The First Berserker: Khazan chamou atenção por ser um Souls-like com visual de anime e por parecer ter um combate agradável de se jogar, mas será que o jogo realmente vale a pena? É o que vamos descobrir na análise de hoje.
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A história de Khazan
O jogo começa nos apresentando o grande general Khazan, que foi acusado de traição ao império e condenado a morte, mas após ser encontrado por um espírito maligno que possui o corpo dele, Khazan consegue escapar e inicia sua jornada de vingança contra todos que o traíram.

Khazan e o espírito formam um pacto, onde ambos vão se ajudar em seus objetivos, com Khazan buscando sua vingança e o espírito precisando cumprir sua tarefa de restaurar a ordem no submundo.
A história do jogo tem uma premissa bem interessante, e aos poucos a trama vai desenrolando e nos revelando porque Khazan foi acusado de traição e quem realmente foi o grande vilão dessa história sangrenta. Também temos personagens muito bem escritos que acompanham o protagonista durante a jornada e que agregam muito bem para o conteúdo da história.
Apesar da boa premissa e bons personagens, a execução da história não é tão boa assim, com tudo sendo extremamente clichê e uma atmosfera geral que não convence sobre os motivos mais profundos de Khazan para continuar sua jornada de vingança. A reviravolta que temos no meio da história era extremamente esperada e a única maneira dela continuar, tornando tudo previsível demais e sem criatividade no roteiro.
Mesmo assim, a história consegue cumprir seu papel de ser a cereja do bolo, já que o verdadeiro foco de um Souls está na exploração e no combate contra os inimigos e chefes.
Exploração, gameplay e combate
E já entrando nesse tópico, este é sem dúvidas o ponto mais forte do jogo, apesar de algumas ressalvas que incomodam um pouco.
A gameplay parece muito a de Nioh, ao ponto de quase parecer um sucessor espiritual do jogo. Khazan tem acesso a 3 tipos de armas: lança, espada grande e empunhadura dupla com espada e machado, com cada uma dessas armas tendo sua própria árvore de habilidades onde o jogador consegue montar builds completamente diferentes para o mesmo tipo de arma.
Apesar da árvore de habilidades ser interessante, não senti que ela compensou o fato de que o jogo tem somente 3 tipos de armas únicas, e as variações dentro desses 3 tipos são apenas visuais e os status da arma, o moveset em si é o mesmo e se você quiser mudar algo, tem que mexer na árvore de habilidades do jogo.
Esse sistema não me agrada, pois tira um pouco da graça da exploração do jogo, já que as armas vem de forma aleatória só com status diferentes ao derrotar os inimigos, meio que tira um pouco da motivação de achar tudo do mapa em cada cantinho, além de ser um sistema um tanto quanto preguiçoso.

Apesar dessa limitação clara do combate, ele é extremamente fluído, desafiador e muito satisfatório. Apesar de existir uma certa repetição entre os inimigos comuns, no geral o jogo consegue diversificar bem o combate, principalmente contra os chefes que são o grande destaque.
Cada chefe é único e tem movesets e visuais incríveis, alguns Souls-like pecam nesse quesito ao fazer os chefes parecerem mais uma cópia um do outro. Nesse caso não, os chefes são verdadeiras máquinas de matar e vão te surpreender durante a batalha de diversas maneiras. Praticamente todas as lutas de chefe são memoráveis e é disparado a melhor parte de The First Berserker: Khazan.
O único detalhe aqui é que faltou um pouco de capricho nos chefes das missões secundárias, onde quase todos são re-skin de chefes já utilizados na missão principal. Claro, Khazan é um jogo com orçamento menor e é super entendível eles terem abordado as secundárias dessa maneira, mas o aviso ainda é válido para quem pensa em jogar.
Problemas estranhos de balanceamento

Outra coisa importante sobre o combate é que ele parece desbalanceado em certos pontos chave. Por exemplo, a espada grande é infinitamente inferior a lança e empunhadura dupla, ao ponto de certos chefes ficarem quase impraticáveis ao usar ela.
Outra ponto que incomoda muito é o quão devagar é a recuperação de stamina de Khazan, ao ponto de que eu precisei centrar toda a minha build e status entorno disso, e mesmo assim ainda não parece muito justo a forma como ela recupera.
A curva de dificuldade do jogo também é esquisita. No geral a exploração não é muito difícil, mas quando chegamos no primeiro grande chefe relacionado a história, ele vira uma verdadeira máquina de matar imparável, botando até mesmo os melhores jogadores de Souls para lamber o chão. Acontece que ele é o único chefe com essa dificuldade absurda e depois dele os outros parecem mais justos e alguns até mesmo bem fáceis. O que é estranho, já que um dos primeiros chefes do jogo não deveria ser tão difícil assim.
Esses problemas de balanceamento impactaram muito negativamente na minha gameplay, felizmente são coisas simples de se resolver com um patch futuramente, mas fica aqui o aviso de que certas partes do jogo não parecem justas com o jogador.
Design de mapa

Já sobre a exploração e design de mapa do jogo, o sentimento é misto com algumas decisões que empobrecem a experiência de um bom Souls-like. Ao invés de ter um único mapa grande conectado, The First Berserker: Khazan é dividido em missões e cada uma delas são desconectadas do mundo, com um mapa pequeno e mais direto ao ponto para cada uma dessas missões.
A clara inspiração para isso foi Nioh, que também utiliza um sistema bem semelhante, mas isso tira um pouco do charme de um Souls e a graça de explorar um mundo interconectado e achar caminhos bem escondidos entre as áreas.
Vejo isso mais como uma decisão para facilitar o desenvolvimento, já que fazer um mapa completo da muito mais trabalho, mas junte isso ao fato de que as armas são drops aleatórios de inimigos e o ímpeto de explorar diminui bastante, com um grande impacto até mesmo na atmosfera geral do jogo.
Outra coisa que também incomoda muito é o fato do progresso em atalhos dentro dos mapas não ficar salvo permanentemente no jogo, quando comecei a fazer backtracking nos mapas anteriores para pegar os colecionáveis da platina, me deparei com todos os atalhos que eu tinha aberto, completamente fechados. Isso faz parecer que parte do progresso foi jogado no lixo e honestamente não entendi essa decisão de “resetar” certas coisas do mapa após sair dele.
Apresentação audiovisual

Já no quesito audiovisual, o jogo praticamente não tem defeitos. Os gráficos são muito bonitos e a direção de arte é fantástica, o visual de anime casou muito bem com a proposta do jogo e as animações de combate são bem fluídas.
Os mapas são bem variados, com diversidade de áreas como cidades, montes gelados, desertos, fortalezas e castelos. Honestamente, é justamente esse trabalho bem feito na direção de arte que segura bem os outros defeitos do jogo e acaba fazendo você tolerar eles. O único detalhe aqui é que as vezes tem um filtro exagerado demais em certas áreas, ao ponto de incomodar visualmente e dificultar para enxergar inimigos e itens.
No quesito trilha sonora, ela é o que se espera de um Souls, com músicas intensas durante os chefes e inimigos únicos do jogo. Ela não chega a ser protagonista de nada, mas também não atrapalha a experiência de forma alguma.
Por fim, o jogo tem legendas em português brasileiro e não encontrei nenhum erro notável. Não temos dublagem para nosso idioma, mas as vozes em inglês estão excelentes, principalmente a do espectro que consegue dar bastante vida para as cutscenes e diálogos do jogo.
Mas e aí, The First Berserker: Khazan vale a pena?

The First Berserker: Khazan é o Souls-like mais polido do ano até agora, mas isso não quer dizer que ele vai agradar todos os fãs do gênero. Muito pelo contrário, o jogo toma algumas decisões que podem não agradar boa parte dos jogadores de Souls, como o mapa estruturado em missões e o sistema de drops de arma, além da falta de armas verdadeiramente únicas no jogo.
Com cerca de 45 horas para terminar o jogo e fazer todas as suas missões secundárias, The First Berserker: Khazan chega custando R$ 300 reais, quase o preço de um jogo AAA da nova geração e tem seu público alvo bem claro.
Se você gostou de Nioh, muito provavelmente vai amar Khazan. Mas se Nioh não foi a tua praia, pode ser que você não curta muitos aspectos do game, e aí cabe a você decidir se o bom combate e luta contra os chefes é suficiente para te fazer gastar com ele no lançamento, talvez esperar uma promoção seja o ideal nesse caso.
Review elaborado com uma chave para PS5 cedida pela Publisher.
Resumo para os preguiçosos
The First Berserker: Khazan é um Souls-like com excelente combate, mas o sistema de missões e a falta de variedade de armas podem afastar alguns jogadores.
A direção de arte é excelente e o visual de anime combina muito bem com o jogo. Se você gostou de Nioh, existem chances altíssimas de gostar de Khazan também.
Prós
- Combate
- Chefes memoráveis
- Gráficos
- Direção de arte
- Variedade de cenários
Contras
- Sistema de missões
- Falta de variedade de armas
- Problemas de balanceamento
- Level Design
- Repetição exaustiva de chefes nas secundárias
- Execução da história não é boa