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ADR1FT – Review

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A maioria dos jogos geralmente se divide em duas partes: enredo e desafio. O enredo é a parte que desenvolve o script, que conta a trama e os fatos que levaram a situação a acabar daquele jeito. Já o desafio, é parte do jogo que provoca o jogador a vencer certas dificuldades pra chegar ao final da história. Mas e quando o jogo não te oferece desafio?

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Recentemente alguém teve a ideia de criar jogos que sejam verdadeiras experiências, e não um desafio propriamente dito. Já vimos isso no lançamento de Firewatch neste ano, e agora temos novamente a mesma situação acontecendo em ADR1FT. ADR1FT é um jogo simples, que mostra o percurso da comandante Alex Oshima para garantir sua sobrevivência após uma catástrofe ter destruído a estação espacial que ela gerenciava. A forma como o jogo faz isso é que chama a atenção. Não existem criaturas te perseguindo, nem sobreviventes te caçando. Tudo gira em torno da sobrevivência de uma pessoa presa no espaço, tentando não ser vencida pela falta de oxigênio e recursos.

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Em alguns momentos, parece que os desenvolvedores tentaram emular os sentimentos que o tão elogiado filme Gravidade causou nos espectadores ao retratar situação parecida. Não da pra negar que a agonia de morrer sufocado é realmente latente, mas a falta de desafio do jogo é tão pouca que raramente me senti preocupado com isso. Após a catástrofe, você acorda dentro do seu traje EVA, completamente a deriva. Depois de verificar os danos do traje, percebe que um único recurso é necessário para sua sobrevivência: oxigênio. Você precisa dele tanto para respirar, quanto para se movimentar, e pra isso precisa coletar algumas capsulas espalhadas pelo espaço a fim de recarregar suas reservas e continuar em frente.

O problema é que existe tantas capsulas espalhadas pelos escombros da nave, que dificilmente você vai ser pegar com as reservas no fim. No início o desafio é um pouco maior, já que você precisa aprender como gerenciar suas reservas pra conseguir obter o máximo de velocidade com o mínimo de oxigênio, mas depois disso, é moleza. Enfim, depois de se situar você deve consertar algumas partes da nave para comunicar-se com o controle da missão em terra e garantir que a sua capsula de escape possa ser ejetada. Pra isso, você precisa “andar” pelo espaço consertando algumas estações que te ajudaram a colocar alguns sistemas novamente online.

A proposta parece interessante, até você perceber que ela é repetitiva pra caramba. Tudo resume-se a encontrar o mainframe principal, criar um novo dispositivo e substituir o antigo. As vezes você passa por cenários tão parecidos e repetitivos, que parece que está fazendo a mesma missão de novo, e de novo, e de novo. Conforme vamos avançando, alguns dispositivos auxiliares do traje vão sendo consertados também. Isso facilita a vida da personagem já que garante maior reserva de oxigênio, mobilidade, resistência e impulso. Sinceramente, eu não descobri direito pra que raios serve o impulso, mas me senti mais seguro após ter consertado essa parte da roupa também.

ADR1FT Screenshot 01

Ok, então o jogo tem uma pegada meio “metroidvania”, certo? Errado. Eu pelo menos considero que pra ser um bom metroidvania, o game tem que te oferecer um desafio que possa ser vencido somente após desbloquear determinada habilidade nova. ADR1FT não é muito competente em fazer isso justamente por que não oferece desafio. Eu não me pus a tentar, mas acredito que se as melhorias da roupa não fossem obrigatórias, teríamos como chegar ao fim do jogo da mesma forma.

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Outro detalhe que deixa a desejar é a forma como a própria história é contada. Os fatos não são explicados de maneira linear e coerente, o que acaba obrigando o jogador a jogar novamente caso queira saber os mínimos detalhes que acabaram levando a explosão da estação espacial. Caso você tenha se apaixonado pelo jogo, ótimo, mas para aqueles que não pretendem passar por tudo aquilo novamente, a proposta não é lá muito tentadora. Existem também alguns itens espalhados pelo cenário que aparentemente tem papel puramente estético. Servem somente para serem coletados e não contribuem em nada com o enredo do game. Eu não tive a paciência de procurar por todos ou de ir atrás pra descobrir se eles realmente adicionam alguma informação à história, mas também não tenho o mínimo interesse de sair em busca deles.

Pelo teor do texto, você já deve estar imaginando que eu achei o jogo ruim pra caramba. Mas não achei. Na verdade, foi um dos títulos mais impressionantes que joguei nesse ano, apesar de todas as críticas. ADR1FT não é um jogo convencional e tenta ser uma experiência única. O objetivo dele é te colocar dentro daquela situação e imergir o jogador de forma que ele realmente se sinta perdido no espaço. Nisso, o título foi extremamente competente, pois eu realmente me senti na pela da Comandante Oshima em alguns momentos.

ADR1FT Screenshot 01

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Além disso, os gráficos do jogo são sensacionais. Eu não me lembro de ter perdido tanto tempo admirando o cenário ou de ter tirado tantas screenshots em qualquer outro game recente. Os detalhes do cenário, as partículas de poeira e as gotas de água foram colocadas de forma tão caótica pela cenário que formam imagens impressionantes, dignas de garantir o lugar do seu wallpaper predileto. Uma pena que a HUD do EVA as vezes atrapalhe um pouco a visualização. Se eu já consegui sentir tudo isso jogando no controle e no monitor, imagine só quem tem a possibilidade de experimentar o jogo em dispositivos VR. Acredito que a experiência acabe ficando ainda mais formidável e impactante, mesmo com a falta de desafio e dificuldade.

Resumindo, eu acredito que ADR1FT não pode ser avaliado como um jogo normal, justamente por não tratar-se de um jogo convencional como estamos acostumados. Mais uma vez reitero que ele tenta ser mais do que isso, tenta ser uma experiência única que emule sentimentos no jogador de forma profunda e imersiva, e isso ele consegue fazer melhor até do que o próprio Firewatch, amplamente elogiado pela crítica.

Caso você procure algo com mais ação e movimento, ADR1FT não é pra você. O investimento no título só vale a pena para quem topa pagar o preço para ter uma experiência única que não terá o mesmo efeito caso jogada uma segunda vez. De qualquer forma, o jogo vale a pena ser conferido, ainda mais se você tiver equipamento de VR.

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ADR1FT Screenshot 01

Antes de terminar o texto, quero chamar a atenção para o fato de que não comentei sobre a história. Não foi um relaxou meu, mas resolvi não dar muitos detalhes justamente pelo que falei no início do texto. ADR1FT é um game que não oferece muito desafio e baseia-se fortemente na história para conquistar o jogador, então, não faz sentido que eu te adiante as informações e comprometa a sua experiência. Mesmo assim, posso adiantar que ela vale a pena ser conferida, ainda mais por alguns acontecimentos polêmicos relatados pela tripulação da estação.

Quanto ao preço, ele pode parecer um pouco caro pelo que oferece, mas muitos de vocês acabam pagando valor similar para entrar em um cinema e assistir um filme medíocre. Permita-se protagonizar essa espécie de filme interativo antes de dizer que o investimento não vale a pena.

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Boa sorte, comandante. E lembre-se: oxigênio nunca é demais.

Resumo para os preguiçosos

ADR1FT não é um jogo comum. Não espere desafio e dificuldade extrema nem algo parecido com o que estamos acostumados. O título na verdade é mais uma daquelas experiências que tentam emular sentimentos nos jogadores, proporcionando imersão em um cenário rico, cheio de detalhes e criado com muito capricho.

Nota final

80
Saiba mais sobre os nossos métodos de avaliação lendo o nosso Guia de Reviews.

Prós

  • Experiência única
  • Gráficos impressionantes
  • Trilha sonora fantástica
  • Alta imersão

Contras

  • Falta de desafio
  • Situações repetitivas e monótonas
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João Víctor Sartor
João Víctor Sartorhttp://criticalhits.com.br
João Víctor Sartor é colaborador e sex-symbol do Critical Hits. Admirador das boas histórias, almeja de verdade escrever um livro algum dia. Divide seu tempo entre à leitura, jogatina, trabalho, engenharia e quando sobra tempo, vive.