulada de Chrono Cross Radical Dreamers Edition. Será que ela vale a pena?
Em Chrono Cross, você controla Serge, um jovem de 17 anos que que acabou caindo numa realidade alternativa do mundo em que ele morava. Nessa realidade alternativa, ele descobre que ele não existia mais, pois havia morrido cerca de 10 anos atrás.
Agora, com a ajuda de Kid, uma jovem ladra de 16 anos que está em busca da vingança contra Lynx, você deve explorar o arquipélago El Nido e buscar novos aliados e descobrir como Serge fará para voltar ao seu mundo.
A princípio, a conexão de Chrono Cross com Chrono Trigger parece inexistente, mas conforme a história do jogo vai se desenrolando, você descobre como esses dois jogos se conectam. Para não dar spoilers de como a história se desenrola, não iremos revelar o que acontece, mas é importante notar que a história do jogo é uma excelente história.
Apesar de possuir diversos personagens, Chrono Cross consegue integrá-los muito bem à trama, alguns esbanjando carisma e outros nem tanto, mas você sente que eles não estão ali só pra “encher linguiça”, cada um tendo seu propósito e contribuindo para enriquecer o jogo ainda mais.
Como este é um jogo de 1999, Chrono Cross se apresenta como um JRPG das antigas, ou seja, você tem que conversar bastante, andar pelos mapas, enfrentar inimigos, abrir baús de tesouro e depois de tudo isso provavelmente vencer um chefe ou mais.
Além disso, como em jogos da Square do passado, o game ainda conta com algumas tiradas de humor bem interessantes, principalmente quando apresenta seus vilões e alguns personagens que colaboram com a sua história.
O sistema de combate de Chrono Cross funciona num esquema de combos. Cada personagem tem 3 tipos de ataque físico, um fraco, um médio e um mais forte. Quanto mais forte o golpe, menor a probabilidade de você acertar o golpe, só que ele também gasta mais pontos de stamina. Conforme você atinge mais golpes, a probabilidade de todos eles aumenta. Dessa forma, o jogo recomenda no início você começar com um golpe fraco, se ele encaixar ir para um médio e então finalizar com um forte.
Além disso, o jogo também conta com um sistema de elementos que funcionam como cores. Ao todo, há seis cores, e cada personagem tem facilidade com um elemento em específico. Ao usar uma magia com uma cor, ela vai parar numa elipse com 3 espaços, e quanto mais cores iguais essa elipse tem, mais forte as magias que você usa.
No mais, conforme você vai lutando, seus status vão aumentando, seja em incrementos pequenos, como ganhar 1 ponto de HP num combate menor, seja ganhando um nível mesmo ao enfrentar e derrotar um chefe.
No geral, Chrono Cross é um jogo muito divertido ainda hoje, e conta com uma história cativante e intrigante também, que vai fazer você não querer desgrudar da plataforma em que você estiver jogando a The Radical Dreamers Edition, e felizmente essa edição traz algumas melhorias de qualidade de vida que ajudam bastante a aproveitar melhor o jogo.
Dentre as melhorias em questão, temos o mesmo pacote que a Square Enix adicionou nos relançamentos de Final Fantasy 7, 8 e 9, ou seja, a possibilidade de desligar encontros aleatórios, aumentar a velocidade dos mesmos e também recuperar a energia instantaneamente e usar habilidades sem custo.
Dessas melhorias, a que melhor beneficia o jogo certamente é acelerar a velocidade dele, afinal de contas, é possível navegar tanto no mapa quanto pelas batalhas de maneira bastante efetiva, já que o jogo original era um tanto arrastado em alguns pontos.
Outra novidade também é que o jogo conta com dois modos de vídeo, um com novos gráficos, que ficaram muito bonitos, tanto nos modelos quanto nas ilustrações, ou também o modo clássico, que é basicamente o jogo rodando com os gráficos originais de PS1 sem filtro nenhum e com as bordas quadriculadas ou “crocantes”. Em ambos os casos, é possível usar o enquadramento original do jogo, ou seja, 4:3, mas também em widescreen, ou ainda com zoom na imagem.
Fora isso, Chrono Cross: The Radical Dreamers Edition ainda conta com o jogo Radical Dreamers, que foi lançado originalmente no serviço Satelaview do Super Nintendo, e que é o jogo que inspirou Chrono Cross, já contando com personagens como Serge, Kid e companhia. Vale ressaltar, entretanto, que esse é um RPG de texto, quase sem imagens, e que está ali mais pra curiosidade e preservação do que realmente como algo que seja bem divertido de se jogar.
Graficamente, o trabalho colocado em cima de Chrono Cross deixou o jogo bonito. Claro, ainda estamos falando de um jogo de 1999, e como essa é uma remasterização, não dá pra esperar gráficos atuais, mas pra um jogo clássico, o trabalho ficou bem legal. Porém, é bom ressaltar que pelo menos no Nintendo Switch, plataforma onde eu testei o jogo, ele apresentou alguns slowdowns.
O mais engraçado de tudo é que esses slowdowns foram bem onde o jogo costumava ficar meio lento na época do PS1, então pode, ser questão de emulador mal configurado, se o jogo usa emulação pra funcionar mesmo.
A trilha sonora do jogo continua excelente, e o único porém aqui é lamentar que ele não veio legendado em português, mesmo após toda a campanha que os fãs fizeram para tanto.
Mas e aí, Chrono Cross: The Radical Dreamers Edition vale a pena?
Chrono Cross: The Radical Dreamers Edition é uma edição que honra as origens do jogo, trazendo melhorias de qualidade de vida e melhorias gráficas. Se você se apaixonou pelo jogo no final dos anos 90 e começo dos anos 2000, você certamente vai adorar revisitá-lo agora. Só é uma pena que o game não ganhou opção em português.
Review elaborado com uma cópia do jogo para Nintendo Switch fornecido pela publisher.
Resumo para os preguiçosos
Chrono Cross: The Radical Dreamers Edition é uma edição que honra as origens do jogo, trazendo melhorias de qualidade de vida e melhorias gráficas. Se você se apaixonou pelo jogo no final dos anos 90 e começo dos anos 2000, você certamente vai adorar revisitá-lo agora. Só é uma pena que o game não ganhou opção em português.
Prós
- Os gráficos refeitos ficaram bonitos e encaixam bem com o jogo
- Ótima história
- Personagens carismáticos
- Boa trilha sonora
Contras
- Faltou o jogo vir com diálogos e menus em português