Bayonetta Origins: Cereza and the Lost Demon é o mais novo capítulo da franquia da bruxa mais famosa do mundo dos games. Com uma proposta completamente diferente da qual estamos acostumados nessa franquia, o jogo tem como objetivo contar como Cereza tornou-se a Bayonetta, enquanto apresenta uma jogabilidade diferente. Mas será que os fãs de Bayonetta “clássico” vão gostar de Cereza and the Lost Demon?
Em Bayonetta Origins: Cereza and the Lost Demon, você controla Cereza, a bruxa que viria a se tornar a Bayonetta, durante a infância dela. Cereza foi o fruto de união de uma Bruxa Umbra e um Sábio Lumen, e por causa disso acabou sendo completamente rejeitada pelas bruxas, enquanto que a mãe dela foi presa como punição por a ter concebido.
Logo no começo do jogo, você descobre que Bayonetta conseguia visitar a mãe dela de vez em quando, mas que após ela ser transferida de prisão, essas visitas se tornariam impossíveis, então ela redobra os esforços dela para tornar-se uma bruxa poderosa e assim um dia conseguir libertar a própria mãe das correntes que a prendem.
Para isso, ela se tornou aprendiz de Morgana, outra bruxa que também foi exilada da tribo das Bruxas Umbra, mas logo descobrimos que a Bayonetta poderosa e cheia de confiança que o primeiro e os demais jogos da série apresentam dá lugar a uma garotinha medrosa e que não confina absolutamente em nada nela.
O começo do jogo, que acaba sendo uma introdução de quase uma hora, mostra algumas mecânicas básicas do game, mas serve muito mais para dar uma noção de como era a vida de Cereza quando jovem. Ela não era uma bruxa com proficiência, e vivia arranjando confusões com a mentora dela, apesar de gostar bastante do que ela estava aprendendo.
Durante essa etapa da vida, Cereza sempre tinha o mesmo sonho, que ela devia ir à floresta das Fadas e receber o poder de um lobo branco que vivia lá. Pois bem, após fracassar em invocar um demônio, Cereza se enche de coragem e vai até lá, mesmo sabendo que ela seria facilmente morta pelas fadas.
Logo de cara, você meio que é emboscado no lugar e Cereza tenta novamente invocar um demônio, que acaba possuindo Cheshire, o gato de pelúcia estudado que ela havia ganho da mãe anos antes. Agora, com um companheiro que não quer nem um pouco estar ali com você, mas que acaba sendo forçado a isso, você deve encontrar esse Lobo Branco para obter o poder que Cereza busca para salvar a própria mãe, e encontrar uma saída dessa floresta, que é um verdadeiro labirinto.
Depois dessa introdução imensa, Bayonetta Origins: Cereza and the Lost Demon finalmente começa, e como o jogo funciona? Bom, de uma maneira que sinceramente me custou um pouco de tempo até eu me acostumar com o jogo.
Como Cereza e Cheshire são os dois personagens principais da história, a Platinum Games teve a brilhante ideia de dar a você a tarefa de controlá-los simultaneamente em praticamente todos os momentos. Cereza é controlada pelo analógico e botões superiores da esquerda, enquanto Cheshire é controlado pelo analógico e botões superiores da direita.
O resultado disso é que durante combates, desafios e sessões de navegação, você deve controlar os dois personagens simultaneamente na maior parte do tempo, e se isso parece difícil, bom, é por que é. A maioria dos inimigos que você vai encontrar no jogo não chegam a ser tão difíceis assim de se enfrentar, e muitos deles acabam meio que sugerindo fortemente que você use um trabalho em equipe básico entre Cereza e Cheshire, com Cereza usando a magia de vinhas dela para imobilizar o inimigo e Cheshire retalhando ele com ataques.
Conforme você avança pelo cenário, novos inimigos diferentes, todos diferentes tipos de Fada, vão aparecendo, e dependendo do inimigo, você tem que fazer alguma coisa diferente para enfrentá-lo, mas geralmente não fugindo muito da dinâmica que eu comentei mais acima.
Além desse desafio, a outra parte de Bayonetta Origins: Cereza and the Lost Demon resume-se basicamente a avançar pelo cenário em desafios que envolvem você coordenar os personagens em diferentes momentos, com Cereza fazendo plantas brotarem e Cheshire quebrando raízes ou puxando coisas com a língua dele.
Além dos desafios de combate e de exploração, o jogo ainda conta com áreas especiais chamadas de Tir na Nog, que podem ser de duas formas basicamente: desafios onde você deve derrotar os inimigos que vão aparecendo, e em alguns casos com alguma limitação em especial como vencer todo mundo antes do tempo acabar ou só inimigos imobilizados pela Cereza tomam dano, e também outros onde você deve conseguir coordenar ambos os personagens para chegar ao final do desafio antes de ser engolido por uma escuridão misteriosa, por exemplo.
Esses desafios de fuga são bem mais difíceis do que os de combate, ou pelo menos foram para mim. É bem difícil conseguir fazer a cabeça funcionar a fazer duas coisas simultaneamente, ainda mais se Cereza está do lado direito da tela e é controlada pelo analógico esquerdo e Cheshire ao contrário. Em alguns momentos, por exemplo, coisas que você faz do lado do Cheshire afetam a tela da Cereza, então você tem que ir sincronizando tudo para dar certo enquanto a escuridão está bufando no seu pescoço.
Conforme você vai avançando no jogo, você finalmente encontra o Lobo, e vai descobrindo novas habilidades elementais para Cheshire que possibilitam a você explorar novas partes do cenário, e interagir com itens dele que você não podia interagir anteriormente, abrindo novos pontos do mapa para você explorar.
No fim das contas, quando você está na parte de gameplay de Bayonetta Origins: Cereza and the Lost Demon, o jogo é bem divertido e cheio de ideias que fogem da mesmice de jogos de exploração isométricos. Nem todas funcionam direito, e eu sinceramente não sei se isso aconteceu apenas comigo, mas controlar dois personagens ao mesmo tempo é mais cansativo do que parece, ainda que tenha sido uma experiência bem legal jogar algo que não é simplesmente mais um jogo de andar, resolver puzzles parecidos e socar tudo o que eu vejo pela frente até o final do jogo.
Outro problema que eu encontrei no jogo infelizmente foi no ritmo dele. O começo do jogo é arrastado demais, e mesmo quando o jogo engrena, ele ainda assim tem muitas interrupções de conversa e narração, que acabam cansando em demasia e até dando sono. Tudo bem que eu estava jogando o jogo já cansado no final do dia em mais de uma vez, mas teve pelo menos uma ou duas que eu dei umas pescadas e quase peguei no sono na frente do videogame por causa desse ritmo quebrado.
Graficamente, Bayonetta Origins: Cereza and the Lost Demon é um jogo com um estilo de arte de Cell Shaded que eu sinceramente não sei se gostei. O estilo é interessante, mas parece meio feio às vezes, dando a impressão de que estamos jogando um dos vários jogos Cell Shaded do Nintendo DS que recebeu um upcsale. Felizmente, não há problemas de performance no jogo, mesmo quando a tela está cheia de inimigos.
Para completar, a trilha sonora do jogo é boa, e a dublagem ficou bem legal. Mesmo jovem e indefesa, Cereza continua sendo o carisma em pessoa, e Cheshire ficou bem legal também. Só é uma pena que este é mais um jogo da Nintendo que esqueceu que o Brasil existe e veio sem legendas em português.
Mas e aí, Bayonetta Origins: Cereza and the Lost Demon vale a pena?
Bayonetta Origins: Cereza and the Lost Demon é um jogo bem interessante e cheio de ideias que mesmo que não sejam totalmente originais, acabam sendo bem diferente do que estamos acostumados no gênero.
Fãs de Bayonetta provavelmente vão estranhar tanto a mudança na jogabilidade quanto na personalidade da protagonista da série, mas sinceramente? É um capítulo bem legal da história dela, e se você tiver um cérebro que consiga fazer multitask durante o jogo, você provavelmente vai se sair bem e gostar dele.
Review elaborado com uma cópia do jogo para Nintendo Switch fornecida pela publisher.
Resumo para os preguiçosos
Bayonetta Origins: Cereza and the Lost Demon é um jogo bem interessante e cheio de ideias que mesmo que não sejam totalmente originais, acabam sendo bem diferente do que estamos acostumados no gênero.
Fãs de Bayonetta provavelmente vão estranhar tanto a mudança na jogabilidade quanto na personalidade da protagonista da série, mas sinceramente? É um capítulo bem legal da história dela, e se você tiver um cérebro que consiga fazer multitask durante o jogo, você provavelmente vai se sair bem e gostar dele.
Prós
- Jogo cheio de ideias que não caem na mesmice e bem desafiante
- Bayonetta continua sendo muito carismática
- Uma boa história de origem
- Diversos bons desafios no jogo
Contras
- Controlar dois personagens às vezes é bem complexo e trava o cérebro
- Ritmo de jogo arrastado e quebrado em várias partes
- Os gráficos poderiam ser melhores
- Sem legendas em português