A franquia Assassin’s Creed tem tantos capítulos que é difícil encontrar alguém que tenha jogado todos eles e conheça a longa história da ordem dos Assassinos e dos Templários, e cá estamos em mais um estágio dessa saga. Com Assassin’s Creed Odyssey, a Ubisoft tem o objetivo de recriar o mundo da Grécia Antiga e continuar a renovação da franquia iniciada em Assassin’s Creed Origins. Será que eles conseguem essa tarefa?
Em Assassin’s Creed Odyssey, você tem a opção de jogar com um de dois irmãos, ou Kassandra ou Alexios. Ambos acabaram renegados pelo próprio pai, um general espartano que foi obrigado a sacrificar Kassandra pois esta havia sido a profecia do Oráculo, e agora, diversos anos depois deste evento traumático, têm seus destinos se cruzando novamente numa aventura que pode mudar completamente o destino da Guerra do Peloponeso e do Mundo Grego como um todo.
Como de costume, a Ubisoft fez um excelente trabalho em recriar o mundo no qual o jogo se situa, e é bem interessante andar pela Grécia Antiga explorando as cidades e dando de cara com monumentos dos quais a gente só ouviu falar a respeito nos livros de história. Nesse sentido, a ambientação está realmente excelente.
Mas como descrever Assassin’s Creed Odyssey? Se fôssemos ser bastante simplistas, dava pra dizer que Assassin’s Creed Odyssey é uma mistura de Assassin’s Creed IV, Dark Souls e The Witcher 3. Pegue o sistema de quests de The Witcher 3, coloque parte do combate de Dark Souls no jogo (mas bem mais fácil do que o do jogo da From Software, apenas a essência de atacar, bloquear e rolar mesmo) e adicione os elementos de furtividade de Assassin’s Creed IV com os combates navais deste jogo. Este é Assassin’s Creed Odyssey num resumo bem grosseiro e, diferente de Assassin’s Creed Origins, a Ubisoft desta vez acertou na mão em conseguir trazer as influências de outras franquias para a sua.
Além destes jogos, Assassin’s Creed Odyssey ainda conta com uma pitada de Shadow of Mordor, já que o jogo também conta com um sistema de nêmesis semelhante ao do jogo da Warner Bros. Como você deve saber, o trabalho de um Assassino nem sempre está dentro da lei (na verdade nunca está, né) e os seus inimigos começarão a mandar mercenários para caçar você por todo o mundo grego, seja para pagar por seus crimes (como roubar dinheiro de pessoas na rua ou matar guardas) ou até mesmo para impedir que você realize os seus objetivos, como matar um político importante, tomar uma fortaleza do inimigo e assim por diante.
Ainda falando um pouco sobre o sistema de mercenários do jogo, como você também é um mercenário, o seu nível vai subindo conforme você elimina mercenários inimigos, e isso vai acabando desbloqueando recompensas monetárias dentro do jogo, com descontos nos ferreiros e assim por diante.
Assim como em Assassin’s Creed Origins, Assassin’s Creed Odyssey também funciona num esquema de quests por nível, mas felizmente o jogo atual segue uma progressão de nível bem mais tranquila de se seguir. Aqui, dificilmente eu estive abaixo do nível recomendado para as missões, e mesmo quando eu estive, foi apenas um nível abaixo, o que acabou não dificultando tanto a vida assim. Ainda assim, vale ressaltar que você deve seguir os níveis recomendados para as missões, já que inimigos dois níveis acima do seu já são praticamente imortais.
No geral, as quests são resumidas a ir a algum lugar e matar um alvo específico, ou coletar itens, ou ainda destruir todos os inimigos de uma área. Uma novidade que o jogo possui são as missões de conquista. Como o Mundo Grego está em guerra, você pode ajudar atenianos e espartanos a conquistarem os mais diversos territórios da Grécia. Para isso, você precisa enfraquecer as defesas da região sabotando as fortalezas do local, matando soldados, roubando o tesouro do local e assim por diante. Além disso, você pode matar o líder do local, logo de cara (mas bem protegido) ou após ir enfraquecendo as defesas desse local. Depois de tudo isso, o jogo te coloca numa missão especial de conquista, onde você e o exército ao qual você faz parte (espartano ou ateniense dependendo de onde você se encontra) devem matar os soldados e generais do inimigo. Nessa missão, você deve ser rápido e matar todo mundo depressa, pois caso a barra de energia do seu exército acabe antes da do inimigo, você perde a missão.
A parte de combate marítimo de Assassin’s Creed Odyssey é basicamente a mesma que existia em Assassin’s Creed 4: Black Flag ou em Assassin’s Creed Rogue, ou seja, um componente importante do jogo, com uma mecânica de gameplay bem divertida e bem aproveitada também, afinal de contas, a navegação era muito importante no Mundo Grego, ainda mais para os Atenianos.
Além do esquema de missões da história, o jogo ainda conta com uma porrada de conteúdo extra, sejam missões espalhadas pela cidade para aumentar o seu nível, sejam para estabelecer relacionamentos com personagens, sejam contratos de assassinato (que geralmente são bem fáceis de se ganhar experiência), sejam as missões de assassinato onde você deve caçar a ordem que ameaça a paz do mundo Grego. Em suma, o jogo conta com uma porrada de conteúdo, mais do que o suficiente para você ficar um mês inteiro ou mais em cima dele antes de esgotar todas as possibilidades.
Além de todo esse conteúdo extra, ainda é importante falar sobre a campanha do jogo. Assassin’s Creed Odyssey tem uma campanha extensa pra caramba. Ao todo, eu levei mais de 70 horas pra terminar o jogo, e tem momentos em que você pensa que a main quest do jogo não vai acabar nunca. Por melhor que o jogo seja, essa campanha inflada pra caramba pode acabar cansando muita gente, e ela poderia ter um ritmo bem melhor, pois há momentos em que mesmo com você ignorando tudo o que o jogo coloca pela frente e só se focando nela, você ainda leva um tempão pra progredir na história.
E mesmo completando toda a main quest que envolve a família de Alexios e Kassandra, ainda ficou faltando um monte de ilhas gregas pra eu explorar, ou seja, se você realmente espremer tudo o que Assassin’s Creed Odyssey possui, você provavelmente deve se preparar para investir umas 200 horas da sua vida só nesse jogo, mas daí eu pergunto se isso realmente vale a pena ou se não tem experiências diferentes por aí disponíveis pra você ter.
Apesar do jogo quase não contar com bugs, ainda assim eu acabei esbarrando em alguns até bem engraçados que valem ser citados aqui pois curiosamente eles praticamente aconteceram ao mesmo tempo. Numa certa parte do jogo, eu estava sendo perseguido por dois mercenários e um deles trancou no chão. Eu aproveitei então para metralhá-lo de flechas nesse momento, e do nada um tubarão apareceu no meio do cenário encalhado na areia. No fim eu acabei matando os mercenários e o tubarão, mas fora isso eu realmente não encontrei nada que deixasse o jogo injogável ou que fizesse ele travar.
Graficamente, Assassin’s Creed Odyssey é realmente um belíssimo jogo, seja na ambientação muito competente criada pela Ubisoft, seja nas animações dos personagens, que ficaram também muito boas. Como a versão usada para review foi a do Xbox One X, vale ressaltar que mesmo o jogo em 4K não apresentou nenhum tipo de slowdown, o que sempre é muito bom. A trilha sonora do jogo também está muito boa, e felizmente há a opção de dublagem em português e legendas também em português para quem faz uso destas.
Mas e aí, Assassin’s Creed Odyssey vale a pena?
Assassin’s Creed Odyssey é o melhor Assassin’s Creed desde o quarto capítulo da franquia, e entra facilmente no Top 3 com um mundo rico de atividades e cheio de vida, combates divertidos, uma história envolvente, personagens interessantes e muito, mas muito conteúdo. Recomendadíssimo.
Review elaborado com uma cópia do jogo para Xbox One X fornecida pela Ubisoft do Brasil.
Resumo para os preguiçosos
Assassin’s Creed Odyssey é o melhor Assassin’s Creed desde o quarto capítulo da franquia, e entra facilmente no Top 3 com um mundo rico de atividades e cheio de vida, combates divertidos, uma história envolvente, personagens interessantes e muito, mas muito conteúdo. Recomendadíssimo.
Prós
- Excelente ambientação do mundo grego
- Personagens carismáticos
- História envolvente
- Gráficos belíssimos
- Toneladas de conteúdo que não parecem estar ali só pra inflar o jogo artificialmente
- Volta dos combates marítimos
Contras
- O começo do jogo é um pouco arrastado, mas logo ele abre completamente