A franquia Dragon Quest é algo como o Led Zeppelin do mundo dos RPGs, sem ela, muitas das franquias que nós amamos não existiriam, e Dragon Quest III é conhecido como o jogo que lançou as bases modernas da franquia. Apesar de já ter recebido remakes no passado para consoles como SNES, Game Boy e Nintendo DS, a Square Enix decidiu dar um verdadeiro banho de loja em Dragon Quest III com um remake em 2D-HD, mas será que esse remake vale a pena?
Em Dragon Quest III temos um RPG clássico que segue a jornada de um jovem herói, filho de um lendário guerreiro, que deve derrotar o maligno Baramos para salvar o mundo.
O jogo é ambientado em um universo vasto e repleto de terras místicas, onde o protagonista e seu grupo de aventureiros enfrentam desafios enquanto exploram reinos distantes, mergulhando em calabouços e enfrentando monstros poderosos.
Com a missão de honrar o legado de seu pai e impedir a destruição iminente, o herói parte em uma aventura épica repleta de encontros inesquecíveis e segredos antigos.
Logo de cara, notamos que o jogo é simplesmente lindo, como todo jogo que tem adotado a estética 2D-HD que a Square Enix começou a usar desde Octopath Traveler. Cidades, personagens e monstros combinaram demais com esse tipo de gráficos, e é muito legal ficar andando por aí e vendo como esses visuais ficaram bonitos.
Apesar de um remake, Dragon Quest III 2D-HD ainda retém muito de seu jogo original, e uma das coisas que os jogadores vão notar já no começo é que qualquer erro pode ser fatal e o jogo não vai perdoar você mesmo, já que seus personagens não duram e o progresso não é tão rápido assim.
Como de costume em RPGs japoneses, o equipamento faz bastante diferença na vida do aventureiro, e infelizmente algo bastante escasso no começo da aventura do herói é o dinheiro para se equipar, então você provavelmente vai ter que passar por algumas fases de grind aqui e ali, principalmente quando chegar a uma nova cidade e notar que não tem dinheiro o suficiente para melhorar os equipamentos dos seus personagens antes de dar sequência na história.
Outro ponto que o jogo também retém do original é toda a estrutura de grupos e progressão também. Apesar do herói ser fixo, seus companheiros de jornada são recrutados ao começo do jogo, e cabe a você fazer um grupo balanceado o suficiente para sobreviver aos desafios com classes clássicas como Guerreiro, Mago, Clérigo, Ladrão e assim por diante.
Caso você tenha jogado o remake mais recente da franquia, lançado inicialmente no Nintendo DS, você certamente vai se sentir em casa com o que você vai encontrar aqui em Dragon Quest III 2D-HD, já que muito do que foi feito lá é reaproveitado aqui. As maiores diferenças são o posicionamento de alguns itens que não estão no mesmo lugar e algumas novidades que eu não posso comentar aqui ainda.
No tempo que eu joguei até agora, deu pra notar que fãs de longa data da franquia e fãs em RPGs japoneses que começaram por Final Fantasy e acabaram nunca dando uma chance a Dragon Quest (ou não chegaram a jogar este capítulo em especial) vão gostar bastante do que vão encontrar aqui, já que o jogo é meio que um manual de como fazer bons RPGs clássicos da época.
Antes de encerrar, eu gostaria de comentar apenas sobre mais um detalhe: um ponto que deveria ser um pouco melhorado é a inteligência artificial do modo automático de batalha e o “handy heal” (uma função de cura rápida para o seu grupo).
No modo automático de batalha, parece que o jogo não pensa muito em como fazer um combate otimizado. Um exemplo disso é o seguinte: as vezes, você enfrenta um grupo repleto de inimigos iguais, então faz mais sentido dois personagens usarem magias que atingem todos ao mesmo tempo (causando dano combinado o suficiente para vencer todos) do que eles usarem suas magias individuais mais fortes em separado e, digamos, 2 dos 6 inimigos que apareceram morrerem, e os seus dois outros personagens não conseguiram matar mais ninguém.
Além disso, o perfil de inteligência artificial do curandeiro simplesmente não funciona. Se você mandar ele focar-se na cura, ele vai ficar usando magias de ataque nos adversários e desperdiçando MP até ficar sem, e a menos que um personagem do seu grupo perca HP o suficiente enquanto o MP dele não acaba, ele não vai cumprir a função de curandeiro, e as vezes nem assim, já que aconteceu de um personagem meu ir ao vermelho no HP durante o uso desse perfil e ele fingir que a função de curar os outros não é com ele.
Esse tipo de ajuste (se for feito) não parece muito difícil de resolver, e esse é o tipo de coisa que a Square Enix colocou ali para agilizar o grind (assim como acelerar as batalhas rapidamente), não sendo exatamente essencial para jogar o jogo.
No mais, é uma pena que Dragon Quest III 2D-HD não vai contar com legendas em português, já que seria muito legal se a franquia tivesse o mesmo carinho que a Square Enix tem com Final Fantasy, mas fãs que dominarem o inglês vão encontrar aqui mais um grande RPG para jogarem nesse final de ano.