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Armello – Review

RPGs de mesa, outrora, já foram uma ótima opção de diversão entre amigos, um tipo de diversão que estimulava nossa criatividade e raciocínio, mas que principalmente nos aproximava daqueles que compartilhavam a mesa conosco. Os tempos mudaram e, por diversos motivos, hoje é quase impossível reunir aqueles mesmos amigos para mais uma partida, por isso foram criados os simuladores de RPGs de mesa.

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Armello, o primeiro título da League of Geeks, tenta trazer toda aquela diversão de volta com sua própria história, regras, personagens e possibilitando que você vivencie tudo e desafie seus amigos através da rede mundial de computadores, além de envolver tudo isso com uma experiência audio-visual que certamente marcará qualquer fã do gênero.

Em Armello, você é o representante de um dos quatro clãs, Coelho; Lobo; Rato ou Urso. Cada um deles tem objetivos específicos com um detalhe em comum: Derrubar o Rei de Armello que foi tomado pela podridão e está definhando, levando aos poucos seu reino consigo. Você tem quatro formas diferentes de derrubar o rei, mas antes de explicá-las é bom termos um pequeno embasamento das regras do jogo.

Seu personagem possui diversos atributos, cada um pontuado aleatoriamente, que servem para diferentes propósitos dentro do jogo. Os pontos de ação definem quantos campos no tabuleiro seu personagem andará por rodada; os pontos de luta definem quantos dados você terá à sua disposição nas batalhas; pontos de corpo representam a sua vida; a inteligência representa sua resistência à trapaças adversárias e também define quantas cartas você poderá ter na mão; espírito é a quantidade máxima de magia que você terá a cada crepúsculo e a sua resistência às magias adversárias; ouro é o dinheiro que você possui para usar trapaças e itens; magia é como o ouro, mas para cartas de magia; prestígio é a sua influência política em Armello (um dos atributos mais importantes); e por fim a podridão que infecta e corrompe os heróis e também o rei de Armello.

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No início, Armello é um grande amontoado de informações que o jogo tenta te passar da melhor maneira possível através do prólogo, certamente sabendo que vai falhar. São muitas coisas a aprender juntamente com a história de fundo do game, mas como a melhor maneira de aprender é de fato jogando, consideramos o prólogo apenas um aquecimento. Algumas das informações, principalmente as menos relevantes, acabam passando batidas, mas felizmente o jogo possui descrições acessíveis a qualquer momento e um guia completo com todas as informações que você precisa para conseguir jogar sem um ponto de interrogação gigante em cima da cabeça.

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Voltamos às formas de derrubar o rei de seu trono, você tem quatro opções. 1. Vencer o rei em batalha e sobreviver a ela. 2. Possuir quatro ou mais pedras do espírito, adentrar o palácio e purificar o rei. 3. Ter uma podridão maior do que a do rei, enfrentá-lo, vencê-lo e sobreviver à batalha. 4. Ser o líder de prestígio quando o rei sucumbir à podridão ou quando ele morrer para outro herói que não sobreviver à batalha contra o rei.

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Estas são as estratégias que você terá de escolher para tentar vencer nesta “guerra do trono” e geralmente só escolhe uma delas quando o caminho já está claro. O mais certo seria dizer que as estratégias aparecem para você no decorrer da partida em forma de pedras do espírito que surgem em seu caminho ou trapaças que aumentem muito a sua podridão. É muito difícil escolher uma delas já no começo da partida e jogar apenas com esse tipo de vitória em mente, principalmente porque o jogo não depende apenas de você, mas sim das ações dos outros três competidores, do rei, dos guardas e dos nefastos.

Estas estratégias também dependem dos movimentos dos adversários que não estão ali apenas para derrubar o rei, mas para impedir que seja você quem irá derrotá-lo, te enfraquecer ao máximo e tentar fortalecer a si mesmos. Eles, e também você, podem fazer isso com as cartas que lhe são oferecidas a cada aurora e que custam ouro ou magia. Há uma enorme variedade de cartas – que possuem três tipos, itens, magias ou trapaças – e funções em Armello e você encontrará desde itens que te dão mais ataque ou defesa em batalhas à trapaças que podem matar os inimigos instantaneamente.

Você também conta com seguidores que podem ser recrutados e dão alguns benefícios e itens raros que podem ser equipados para uso em batalha. Caso não queira usar uma carta em você ou em um adversário você pode lançá-las em qualquer ponto do mapa como um perigo que deverá ser cumprido pelo jogador que ali pisar. Caso ele obtenha o padrão de símbolos com seus dados o desafio é quebrado, caso não, ele sofre a pena descrita na carta.

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Desafios dos jogadores e perigos do rei são o que mais vemos no mapa de Armello que conta com diversas áreas que possuem atributos próprios que podem ajudar ou atrapalhar seu progresso. Montanhas, por exemplo, custam dois pontos de ação para serem atravessadas, mas são bônus de defesa. Florestas fornecem furtividade durante a noite. Círculos de pedra dão +1 de corpo, pântanos -1 de corpo. Masmorras são para explorar e dão recompensas aleatórias. E ainda há muito mais.

Há muitas outras regras não explicadas, mas para não deixar o review muito técnico – mais do que já está – terminarei por aqui. É bom destacar que o sistema de regras de Armello funciona muito bem e com exceção das funções das cartas que são aprendidas apenas na hora que são utilizadas, bastam duas ou três partidas para que peguemos a manha do jogo.

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O modo multiplayer do jogo funciona bem quando você joga com amigos, preferencialmente usando Skype ou algum outro aplicativo de chamadas de voz, pois uma das coisas onde Armello falha é na proximidade e interação dos jogadores. Jogar no modo multiplayer com estranhos é como jogar com a IA do jogo mais habilidosa. Não há interação e a velocidade de turnos não agrada, assim como no modo singleplayer, fazendo você esperar muito tempo para que finalmente chegue a sua vez e acabe perdendo a atenção simplesmente por tédio.

O que incomoda de certa forma também são as possibilidades de se vencer em Armello, sendo que a vitória por prestígio é não só a mais fácil, como também a mais comum delas. De todas as partidas que joguei, cerca de 90% foram com vitória por prestígio devido à diversos motivos como a podridão que não é tão acessível, o jogador que opta por coletar pedras de espírito geralmente é o mais fraco e o rei que é muito forte, o que torna quase impossível vencê-lo e sobreviver à batalha. Há um grande desbalanceamento nesse sentido que é BEM visível e mesmo que não tire a diversão do jogo, é de certa forma frustrante e desanimador.

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Visualmente, Armello é um espetáculo de pirotecnia, contando com personagens muito bem animados e com visuais muito bacanas, cartas com ótimas ilustrações e elementos bem destacados e diferenciados que fazem tudo ser de muito fácil identificação. O game ainda é completamente legendado em português, algo imprescindível para que os jogadores possam entender todas as regras.

Se você procura uma opção no gênero de RPGs de tabuleiro ou esteja buscando um jogo criativo, Armello é o jogo certo pra você. Ele possui um sistema muito bem feito e proporciona boas horas de diversão, principalmente se você possuir amigos para jogar junto. A falta de interação com outros jogadores e a lentidão dos turnos da IA no modo singleplayer fazem ser difícil jogar mais de duas partidas em sequência sem que você se frustre, assim, recomendo Armello como uma opção casual, para jogar algumas partidas nos fins de semana. Ele possui um fator replay médio e custa um valor bem salgado, o ideal seria comprá-lo numa sale, de preferência um 4-pack.

Review elaborado utilizando uma cópia do jogo para PC fornecida pela desenvolvedora.

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Resumo para os preguiçosos

Armello é uma ótima opção no gênero de RPGs de tabuleiro. O jogo te coloca na pele de um representante de um dos quatro clãs do jogo que tem como objetivo derrubar o rei que está enlouquecendo devido à podridão. Você conta com um sistema de regras muito bem feito que possui dados, cartas, atributos, cenários e personagens próprios que proporcionam muita diversão e um bom desafio.

O principal trunfo do jogo é o multiplayer entre amigos, fora disso ele peca em alguns pontos que acabam sendo frustrantes e desanimadores, como o desbalanceamento entre as possibilidades de vitória e os turnos demorados da IA. Compre-o em uma sale com outros três amigos e aí sim ele valerá a pena.

Nota final

80
Saiba mais sobre os nossos métodos de avaliação lendo o nosso Guia de Reviews.

Prós

  • Sistema de regras complexo e bem feito
  • Variedade de personagens
  • Garantia de diversão
  • Visual muito bonito
  • Legendado em português

Contras

  • Falta de interação com outros jogadores no multiplayer
  • Lentidão dos turnos da IA incomoda
  • Falta de balanceamento nas possibilidades de vitória
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Rafael Oliveira
Rafael Oliveirahttp://criticalhits.com.br
Rafael Oliveira faz análise de jogos, filmes e séries regularmente para o Critical Hits, além de postar notícias e artigos esporadicamente. Acha que Shadow of the Colossus é o melhor jogo já feito, é fanboy de Steins;Gate e tem um lugar especial no coração para Platformers, RPGs e Metroidvanias.