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Yakuza: Like a Dragon – Review

Yakuza: Like a Dragon é o jogo mais ousado da série em termos de jogabilidade, história e enredo. A proposta era simples: oferecer uma nova oportunidade de explorar o universo criado nos jogos anteriores, mas sem se sustentar nos mesmos alicerces de sempre.

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A série Yakuza deixou de ser um sucesso exclusivo no Japão, para tomar o Ocidente nos últimos anos. Mesmo já tendo alguns jogos lançados por aqui durante a sexta e a sétima geração de consoles, foi só recentemente que franquia desabrochou de vez e vendeu feito água em praticamente todas as plataformas em que foi lançada.

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Depois do final da história de Kazuma Kiryu em Yakuza 6: The Song of Life, a desenvolvedora Ryu Ga Gotoku Studio resolveu se aventurar em novas pradarias, explorando gêneros diferentes dentro do mesmo universo. Foi assim que nasceu a proposta de Judgment, lançado em 2019, e Yakuza: Like a Dragon, lançado este ano para PS4, PS5, PC, Xbox One e Xbox Series X.

Só que enquanto Judgment é praticamente um Yakuza com história de detetive, Like a Dragon dá uma guinada completa no estilo de jogo, o que de início preocupou alguns fãs da série e levantou sérios debates sobre a capacidade da desenvolvera em tirar “leite de pedra”.

No fim o resultado é fantástico! Yakuza: Like a Dragon consegue ser uma das melhores experiências modernas de RPG que já experimentei, mesmo sendo um jogo com uma proposta muitas vezes caricata e diferente.

Antes de mais nada, é preciso que o jogador entenda que apesar do visual, enredo e mecânicas do jogos muitas vezes parecerem uma galhofa e beirarem o absurdo – como poder catalogar moradores de rua e trombadinhas como se fossem Pokémons, ou o fato de ter um mendigo/mago capaz de invocar pombos assassinos para atacar seus oponentes, a estrutura do jogo é sólida e funciona perfeitamente. Yakuza: Like a Dragon sabe exatamente o tipo de experiência que quer oferecer, e atende as expectativas como praticamente nenhum jogo fez nos últimos tempos.

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Tentar responder como Like a Dragon é tão diferente ao mesmo tempo em que permanece sendo um jogo a série Yakuza, é uma tarefa um tanto quanto complicada. Talvez esse seja justamente o segredo do sucesso do jogo: o equilíbrio.

Depois de 6 títulos na série principal, o desafio de superar Kazuma Kiryu como protagonista era imenso. Apresentar um novo mafioso de bom coração talvez não fosse suficiente, mas é incrível perceber como os desenvolvedores conseguiram fazer com que Ichiban Kasuga seja tão parecido e tão diferente com Kazuma Kiryu, ao mesmo tempo.

A história dos dois personagens é bastante parecida. Ambos era órfãos e foram adotados pelo chefe de uma das famílias do Clã Tojo, de Tóquio. Ambos também vão pra cadeia assumindo um crime que não cometeram, e percebem que as coisas mudaram muito depois de tanto tempo em cana.

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Talvez se Like a Dragon seguisse pelo mesmo estilo de gameplay visto nos jogos anteriores, a coisa não engrenasse mesmo com a história sendo muito bem escrita e apresentando muitos momentos empolgantes. Mas para a nossa sorte o pessoal da Ryu Ga Gotoku Studio teve uma ideia diferente de misturar Yakuza com outro grande sucesso da indústria japonesa de jogos eletrônicos, gerando um resultando improvável, porém delicioso.

O ponto mais forte de Yakuza: Like a Dragon é ter toda a estrutura de enredo típica de um jogo da série Yakuza, alicerçada em mecânicas de RPG no melhor estilo Dragon Quest. A mistura dá uma renovada no estilo de jogo e causa uma sensação de novidade e de curiosidade no jogador.

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A cada capítulo que passa me pegava querendo avançar ainda mais no jogo não só para saber quais seriam os desdobramentos da história. Mas para descobrir também quais seriam as novas mecânicas apresentadas como resultado desta mistura improvável entre os dois estilos.

Ao invés de espadas temos tacos de beisebol. Magias de fogo geralmente estão atreladas ao uso de substâncias inflamáveis como álcool e similares. É incrível perceber como a mistura de elementos fantásticos de RPG combinam com aspectos da sociedade moderna, e funcionam bem numa estrutura de jogo que consegue não só divertir, mas te manter interessado por longos períodos de tempo.

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A história também consegue juntar alguns elementos absurdos que justificam a jornada do grupo de Ichiban e seu grupo. Enredos ousados e dignos de filmes B dos anos 80 não são estranhos para os fãs da franquia, mas os desenvolvedores conseguiram acertar a passada da história a ponto de justificar as andanças pelo mapa, além da existência de algumas “dungeons”, chefes e inimigos específicos.

O game também implementa um sólido sistema de jobs, que permite ao jogador formar grupos de acordo com a sua necessidade ou preferência. É como tentar formar um grupo de RPG clássico onde você tenta estruturar personagens com habilidades de tank, dps e cura. Só que aqui você troca os termos e os visuais por “sem-teto”, “ex-policial” e “herói” – por que tudo tem limite.

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Estes jobs podem ser aprimorados conforme se avança no jogo, assim como todo bom jogo de J-RPG. O sistema de combate em si não é lá muito complexo, mas satisfaz pela criatividade e pela forma como interage com o cenário do jogo.

As atividades secundárias no entanto permanecem intocáveis! Intocáveis no sentido de relevância, pois por mais que algumas delas continuem similares as de sempre, Yakuza: Like a Dragon introduz uma série de novidades como corridas de kart no melhor estilo Mario Kart, ou um emprego de tempo parcial como vigilante. Também preciso mencionar que existem diferenças significativas nas atividades causadas pela mudança no mapa do jogo. Like a Dragon não se passa mais na saudosa Kamurocho de Yakuza e Judgment, mas sim em Yokohama.

Também é possível realizar outras atividades que lhe garantem materiais extras, utilizados na fabricação de itens de cura, armas e armaduras. Na verdade são tantas coisas pra fazer nesse sentido, que dá pra se perder no meio do caminho e sentir vontade de deixar alguns destes pontos pra trás.

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Outras atividades são um pouco mais divertidas, como manter Ichiban acordado enquanto acompanha um filme antigo, ou gerenciar negócios diversos, o que garante a entrada de alguns recursos úteis para avançar no jogo.

Tudo isso já é o suficiente para manter o jogador preso ao jogo sem a necessidade de seguir muito adiante na história principal. Esta na verdade, até demora um pouco pra engrenar, visto que as primeiras horas são dedicadas a contar toda a história de Ichiban e de alguns de seus companheiros, além de preparar o jogador para as novidades que Yakuza: Like a Dragon propõe.

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Depois que as coisas começam a engrenar, o jogador mais assíduo da série se sente em casa. O enredo segue os mesmos modelos dos jogos anteriores e é cheio de reviravoltas e cenas surpreendentes. No fim, juntando isso à renovação do sistema de batalha, tudo acaba soando como novidade e familiar ao mesmo tempo.

São tantas homenagens à mecânicas clássicas de RPG plenamente adaptadas à uma nova realidade, que alguns pontos específicos me pareceram simplesmente, geniais! Como a invocação de summons – algo tão tradicional em jogos de RPG’s, que neste caso foi adaptado à uma ligação ou envio de mensagem para algum personagem.

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É incrível como Yakuza: Like a Dragon consegue ser um jogo tão ousado ao mesmo tempo em que parece se sustentar numa premissa tão simples. Algumas vezes é possível pensar coisas como “por que ninguém fez nada parecido antes?”, e talvez a resposta mais adequada pra essa pergunta seja o cuidado e o zelo que os desenvolvedores tiveram tanto com o legado dos clássicos J-RPGS, quanto com a história da própria franquia Yakuza.

Vale lembrar que adaptar RPG’s para sistemas modernos e improvisados não é necessariamente uma novidade. A Ubisoft fez isso pouco tempo atrás com South Park e o resultado foi igualmente satisfatório.

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No fim das contas Yakuza: Like a Dragon é um jogo que pode ser plenamente aproveitado tanto por jogadores assíduos da série, quanto por aquele que esta chegando agora.

A atualização mais recente do jogo tornou a experiência ainda mais acessível já que introduziu as legendas em português.

Dessa forma, temos tudo para acreditar que Yakuza: Like a Dragon é um dos jogos mais criativos e divertidos dos últimos tempos. Um título que consegue surpreender com novidades ao mesmo tempo em que lhe afaga no conforto de tantos aspectos familiares conforme a história se desenrola. Ouso dizer que mesmo você sendo um fã assíduo dos sistemas de batalha clássicos da franquia, encontrará em Like a Dragon uma experiência divertida e renovada capaz de te fazer esperar que os próximos jogos da série também sigam por este caminho.

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Resumo para os preguiçosos

Yakuza: Like a Dragon é o perfeito exemplo de como uma franquia já estabelecida pode oferecer novidades quando submetida à um processo criativo equilibrado. Mesmo que a história e o enredo possam parecer mais do mesmo, a repaginação no estilo de jogo da a sensação de experiência renovada a cada capítulo que passa.

Dessa forma, a experiência com Ichiban Kasuga parece ser nova e familiar ao mesmo tempo. Dando a oportunidade do game ser aproveitado tanto por quem já é fã de Yakuza há muito tempo, quanto por quem está chegando agora.

Nota final

90
Saiba mais sobre os nossos métodos de avaliação lendo o nosso Guia de Reviews.

Prós

  • Sistema de combate inspirado nos RPG clássicos como Dragon Quest plenamente adaptados
  • História envolvente e enredo repleto de reviravoltas
  • Atividades secundárias
  • Personagens interessantes com histórias próprias e envolventes, que podem ser exploradas conforme o jogador cria laços com cada um.

Contras

  • Algumas atividades secundárias são mais repetitivas do que deveriam
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João Víctor Sartor
João Víctor Sartorhttp://criticalhits.com.br
João Víctor Sartor é colaborador e sex-symbol do Critical Hits. Admirador das boas histórias, almeja de verdade escrever um livro algum dia. Divide seu tempo entre à leitura, jogatina, trabalho, engenharia e quando sobra tempo, vive.