Um influenciador chinês de sobrenome Jiao, ou mais conhecido como Sister Hong, está no centro de um dos maiores escândalos digitais recentes na China. O caso ganhou repercussão internacional nesta sexta-feira (18), após Jiao ser preso na cidade de Nanquim, no leste do país, por gravar e divulgar encontros sexuais com centenas de homens sem o consentimento das vítimas.
Jiao se disfarçava de mulher para enganar os homens em aplicativos de namoro. Usava perucas, maquiagem pesada, filtros de imagem e até modulação de voz para construir uma identidade falsa. Nos perfis, se apresentava como uma mulher divorciada em busca de novos relacionamentos. Em troca dos encontros, pedia pequenos presentes, como frutas, óleo de cozinha ou leite.
Onde fica o famoso quarto da Sister Hong
O quarto que aparece em inúmeros memes nas redes sociais está localizado no apartamento de Jiao, em Nanquim, província de Jiangsu. Foi nesse ambiente que ocorreram os encontros íntimos gravados sem permissão. O local se tornou um símbolo involuntário do escândalo após uma das imagens do quarto, com decoração genérica e iluminação típica de residências chinesas, viralizar no X (antigo Twitter) e no TikTok.
Usuários passaram a editar a imagem com legendas irônicas, como “me mudei para o meu novo apê!” ou “renovei o quarto!”, enquanto outros inseriram suas próprias fotos dentro do ambiente usando ferramentas de edição. A banalidade visual do cômodo contrastando com a gravidade do caso criou um fenômeno de humor mórbido nas redes.
Como o caso viralizou nas redes sociais
A viralização começou em plataformas chinesas como Weibo e Douyin, mas rapidamente atravessou fronteiras, ganhando força nas redes ocidentais. Hashtags como #SisterHong e #UncleRed passaram a figurar entre os tópicos mais comentados globalmente.
Além da imagem do quarto, vídeos gravados sem autorização foram amplamente compartilhados em grupos privados no Telegram e Reddit. Muitos dos homens filmados, após perceberem que suas imagens estavam circulando na internet, procuraram a polícia. Em alguns casos, as vítimas foram expostas em montagens com rostos não borrados, o que gerou danos familiares e emocionais — houve relatos de términos de relacionamentos, humilhações públicas e até confrontos transmitidos ao vivo por parceiras indignadas.
A resposta das autoridades e as acusações formais
O Departamento de Segurança Pública de Nanquim prendeu Jiao no dia 5 de julho de 2025, acusando-o formalmente de divulgar material obsceno. A pena pode chegar a 10 anos de prisão, dependendo do volume do conteúdo publicado e do lucro gerado — os vídeos eram vendidos por cerca de 150 yuan (equivalente a R$ 115) em grupos fechados.
As autoridades também desmentiram boatos de que o suspeito teria mantido relações com mais de 1.600 homens ou que seria portador do vírus HIV. Ainda assim, reconhecem que centenas de vítimas foram identificadas, e o número total permanece sob investigação.
Um jurista ouvido pela imprensa chinesa afirmou que, além da divulgação de material pornográfico, Jiao pode ser enquadrado em pelo menos outros seis crimes, incluindo violação de privacidade e, eventualmente, até prostituição, dependendo da interpretação jurídica sobre os “presentes” recebidos.
