Depois de obter grande sucesso lançando a remasterização da primeiro trilogia de Tomb Raider, a Aspyr decidiu voltar seu olhar para outros jogos mais recentes, mas um pouco menos populares da série. Com Tomb Raider IV-VI Remastered, a empresa atualiza os gráficos de The Last Revelation, Chronicles e The Angel of Darkness, bem como seus controles.
O resultado é uma coletânea que ganha mais pontos pelo trabalho feito pelo estúdio do que pela qualidade das partes que contém. Ao mesmo tempo em que a desenvolvedora cumpre bem o que promete, as características do título presente no pacote fazem com que seja um pouco difícil querer pagar o preço cheio por ele.
Tomb Raider IV-VI Remastered varia na qualidade de seus jogos
Antes de falar sobre os títulos específicos da coletânea, vale a pena destacar as melhorias gerais que a Aspyr fez em todos eles. O processo de remasterização da empresa é competente, trazendo mais detalhes para muitos ambientes sem perder muito da direção de arte que marcou as versões originais.
No entanto, foi impossível deixar de notar que o novo sistema de iluminação adotado pela empresa deixa os cenários consideravelmente mais escuros. Essa diferença fica ainda mais evidente nas cenas não interativas, que trazem a intensidade de sombras como a única diferença notável com suas versões originais.
A desenvolvedora também trouxe a Tomb Raider IV-VI Remastered um novo sistema de controles que, se não é tão robótico quanto o original, também não é perfeito. Ao mesmo tempo que facilita controlar Lara Croft enquanto ela está andando e correndo, ele também peca por não se adaptar bem a mudanças de câmera e por dificultar a execução de alguns desafios de plataforma.
Falando de jogos específicos, a coletânea fica fácil ver o processo de decadência da Core Design que fez com que a Eidos tirasse dela o controle sobre a série. Pressionada a lançar um jogo por ano, o estúdio teve em Last Revelation como o último jogo que realmente trouxe ideias originais e uma história coerente.
Começando com as origens de Lara Croft como uma aprendiz, o jogo acerta bastante ao focar a maior parte de sua ação no Egito e nas catacumbas de faraós antigos. Já Chronicles traz uma história com ambientes mais urbanos e um design de fases às vezes confuso, que mostra que o estúdio não estava dando toda a atenção que merecia a seu polimento.
No entanto, a parte mais desastrosa da trilogia é The Angel of Darkness, cuja presença pode ser considerada uma grande surpresa. Caso você tenha dúvidas se o título merece a má fama que recebeu na estreia, Tomb Raider IV-VI Remastered não deixa dúvidas: o jogo é ruim mesmo, e não é uma remasterização que consegue salvá-lo.
O game traz uma experiência com controles ruins, objetivos que nem sempre ficam claros e trechos de furtividade bem chatos, que resultam em game over caso você seja encontrado. Para piorar as coisas, a aventura é marcada por diversos bugs, tutoriais bastante intrusivos e objetos com os quais nunca dá para ter certeza se é possível interagir. Em resumo, um desastre que gera mais dor de cabeça do que diversão.
Vale a pena?
Como remasterização, Tomb Raider IV-VI Remastered cumpre bem seu objetivo de garantir a preservação de jogos antigos e garantir que eles vão estar acessíveis para plataformas mais recente. Uma de suas características mais legais é a possibilidade de trocar a qualquer momento entre os visuais originais e os renovados, algo que você provavelmente vai passar um bom tempo fazendo para notar as diferenças.
No entanto, o pacote peca por trazer um jogo bom, um somente mediano e outro bem ruim, cujo principal mérito é trazer a primeira versão de Lara Croft dublada em português. Assim, é difícil recomendar a trilogia por preço cheio para qualquer um que não seja um grande fã da personagem. Em uma boa promoção, a experiência pode valer mais a pena, especialmente se você decidir se focar só nas melhores partes presentes nela.
Jogamos Tomb Raider IV-VI Remastered no PlayStation 5 com uma chave fornecida pela publicadora.
Resumo para os preguiçosos
Tomb Raider IV-VI Remastered cumpre bem o propósito de uma remasterização, trazendo visuais e controles renovados para três títulos antigos da série. No entanto, a qualidade das aventuras disponíveis varia bastante, então pode acabar não sendo uma boa ideia investir o preço cheio cobrado pela coletânea.
Prós
- Visuais e controles atualizados
- Last Revelation e Chronicles são jogos que resistiram bem à passagem do tempo
- Permite alternar rapidamente entre visuais clássicos e originais
Contras
- The Angel of Darkness como um todo
- Os controles modernos não resolvem totalmente os problemas de gameplay do original
- Alguns glitches visuais
- Sistema de saves automático que nem sempre funciona