Call of Duty: Black Ops 7 (Campanha) – Análise – Vale a Pena – Review

Call of Duty: Black Ops 7 tinha uma missão complicada desde o começo: mostrar que conseguiria entregar uma boa campanha um ano após o bom Black Ops 6, e que não iria repetir a história de Modern Warfare 3 após o lançamento de Modern Warfare 2, ou seja, uma campanha simples, curta, parecendo mais uma DLC e que serviu para não deixar ter nada naquele ano pois a máquina da maior franquia do mundo do videogame precisava continuar girando. Mas será que o jogo consegue?

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Call of Duty: Black Ops 7, você controla o David Mason, soldado da JSOC, um braço anti-terrorismo do exército americano, e deve impedir que o ressurgimento de Raul Menéndez, agora liderando uma organização terrorista chamdada de A Guilda, signifique o caos para o mundo todo.

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Call of Duty: Black Ops 7 (Campanha) - Análise - Vale a Pena - Review

O começo da campanha é bastante normal, com você enfrentando soldados, avançando atrás de objetivos e assim por diante, mas logo ela entra numa viagem completamente diferente do que parecia a princípio, quando a terrorista Emma Kagan libera uma substância alucinógena que faz o seu grupo de soldados alucinarem com missões do passado da franquia de Black Ops e com seus principais medos, e aí o jogo entra em missões onde você precisa enfrentar plantas gigantes, zumbis, aranhas e assim por diante, tudo isso representando não só os medos deles, mas de personagens clássicos da franquia.

A escrita da campanha de Black Ops 7 é no mínimo fraca. Ela é bastante previsível e não chega a possuir momentos de destaque positivo, mas ela meio que sintetiza o que é a campanha do jogo: ela joga no seguro, não arrisca em nada e dificilmente vai surpreender fãs dessa série com alguma grande revelação. Os personagens dela também não são nada demais e como a campanha é bem curta, durando cerca de 6 horas, há poucas oportunidades para algum desenvolvimento pessoal dentro do jogo também.

Apesar da escrita do jogo não ser lá grande coisa, ela é bem melhor do que as fases da campanha em si. Mais da metade dos estágios são basicamente mapas de Warzone reaproveitados para esse modo, com você indo de um lugar ao outro e atirando nos inimigos, encontrando um veículo aqui, outro ali, correndo daqui pra lá, usando as habilidades dos personagens assim como no modo multiplayer do jogo e assim por diante.

Vindo de uma franquia que já apresentou missões com você controlando jatos, caçando em baixo da água e até mesmo no espaço, dá para ver que Black Ops 7 é realmente um jogo “de baixo orçamento” e até mesmo com um desenvolvimento apressado se comparado com outros jogos da franquia.

O ritmo da campanha também não é lá essas coisas. As “missões Warzone” são facilmente as mais fracas, parecendo estar ali apenas para servir como recheio e deixar a campanha um pouco maior do que ela seria se só as “missões de verdade” (mais parecidas com as campanhas tradicionais de Call of Duty) existissem. Ainda assim, as “missões Warzone” são melhores do que as da campanha de Modern Warfare 3 (não que isso diga alguma coisa) mas também não chegam a apresentar nada de grandioso nelas.

As missões “Call of Duty” do jogo geralmente envolvem as alucinações da neurotoxina central do enredo do game. Essa neurotoxina parece bastante com a que o Espantalho usa na franquia do Batman, ou seja, você vê coisas que não estão ali, precisa enfrentar inimigos que não são reais e assim vai. Essas missões em alguns momentos ajudam a dar uma quebrada no ritmo maçante da campanha, como numa das fases onde você começa sem armamento nenhum numa campanha e precisa tentar se esgueirar pelos inimigos sem ser visto, mas mesmo essas missões sendo uma alucinação, o pensamento de “o que fizeram com Call of Duty” é constante, já que a desenvolvedora forçou bastante a barra na hora de colocar zumbis, aranhas, inimigos gigantes e outras coisas à sua espera. Parece qualquer coisa, menos Call of Duty.

 

É importante ressaltar aqui algo: toda a campanha é feita em cima dos sistemas de multiplayer que Call of Duty usa atualmente. Ou seja, você tem especiais, tem habilidade secundária, tem scoretreaks para usar em momentos em específico (e sem dar spoilers, mas quando você começa a usar eles é numa das batalhas mais ridículas e constrangedoras da franquia) e toda a mobilidade de pulos em parede, deslizadas e tudo mais. No fim das contas, a campanha serve como um grande tutorial do que o jogo tem a oferecer nos modos multijogador para quem parou de jogar a franquia há 5 ou 6 anos ou mais e decidiu cair de paraquedas aqui.

Call of Duty: Black Ops 7 (Campanha) - Análise - Vale a Pena - Review

A cada duas missões, mais ou menos, você precisa enfrentar chefes dentro da campanha, seja dentro das alucinações, seja inimigos de verdade, e sinceramente? Não tem um chefe bom dentro do jogo. Há inimigos gigantes como o zumbi que ficou infame no clipe do Twitter, há uma planta gigante também, e comandantes adversários que você deve enfrentar num espaço como um posto de gasolina ou galpões de algo parecido com uma doca.

As batalhas contra os monstros são fracas, mas pelo menos acontecem algumas coisas de diferente nelas, parecendo até que você está enfrentando algum monstro de Resident Evil ou Doom, e fazem elas parecerem boas se formos compará-las com as batalhas contra os humanos. Essas sim são ruins, pois para não acabar com a vida dos adversários rapidamente, o jogo basicamente transforma os inimigos em esponjas de tiro que teletransportam após eles levarem alguns tiros, fazendo você repetir o mesmo tipo de confronto 15 ou 20 vezes até vencer o adversário.

Além desses dois tipos de chefe, você ainda enfrenta robôs, torretas ou Vtols em alguns momentos, em combates onde envolve você usar um PEM para tirar o escudo deles e atirar feito um doido enquanto esse escudo está baixo para repetir essa mecânica até a vida do inimigo acabar. Ou seja, mais um exemplo de como a campanha é feita com o mínimo de esforço possível, já que essa situação se repete umas 4 vezes durante a campanha.

Antes de você começar a campanha de fato, o jogo já avisa que ela é uma campanha co-op, ou seja, feita para você jogar com outras pessoas, e se você quiser jogar sozinho, você até pode, mas uma campanha que já era bem mais ou menos com outras pessoas acaba se tornando verdadeiramente chata assim, e o pior de tudo é que a Treyarch simplesmente dificultou tudo o que ela podia na hora de tornar esse aproveitamento de uma já fraca campanha melhor.

Se você começa a campanha num grupo e alguém cai, você continua o resto da fase com um jogador a menos, sem ninguém entrar para preencher o grupo e sem a possibilidade de um bot assumir esse posto. Se a sua conexão cai ou você precisa sair da fase por algum motivo, o jogo não guarda o progresso onde você está e você é obrigado a jogar a fase desde o começo.

Durante esse review, eu precisei refazer a terceira fase umas 3 vezes, a primeira pois eu achei que a fase tivesse acabado e saí, quando na verdade era uma transição de um mapa dela para outro. Depois disso, faltou luz aqui em casa duas vezes e eu acabei perdendo o progresso que havia conseguido nela. Quando eu finalmente consegui chegar ao fim da fase, eu já sabia tudo o que acontecia e já estava torcendo para chegarmos logo ao fim dela.

E tudo isso o que eu comentei foi caso você comece com um grupo cheio de 4 jogadores. Se você começa com dois, e aconteceu mais de uma vez comigo, e o outro jogador sai, azar o seu, vai ter que completar a missão sozinho, e o matchmaking só vai aparecer quando você fizer isso. Se a pessoa cai no meio da partida, por exemplo, você fica diante de uma escolha difícil: sair pra encontrar um grupo e começar tudo de novo ou aguentar o resto da fase que não foi feita para você jogar sozinho tendo que jogar assim?

Eu sinceramente não sei se foi falta de tempo ou se foi uma decisão consciente da desenvolvedora do jogo, mas o resultado final é bem ruim para o jogador, pois novamente, em grupo, a campanha de Black Ops 7 não é tão ruim assim, mas sozinho, ela vai do maçante ao ruim muito rapidamente.

Graficamente, o jogo não chega a ser feio. A movimentação das cutscenes é estranha, com os personagens parecendo bem robóticos, principalmente na abertura do jogo, mas felizmente eu não encontrei nenhum problema de performance ou algo que mereça ser mencionado nessa área.

Por fim, temos a trilha sonora do jogo, que, sem brincadeira, é uma das piores que eu já ouvi. O tema dos enfrentamentos é um bumbo duplo sem sentido que mais incomoda do que faz qualquer coisa, e o resto da trilha é totalmente esquecível. Para completar, o jogo conta com dublagem em diversos idiomas, incluindo o português, mas eu preferi jogar em inglês para acompanhar a atuação do Milo Ventimiglia e do Michael Rooker no jogo, que é um verdadeiro desperdício do talento deles, diga-se de passagem.

Mas e aí, a campanha de Call of Duty: Black Ops 7 vale a pena?

Call of Duty: Black Ops 7 (Campanha) - Análise - Vale a Pena - Review

A campanha de Call of Duty: Black Ops 7 é facilmente uma das piores que a Activision já publicou na série, fazendo até mesmo jogos que tinham virado piada entre os fãs, como Call of Duty: Ghosts, parecer bons. O jogo varia entre o maçante e constrangedor e o sistema de matchmaking do coop obrigatório mais dificulta a vida do jogador do que ajuda. Em grupo, a experiência não é tão ruim assim, mas há tantas experiências coop melhores que simplesmente não tem como recomendar o jogo.

Review elaborado com uma cópia do jogo para Xbox Series S via Game Pass.

Resumo para os preguiçosos

Call of Duty: Black Ops 7 apresenta uma campanha que tenta seguir o bom desempenho do jogo anterior, mas acaba tropeçando em quase todas as áreas. A história, centrada em David Mason e no retorno de Raul Menéndez, até começa como uma típica missão militar, mas rapidamente descamba para sequências alucinadas e desconexas, introduzindo monstros, zumbis e elementos que destoam completamente da identidade da franquia. Esses trechos, somados ao uso pesado de mapas reciclados de Warzone, revelam uma produção apressada e de baixo orçamento, comprometendo o ritmo e a coerência da campanha.

O design das fases, os chefes sem inspiração e o sistema de cooperação obrigatório tornam a experiência ainda mais frustrante, principalmente para quem joga sozinho. A ausência de reposição automática de jogadores, a falta de salvamento em trechos intermediários e inimigos transformados em verdadeiras esponjas de dano tornam cada missão mais cansativa do que envolvente. Somando isso à trilha sonora fraca, cutscenes com animações estranhas e uma dublagem desperdiçada, Black Ops 7 entrega uma das campanhas mais mal recebidas da série, difícil de recomendar mesmo para fãs de longa data.

Nota final

30
Saiba mais sobre os nossos métodos de avaliação lendo o nosso Guia de Reviews.

Prós

  • Bom sistema de movimentação
  • Boas atuações de Milo Ventimiglia e Michael Rooker

Contras

  • Campanha sem inspiração nenhuma
  • Combates com chefes sem graça
  • Design preguiçoso de fases
  • Matchmaking mais atrapalha que ajuda
  • Uma das piores trilhas sonoras que eu já vi num jogo
Eric Arraché
Eric Arrachéhttps://criticalhits.com.br
Eric Arraché Gonçalves é o Fundador e Editor do Critical Hits. Desde pequeno sempre quis trabalhar numa revista sobre videogames. Conforme o tempo foi passando, resolveu atualizar esse sonho para um website e, após vencer alguns medos interiores, finalmente correu atrás do sonho.