Criada pela Don’t Nod, a série Life is Strange cativou o público ao contar a história de Max Caufield, uma jovem que descobre ter o poder de viajar pelo tempo. Em Double Exposure, desenvolvido pela Deck Nine Games (que assumiu a série em seu terceiro capítulo), ela está de volta em um mistério sobrenatural que envolve viajar por duas dimensões paralelas.
A convite da Square Enix, jogamos os dois primeiros capítulos do novo game, que estreia oficialmente no final de outubro. Eles conseguem estabelecer bem a nova trama e suas bases mecânicas, ao mesmo tempo em que traz tanto mistérios quanto dúvidas para o futuro, que só serão respondidos nos capítulos posteriores.
Life is Strange: Double Exposure começa com nova tragédia
O novo jogo da série começa muitos anos depois do game inicial, mostrando que Max não somente se afastou de Arcadia Bay, como vagou o mundo desenvolvendo seus talentos como fotógrafa. Após longos anos vagando sem rumo, ela vira uma professora residente em uma instituição de ensino focada em artes.
Sua melhor amigo nesse novo local é Safi, a filha da reitora local que acaba tendo um destino trágico, morrendo assassinada sob circunstâncias misteriosas. É graças a esse novo trauma que a protagonista descobre sua capacidade de viajar entre dimensões, sendo que em somente uma delas sua amiga continua viva.
No entanto, isso não significa que ela está totalmente protegida de perigos. Os dois primeiros capítulos estabelecem que a “Safi viva” também é vítima de ameaças e inimizades, e, caso Max não descubra quem é responsável por ela, uma outra tragédia pode acabar se repetindo na dimensão mais segura.
Ao transitar entre essas duas realidades, a protagonista conhece diferentes versões das mesmas pessoas, que podem virar tanto suas amigas quanto inimigas. Isso estabelece uma dinâmica interessante, já que, ao poder viajar livremente pelas duas dimensões, conseguimos informações e itens que, de outra forma, seriam impossíveis de obter.
No entanto, já nos primeiros capítulos senti que o game é um pouco “engessado” nesse sentido, já que só é possível viajar em pontos bem específicos (provavelmente por questões técnicas). Também fiquei com a sensação de que o jogo nem sempre fez uma separação competente do ponto de vista narrativo até agora, ao menos no que diz respeito a pequenos detalhes.
Na transição entre dimensões, Life is Strange: Double Exposure permite ter acesso a mensagens de texto e uma rede social no melhor estilo Twitter. No entanto, nem sempre o jogo deixa claro qual é a origem de cada uma delas, o que pode deixar as coisas um pouco confusas. Da mesma forma, não foi possível deixar de notar alguns bugs — em um caso, uma maleta que deveria estar fechada aparecia aberta antes mesmo de eu obter a chave para acessar seu interior.
História promissora
Apesar de já ter notado esses pequenos “tropeços” logo de cara, eles foram compensados pelo fato de que Life is Strange: Double Exposure, até agora, conseguiu contar uma trama bastante interessante. Não demora muito até que descubramos que Sofi e os outros personagens que Max encontra são muito mais complexos do que parecem em um primeiro momento.
Com isso, a cada peça que destravamos do roteiro somos levados a mudar nossas conclusões, que hora apontam para essa ou aquela figura como a responsável pelo assassinato de Safi. Para tornar tudo ainda mais divertido, o game também dá a entender que o verdadeiro mistério é muito mais complexo e pode ter a ver com as novas habilidades da protagonista.
Para complementar, também é preciso elogiar o trabalho técnico da Deck Nine Games, que conseguiu evoluir os visuais da série sem perder sua direção artística. Um destaque nesse sentido deve ser dado aos rostos dos personagens, que são bem expressivos e combinam muito bem com o trabalho de dublagem.
Enquanto ainda é cedo para fazer um veredito do jogo (aguardem por nosso review em breve), devo dizer que Life is Strange: Double Exposure me conquistou até o momento. Ver Max de volta é bastante positivo, e a decisão de afastá-la um pouco dos eventos de Arcadia Bay é certeira (mesmo que seus efeitos estejam presentes de formas variadas).
Resta esperar para descobrir se a Deck Nine conseguirá manter seus mistérios e entregará roteiros de qualidade nos próximos capítulos. Ela já provou que sabe trabalhar bem a série com o trabalho que fez em True Colors, então, pelo que vimos até agora, a empresa merece no mínimo um voto de boa fé que vai conseguir acertar mais uma vez.
Jogamos os dois primeiros capítulos de Life is Strange: Double Exposure no PS5 com uma chave fornecida pela Square Enix.