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Análise Crítica: Constantine

Quem entende de quadrinhos sabe que por mais que alguns digam o contrário, as histórias que as vezes aparecem por ai não são tão maduras quanto gostaríamos, certo? Ok, eu concordo que atualmente a coisa anda bem melhor nesse sentido, até por que algumas hq’s já trazem temas bem pesados e tudo mais, mas imagine como era esse cenário lá no final dos anos 80.

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Pra tentar oferecer histórias de cunho mais adulto sem misturar as coisas, a DC teve uma sacada brilhante: Criou o selo Vertigo, que no decorrer dos anos seria amplamente conhecido pela sua qualidade e por ter influenciado a indústria das revistas em quadrinhos para sempre. E não existe forma melhor do que falar do selo Vertigo do que falando sobre um dos seus mais brilhantes personagens, Constantine.

O personagem é tão foda, que vai ganhar uma série pela NBC, e aqui eu pretendo dar todas as informações necessárias pra que você possa começar a assistir os primeiros episódios sem se sentir perdido, vamos lá!

O Início

John Constantine é um cara que não vê o mundo como estamos acostumados. Com amplo conhecimento sobrenatural, ele utiliza seus conhecimentos sobre magia e ocultismo para desvendar alguns casos que acabam surgindo durante suas andanças, sendo uma mistura bem estranha entre Dr. Who e Supernatural. Foi um dos principais personagens da DC e da Vertigo nos últimos 30 anos, e depois de tanto tempo sua complexidade atingiu níveis exorbitantes, mas vamos por partes.

Ele foi criado por ninguém menos do que Alan Moore, o mesmo cara que nos agraciou com algumas das mais clássicas hq’s de todos os tempos como Watchmen e V de vingança. Sua primeira aparição foi na revista do Monstro do Pântano #37, em junho de 1985. Segundo o próprio Moore, o design do personagem foi baseado no vocalista do The Police, Sting, pois os desenhistas Steve Bissette e John Totleben queriam que ele tivesse um visual meio “popstar”. Moore também tinha a intenção de mudar alguns paradigmas de que bruxos e magos sempre deveriam ter um visual mais velho e cansado, e com isso teve a ideia de criar um cara mais jovem mas tão astuto quanto uma raposa velha.

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é nóis bruxão
é nóis bruxão

Lá no começo, John não passava de um mero ajudante do Monstro do Pântano durante a saga “American Gothic”, mas com o tempo ele foi ganhando uma popularidade absurda entre os fãs do verdão, até que finalmente em 1988 ganhou sua própria revista independente, batizada de Hellblazer. O primeiro a assumir o roteiro da revista foi o competentíssimo Jamie Delano, que teve carta branca pra tratar de assuntos pesados, já que desde o inicio a hq possuia o selo “matures only”.

Constatine sempre foi um herói complexo, pois nem sempre o objetivo dele foi realmente salvar o mundo, mas sim salvar a própria pele. Em alguns momentos, o mago inglês não faz nada a não ser agir como um babaca e ferrar quem é louco o bastante pra aceitar trabalhar com ele, em compensação, em outros ele sacrifica tudo pra salvar algumas pessoas que nunca conheceu claramente dando a entender que nem ele sabe quem é ou o que prioriza.

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O cara sempre teve a morte rodando de perto. Logo que nasceu, na cidade de Liverpool na Inglaterra, sua mãe acabou falecendo devido a complicações no parto e seu irmão gêmeo que também deveria ter vindo ao mundo, acabou nascendo morto pois foi assassinado por John ainda no útero da mãe. Depois de tudo isso, foi praticamente natural a queda de Constantine pelo ocultismo desde os seus primeiros anos.

Sim, o cara andava desse jeito pela rua na década de 80
Sim, o cara andava desse jeito pela rua na década de 80

E já que o seu pai nunca o conseguiu perdoar pela morte da esposa, nada melhor do que utilizar seus ermos conhecimentos oculto para amaldiçoa-lo, né? Pois foi isso mesmo que ele fez. A maldição quase matou o velho, mas foi retirada no último minuto. Problema é que depois que o pai dele realmente morreu, ele voltou como fantasma para atazanar o filho assim como alguns dos amigos de Constantine também o fizeram.

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A Evolução

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Com o passar do tempo, os editores de Hellblazer fora evoluindo alguns aspectos da revista. Um dos mais interessantes foi fazer com que o próprio Constantine fosse envelhecendo com o passar dos anos, o que deu um ar muito mais realista para as histórias. Essa não era e ainda não é uma prática muito comum dentro da industria dos quadrinhos, mas tal atitude fez com que as histórias do detetive sobrenatural pudessem seguir uma linha clara de tempo e dar mais rigidez ao enredo que o envolve. Já que grande parte de todos os problemas e soluções de John encontram-se no passado, é muito legal vê-lo relembrando acontecimento lá da sua adolescência como o fato de ter montado sua primeira banda de punk, após ter ido à um show do Sex Pistols em 1977.

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Primeiro show do Constantine
Primeiro show do Constantine

Como já foi dito antes, a vida desse interessante protagonista é recheada de tragédias e o mundo sempre parece ser um lugar bem mais cruel do que realmente é para ele. Pois bem, depois de ter fundado a banda e sair por ai pra fazer alguns shows, Constantine acaba se metendo em uma das maiores enrascadas de toda a sua vida, que foi responsável por uma série de eventos posteriores e que o atormentaram durante o resto da sua vida. Este incidente é conhecido somente como Newcastle.

Basicamente, John e sua banda acabaram indo para Newcastle  na Inglaterra e encontraram uma menina possuída por um demônio. Acreditando ter conhecimento suficiente para lidar com a situação, John invocou mais quatro demônios para enfrentar o primeiro, mas isso acabou provando-se um erro e no fim das contas, a pobre garotinha acabou fadada ao inferno. Ele e a sua banda ficaram extremamente abalados com os acontecimentos e todos culparam Constantine pela sua inexperiência e audácia, o que acabou levando o bruxo adolescente ao sanatório logo nos primeiros anos da idade adulta. O Demônio que atormentava a garotinha era chamado de Nergal, e esse vai ser o enredo para o primeiro episódio da série, inclusive.

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E o filme de 2005?

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Desconsidere. Sério. Eu lembro que logo que o filme saiu, eu e um amigo tentamos descobrir mais sobre o personagem a fim de conhecer um pouco mais sobre ele, antes de irmos assistir o filme. Lembro que um dos meus amigos não curtia muito o fato de ele ter sacrificado alguns gatos para amaldiçoar o pai, e por isso eu esperava alguma coisa bem pesada quando vi o filme pela primeira vez.

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Infelizmente, aquele Constantine interpretado pelo Keanu Reeves não é nem de longe o que Constantine deveria ser. O filme acabou tendo uma pegada mais comercial e talvez por isso muita coisa foi distorcida no roteiro e na produção. Eu também acho que em 2005 o mundo ainda não estava preparado pra ver o nosso mago inglês na sua verdadeira forma naquela época, e pra ser bem sincero eu duvido bastante que esteja agora em 2014. De qualquer forma, a única coisa que bateu com as hq’s foi o fato de no filme, John ter tido problemas no pulmão devido ao consumo excessivo de cigarros. Isso é retratado na saga “Dangerous Habits”, onde John tem de lutar contra o câncer a fim de não antecipar sua ida para o inferno.

Na realidade, desde 1988 Hellblazer teve tantos arcos bacanas e que davam bons filmes mesmo se encarados separadamente, que chega até a ser um ultraje o que foi feito no filme. Mas desconsidere, a princípio a série promete ser muito melhor.

O reboot

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Em 2011 a DC reiniciou todo o seu universo, e o selo Vertigo acabou participando dessa bagunça toda. O Constantine dos novos 52 é muito mais novo e com personalidade bem diferente do que se via na revista tradicional, sendo que o mesmo chegou até a se juntar a “Justice League Dark”. Infelizmente em 2013, Hellblazer foi cancelado sendo totalmente substituído pela nova revista dos novos 52.

Apesar de muita gente ter torcido o nariz pra essa decisão da DC, não fazia sentido manter dois Constantines diferentes ao mesmo tempo, e pareceu muito mais lógico aposentar a série mais velha para dar a oportunidade de o personagem ser explorado mais amplamente a partir de agora. Feliz ou não, saiba que provavelmente será este John que veremos nas telas a partir de agora, até por que na série ele nem o vicio de fumar adoidado.

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Eu realmente estou bem ansioso com o que nos espera na produção da NBC. Apesar de ter lido por ai que a coisa não vai ser muito “original” e que o melhor mesmo seria ver o filme do Pelé, resolvi dar uma chance pra ver qual vai ser a o bruxo inglês. Acreditem, se não me agradar, eu pretendo ser o primeiro a elencar minhas críticas aqui no site, caso contrário, acho que vou ter mais um episódio semanal pra acompanhar pelos próximos meses.

 

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João Víctor Sartor
João Víctor Sartorhttp://criticalhits.com.br
João Víctor Sartor é colaborador e sex-symbol do Critical Hits. Admirador das boas histórias, almeja de verdade escrever um livro algum dia. Divide seu tempo entre à leitura, jogatina, trabalho, engenharia e quando sobra tempo, vive.