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Starfield – Análise – Vale a Pena – Review

Starfield é provavelmente o jogo mais importante do Xbox desde Gears of War, uma franquia nova, de peso e que tem como objetivo fazer os jogadores entrarem de cabeça dentro do ecossistema Xbox. Com a promessa de viagens espaciais e uma aventura com a assinatura da Bethesda Game Studios, será que o jogo consegue entregar todo o hype gerado em cima dele e provar que vale a pena?

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Em Starfield, você controla um minerador espacial criado por você que no primeiro dia de trabalho acaba dando de cara com um artefato incrustrado numa rocha e que lhe proporciona uma visão do cosmos, juntamente com uma música.

Logo após isso acontecer, você é recrutado pela Constelação, uma organização que está reunindo e estudando mais sobre estes artefatos, que são extremamente avançados e certamente não foram desenvolvidos pela humanidade, para partir numa jornada pela galáxia, em busca de mais artefatos desses.

Aqui, a cada missão inicial dessa busca você acaba interagindo com um dos membros da organização, como Sam, Matteo, Walter, Andreja e Sarah, e depois de mais ou menos seis horas de campanha, você é “solto” para escolher com quem continua a aventura principal do jogo.

Essas missões inicias são interessantes e algumas até divertidas, mas na maioria dos casos, nada grandioso realmente acontece, e o jogo acaba fazendo um trabalho bem ruim em manter o interesse do jogador em continuar com ela. O que são os artefatos? Demora uma eternidade pra você descobrir. Quem os criou? Também demora. Por que você tem que reuni-los? Você só descobre isso quase no final do jogo. Perguntas que você pode até se fazer sobre o mundo de Starfield não são muito bem exploradas na main quest do jogo, e quando ele resolve trabalhá-las, a explicação é dada muito rapidamente, ao invés de algo que realmente estimule a curiosidade do jogador pelo universo do jogo.

Durante as missões em que você é obrigatoriamente acompanhado por um companheiro ou outro, você tem apenas uma pequena introdução sobre o motivo deles estarem na Constelação e o que mais eles querem além de participar desse grupo. Se você quiser saber mais sobre eles, você precisará ter este companheiro com você, fazer mais algumas missões para ele ou ela ir se abrindo com você, e aí sim ir liberando pelo menos uma missão dedicada a cada um deles.

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Depois que o jogo te solta para ficar mais livre na mainquest, Starfield acaba entrando num loop que acaba cansando, com missões repetitivas e algumas barreiras artificiais para te obrigar a jogar o conteúdo opcional do jogo para você então conseguir retornar para a quest principal e aí terminá-la, principalmente na forma de falta de dinheiro e de falta de uma nave espacial mais bem equipada para fazer as viagens necessárias das duas missões finais do game.

É exatamente nesse momento em que o seu personagem desperta os poderes que os artefatos lhe conferem, o que numa analogia a jogos da Bethesda, seria quando você começa a aprender os Shouts em Skyrim, mas diferente deste, aqui eu levei mais de seis horas até chegar nesse ponto. Inicialmente, você tem apenas o poder de alterar a gravidade no seu entorno, mas conforme você parte em direção a mais templos destes artefatos que você recuperou, o seu personagem vai aprendendo novos poderes.

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Esses poderes em si envolvem coisas como manipulação da gravidade, dash, reanimação de inimigos mortos e assim por diante. Para ser sincero, eu esperava poderes mais criativos, e novamente comparando com jogos da própria Bethesda, os poderes de Deathloop, por exemplo, acabaram sendo muito mais interessantes do que os de Starfield, e necessários também, já que eu praticamente não usei nenhuma habilidade do começo ao fim da campanha principal.

Aqui ainda vale o registro de que a missão para obter um novo poder é a mesma sempre. Você obtém a localização do templo, viaja para ele, analisa a anomalia com o seu scanner e vai em direção ao templo. Entra nele, toca em algumas anomalias no cenário e desbloqueia o poder novo, e depois deste poder ser desbloqueado, você mata o inimigo que vai te atacar logo em seguida. Todas as sequências destes templos são iguais, e esse processo fica velho rapidamente, ainda mais se você guardar diversos templos para fazer em sequência e obter novas habilidades.

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Ainda sobre a campanha de Starfield, ao completá-la, a sensação que eu tive foi de exaustão, não exatamente por causa da campanha em si, mas por causa da forma como o jogo funciona, e é sobre isso que vamos falar logo em seguida. Antes disso, vale ressaltar que o jogo abre a possibilidade de um Novo Jogo+, onde você pode reaproveitar toda a experiência novamente ou ainda seguir a história de um ponto de vista diferente, assim como também há a possibilidade de você deixar o final guardado para poder assisti-lo quando quiser e ir atrás de outras quests e explorar o universo antes de partir em uma nova jornada.

Como eu acabei de comentar, a sensação que eu tive ao terminar Starfield foi a de exaustão, e o motivo disso é que o jogo infelizmente peca bastante no que diz respeito à qualidade de vida do jogador, e o motivo é que parece que o jogo quer a todo custo de impedir de avançar nas quests ou ainda te forçar a desviar do seu caminho para repor suprimentos, já que a escassez de munição e de itens de cura (ou até mesmo de dinheiro no começo do game) é constante dentro de Starfield.

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O jogo faz uma coisa que eu detesto em jogos do tipo, que é a dos vendedores terem itens finitos e que não são reabastecidos, ou pelo menos o jogo não te avisa quando eles são, se eles forem. Se você chega num armazém geral, por exemplo, ele vai ter dois Medipacks, meia dúzia de munições e assim por diante. Acabou? Azar o seu, vai até o próximo vendedor procurar se ele tem mais. Não tem outro vendedor naquela cidade e nem no planeta inteiro? Que pena, você vai ter que viajar para outro planeta habitado para encontrar outro vendedor que talvez tenha o que você precisa para continuar o jogo.

Eu entendo que parte da imersão seja fazer os itens serem finitos, mas é completamente ridículo ter que ir até outro sistema solar (ou seja, dar um salto de vários anos luz) para poder comprar uma gazua, por exemplo, porque a missão da quest principal que você estava fazendo exigia que você usasse uma para invadir um computador e ela não entregava nenhuma por perto para você fazer isso, algo básico que a maioria dos outros jogos faz, que é te dar as ferramentas necessárias para resolver as questões que ele coloca diante de você.

Isso acaba sendo bastante frustrante em missões onde o tiroteio pega e você está com poucos itens, já que muitas delas acabam não entregando itens de cura na quantidade que deveriam (às vezes você fica mais de uma hora sem encontrar um) ou até mesmo ficam sem dar munição para as armas que você tem.

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Aqui eu acho que Starfield acaba cometendo um pecado bem importante: ele tem tipos de munição demais. Eu não cheguei a contar quantas são, mas passam de 10 tranquilamente, e se um inimigo usa uma arma diferente da sua, pode ter certeza que ele não vai te entregar munição pra arma que você tem, e sim só pra que ele tem. Como há tantos tipos de munição, as chances de você encontrar alguém que use uma arma com o seu tipo é quase nulo na maior parte do tempo, ainda mais se você usa alguma arma realmente avançada que cause bastante dano.

Chegou ao absurdo de na missão final do jogo eu ter que usar armas dos inimigos que estavam mortos no chão porque as etapas inicias dessa missão (cheia de inimigos que são esponjas de balas) drenaram completamente os meus recursos, e toda a preparação que eu havia feito para enfrentar um inimigo que seria bem difícil de vencer com os meus equipamentos (que eram muito bons por sinal) acabou indo por água abaixo, e mesmo na hora em que o jogo resolveu colocar uma pilha de itens logo antes da batalha final, ele só me deu munição pra armas que eu não estava usando naquele momento, ou que eram bem mais fracas do que as que eu tinha, e não, não é possível fabricar estas munições e nem os itens de cura.

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Para ser sincero, eu não teria conseguido vencer o chefe final se eu tivesse que depender dos recursos que eu tinha disponíveis na hora, e então eu tive duas alternativas: fazer todo o caminho de volta até a minha nave, viajar até sabe-se lá qual planeta mais próximo tivesse munição só pra me reabastecer com os recursos que eu precisava mesmo e voltar pra enfrentar o chefe final, perdendo aí uns 10 a 20 minutos nesse processo, ou avançar e torcer pra luta ser fácil, e a minha sorte foi que foi possível “derrotar” o chefe num desafio de convencimento, onde eu acabei ganhando ele na lábia e fazendo ele desistir de me enfrentar.

Além da missão principal, Starfield conta com uma variedade de missões extras, que vão desde missões de facções (eu encontrei 4 até o momento em que estou escrevendo esta análise) e missões soltas, que podem ser para explorar mais sobre o passado de um companheiro ou companheira ou simplesmente uma missão que não tem ramificações, é ir, fazer, coletar a recompensa e partir para a próxima.

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Essas missões de facção têm seus altos e baixos, e uma das que eu fiz foi muito melhor e até mesmo mais interessante e bem conduzida do que a quest principal do jogo, apresentando personagens carismáticos e uma motivação muito mais bem trabalhada do que simplesmente “procura esses pedaços de ferro estranhos aí e vamos ver no que vai dar”.

Já outra delas, conseguiu ser extremamente repetitiva e entediante, com basicamente dois tipos de missão repetidos do começo ao fim dessa questline inteira, me fazendo querer terminá-la o quanto antes só pra riscá-la da minha lista de afazeres.

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Mas, assim como em outros jogos da Bethesda, aqui está a parte mais interessante de Starfield, que é explorar locais, pegar quests e descobrir mais sobre o mundo que acontece em volta do jogo e que funciona de maneira independente à campanha principal dele.

Além dessas missões, às vezes você encontra alguns totens espalhados pelas cidades. Esses totens possuem missões como entregar passageiros ou cargas (e aí a missão é literalmente fazer um fast travel até a localidade desejada e ganhar uns trocos por isso, ou seja, o jogo te paga para ver a tela de carregamento dele) ou caçar inimigos, seja em combate espacial, seja em terra, mas há bem pouca variedade de conteúdo nesse tipo de missão.

Aproveitando que tocamos no combate de Starfield, e esse é de longe o ponto mais fraco do jogo. Sem meias palavras: Starfield tem um combate medíocre e muitas vezes irritante. O gunplay não é divertido nem prazeroso, é no máximo ok, os inimigos são repetitivos e a IA do jogo é uma das piores IAs que eu vi nos últimos anos. A impressão que fica é que até mesmo a IA do criticado Redfall consegue ser um pouquinho melhor do que a de Starfield.

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Os inimigos em muitos casos ficam parados esperando você atirar neles, e só causam dano em você mesmo porque eles quase nunca erram os tiros, mesmo estando do outro lado do mapa, enquanto os seus tiros raramente acertam neles, obrigando você a tomar um monte de dano até encurtar a distância e aí descarregar um pente neles (enquanto eles ficam felizes em servir de alvo estático até você fazer isso). Claro que há inimigos que se movimentam, mas mesmo nesses casos dá pra ver que a IA deles é muito mal feita, com eles trancando no cenário tentando fazer caminhos, ou demorando horrores para reagir quando você surpreende um inimigo pelas costas num tiroteio.

No caso do combate contra monstros, o jogo também tem um combate bem fraquinho, com os inimigos correndo em linha reta até você para tentar te acertar algum golpe físico ou às vezes travando no cenário e esperando pacientemente até você matá-los para seguir em frente. Alguns deles até têm ataques à longa distância, mas novamente a IA do jogo se mostra totalmente mal feita e acaba com qualquer tipo de experiência prazerosa em enfrentar estes inimigos, e ainda por cima eles não dão munição quando são mortos, então meio que são um desperdício de recursos na maior parte do tempo.

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A alternativa ao combate com armas é o combate com armas brancas, mas sinceramente? Consegue ser pior do que o combate armado, já que você também é obrigado a encurtar a distância e causar bem menos dano com uma faca, um machado ou algo do tipo do que com uma metralhadora.

Combate, felizmente, não é a única forma de resolver alguns dos conflitos do jogo. Há diversos momentos em que você pode convencer o adversário (caso ele seja um NPC com nome e sobrenome) de se entregar, ou te dar o que você quer, e aí você terá que vencer um desafio de convencimento, onde você escolhe as respostas e precisa encher uma barra de convencimento até o inimigo fazer o que você deseja.

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Ainda sobre a parte do combate, falemos um pouco agora sobre o combate de naves de Starfield. Essa é de longe a parte mais divertida do jogo. Pilotar uma nave é bem legal, enfrentar inimigos, sejam eles policiais, piratas ou apenas inimigos comuns, é bem divertido mesmo, ainda mais se você investe alguns dos seus pontos de nível nos perks de navegação, escudos e assim por diante. Vale ressaltar, entretanto, que novamente o jogo entra naquele problema que eu comentei da qualidade de vida.

Durante o combate aéreo, você tem um item chamado “partes de nave” para se curar, que geralmente é dado por naves inimigas abatidas, mas nem sempre. Acontece que em algumas missões, o jogo perde completamente a noção e coloca você contra 5 ou 6 naves, e se você deu o azar de estar mal preparado, azar o seu caçando partes de nave pela galáxia para conseguir sobreviver a esse tipo de embate, e mesmo assim, às vezes tudo tem que dar certo nos mais absolutos detalhes para você conseguir sobreviver, já que não há manobras evasivas para você fazer inimigos pararem de atirar em você (e novamente a mira deles é teleguiada para nunca errar, enquanto a sua sofre para conectar tiros de longe).

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Além de destruir naves no combate, você ainda pode abordá-las, para enfrentar a tripulação no bom e velho tiroteio, e além disso também é possível conversar com naves usando o sistema de comunicação do jogo. Às vezes é possível resolver o conflito na conversa, e às vezes você recebe algumas tarefas delas, como uma entregadora do serviço postal interestelar que me pediu pra entregar um SEDEX pra ela pois a nave dela havia estragado no meio da viagem.

Starfield também tem a possibilidade de você explorar e colonizar outros planetas, mas basicamente o que você faz nessas partes é construir entrepostos nos locais para que participantes da sua tripulação façam a mineração de recursos naturais destes locais. Aqui, é importante ressaltar que  a campanha principal do jogo até dá a possibilidade de você construir um desses assentamentos numa das missões dela, mas isso é totalmente opcional, e se você fizer isso, acaba sendo mais uma distração que força você a ficar indo até lá caso aconteça algum problema, do que algo que realmente contribua com o jogo.

Ainda sobre a exploração de planetas, apesar do jogo fazer a propaganda de que possui centenas de planetas para você explorar, durante a quest principal do jogo você explora cerca de 15, e eles funcionam praticamente da mesma forma como as cidades de Fallout, ou seja, ou os planetas possuem cidades naquele esquema futurista como Jamison, a cidade principal do jogo, ou eles são temáticos, como Neon, a cidade cyberpunk do jogo, ou a cidade do Velho Oeste e assim por diante.

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Caso você prefira, é possível pousar em qualquer parte do planeta e sair por aí andando, explorando e enfrentando inimigos, mas novamente o jogo entra no problema da escassez de itens e o que você vê pelo cenário é uma grande imensidão vazia com pedrinhas pra você quebrar e usar nos seus assentamentos para ganhar dinheiro e não fazer muita coisa além disso.

Finalmente, ainda há estruturas soltas em alguns planetas, como estações e fábricas abandonadas, mas novamente, é só mais conteúdo para entrar, pegar alguns itens, matar foras da lei ou monstros e coisas do tipo, nada que realmente agregue algo ao jogo, estão ali só pra deixar ele maior mesmo.

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Durante o tempo em que eu joguei Starfield, eu passei a maior parte dele jogando no Xbox Series X. Aqui, o desempenho do jogo foi satisfatório na maior parte do tempo. Há sim slowdowns em alguns momentos, principalmente quando a sua nave está decolando ou aterrissando (ou seja, momentos não interativos) e também de vez em quando em momentos em que você está andando pela cidade, mas durante os combates, o jogo entregou um desempenho sólido e estável.

Um ponto a se ressaltar em Starfield é que parece que a engine usada para o jogo simplesmente chegou no limite do que a Bethesda consegue fazer com ela. Há claros sinais de que a tecnologia usada é ultrapassada, já que há coisas inexplicáveis que acontecem de maneira muito mais frequente do que deveriam e que foram soluções criativas que os desenvolvedores adotaram para fazer o jogo rodar nesse motor que já é bem conhecido por eles.

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Um exemplo disso é nas cidades do jogo. Não é uma nem duas vezes que você está andando pelo espaço aberto da cidade e precisa entrar em alguma loja. Digamos que há três lojas dessas em sequência, uma delas provavelmente você vai ter que entrar na porta e passar por uma tela de carregamento para chegar no vendedor e aí ter que passar por outra para voltar para a cidade. Parece até que a memória disponível acaba nesses momentos e os desenvolvedores precisam tomar esse tipo de decisão para colocar mais coisas no cenário, só que os carregamentos são constantes dentro do jogo.

Outro exemplo disso é na viagem interplanetária. Tem momentos em que você consegue sair do lugar onde você está num planeta direto pra outro, mas caso isso não seja possível, você tem que ir andando até a sua nave, “teleportar” até o cockpit, traçar a rota, abrir o menu, dar o salto gravitacional e passar por mais uma tela de carregamento, chegar na órbita do planeta, abrir o mapa novamente, escolher onde você vai pousar e ter mais uma tela de carregamento até finalmente estar no planeta.

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E isso se você não tem que dar uns 2 ou 3 saltos gravitacionais para chegar num planeta numa galáxia distante, caso isso aconteça, você tem que repetir o passo de abrir o mapa e dar o salto múltiplas vezes até chegar no lugar que você quer, fazendo a sua viagem ser cada vez mais longa.

Outro ponto que precisa ser comentado em Starfield é que o jogo tem sim bugs. São bugs que quebram o jogo? Não na maior parte do tempo, mas houve algumas vezes em que sim, o meu personagem travou no cenário e eu tive que reiniciar o jogo para poder continuar pois não tinha como eu me destravar de lá.

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Além disso, há diversos bugs de acabamento dentro do game, como por exemplo personagens caminhando e passando no meio de conversas de você e outros NPCs, personagens participando de conversas estando em outro andar ou até do outro lado da parede porque eles pararam de caminhar quando você iniciou a conversa, personagens errando o caminho na hora de te seguir e ficando presos ou saltando por aí para encurtar distâncias, naves decolando e jogando fogo em cima de NPCs que resolveram passar pelo cenário bem na hora e assim por diante.

E notar esse tipo de problema nem é tão difícil assim, basta você ficar parado em qualquer cidade do jogo e observar as rotas feitas pelos NPCs enquanto caminham pela cidade. Vai ter gente se atropelando e trancando no cenário a todo momento, problemas esses que a gente vê em jogos da Betehesda desde Fallout 3 até hoje.

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Para completar, Starfield ainda começou a parar de carregar partes dos cenários e dos modelos dos personagens a partir de certo ponto da campanha, resultando não só naquele bug que marcou Assassin’s Creed Unity onde o rosto do personagem desaparece, mas outros tipos de bizarrice também.

Esse bug aconteceu comigo depois de mais ou menos 15 horas com o jogo ligado direto (apenas suspendendo o jogo no Xbox Series X). A impressão que eu fiquei, foi que o jogo ficou sem memória para carregar as texturas dos rostos e partes dos corpos dos personagens. Inicialmente, isso aconteceu apenas com os cabelos de alguns personagens que até então tinham cabelos, algo que realmente me pegou de surpresa, já que todo personagem calvo que aparecia eu me perguntava se ele era realmente calvo ou o jogo havia dado problema novamente.

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Só que recarregando a área, alguns desses personagens sem cabelo faziam um rápido tratamento capilar e recuperavam suas madeixas ou usavam uma peruca, e isso obviamente não é algo que compromete o gameplay, só é engraçado.

Bom, depois de algumas horas, o jogo simplesmente começou a se desintegrar na minha frente, e aí partes do cenário não carregavam, como o chão, e o jogo simplesmente desistiu de carregar os rostos tanto do meu personagem quanto dos NPCs que eu abordava, resultando num show de horrores como é mostrado no review em vídeo do jogo.

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Depois disso, o jogo acabou crashando pra mim e ao inicia-lo novamente, esse bug não aconteceu outra vez até o final do jogo, então imagino que seja mesmo um caso extremo dele não sabendo reciclar muito bem a memória, e algo que a Bethesda venha a corrigir no futuro, mas ainda assim vale a pena ser ressaltado, ainda mais que por mais engraçado que seja ver o rosto de um boneco não carregando, não é legal tentar saber onde o cenário começa e termina quando partes do chão ficam transparentes.

Após este acontecimento e o jogo ser recarregado, ele voltou a funcionar como antes, ou seja, com a IA ruim, mapas de deslocamento mal feitos e tudo mais, mas sem rostos desaparecendo.

Além desta vez, o jogo acabou crashando pra mim mais uma vez no Series X e outra vez no Series S, mas esses travamentos fatais não parecem ser tão frequentes assim.

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Graficamente, Starfield é um jogo ok. Para ser sincero, eu não gostei muito dos gráficos do jogo. Os modelos não são tão bonitos assim e as paisagens ainda que diversas, não fogem muito do que a gente vê nos jogos da Bethesda Game Studios. O jogo também não conta com cutscenes especiais nem mesmo quando você adquire poderes, apenas algumas animações psicodélicas envolvendo os artefatos. Eu esperava bem mais nesse departamento.

No PC, no tempo em que eu testei o jogo, deu para notar que Starfield é um jogo que vai exigir ou que você deixe com ele no médio pra mínimo caso queira jogá-lo a 60 quadros por segundo ou vai ter que se acostumar com o jogo rodando abaixo desse valor em configurações mais altas.

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No meu computador (Ryzen 7 5800x, GeForce 2080 Super e 32gb de ram DDR4), o jogo rodou a 50 FPS nas cidades e a 75 em ambientes fechados, na resolução Quad HD com o FSR2 ligado e o preset no Alto. Caso eu baixasse para o médio, tudo ficava acima dos 60 FPS.

Um ponto a ressaltar aqui é que o jogo não possui trava de framerate na versão de PC, ou seja, é impossível forçar o jogo a 30, 60 ou outra configuração de FPS caso você assim deseje, a menos que você use um aplicativo de terceiros para isso.

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No Steam Deck, no Windows, com tudo no low e o FSR2 ligado, o jogo funcionou a 35 FPS em áreas fechadas e cerca de 30 em áreas abertas. Como eu só testei a versão de Windows, por causa do Xbox Play Anywhere, pode ser que a versão do Steam OS funcione melhor, mas de qualquer forma pouca gente vai comprar Starfield para jogá-lo exclusivamente dessa forma, então isso acaba sendo mais uma curiosidade mesmo.

Já no Series S, Starfield roda a contento. Obviamente o jogo não está tão bonito quanto no Series X, e eu achei ele um pouco embaçado, mas o que mais me incomodou mesmo foi os efeitos de iluminação do jogo nessa versão, que ficaram muito estranhos. No review em vídeo é possível conferir um pouco mais sobre essa parte. Felizmente, o jogo mantém na maior parte do tempo os 30 quadros por segundo.

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Ainda sobre o Series S, de longe o que mais incomoda no jogo são os efeitos de luz no console, a luz parece completamente artificial na maior parte do tempo, e há momentos até em que ela está completamente errada, como é possível conferir no review em vídeo.

Aqui ainda vale ressaltar um ponto que eu esperava mais de Starfield na apresentação visual do jogo: ele não tem nenhuma cutescene. Ok, eu entendo que esse é o jeito da Bethesda de trabalhar nos jogos deles desde 2007 ou 2008, mas sinceramente, tem momentos da história que seriam enriquecidos por uma animação.

Um exemplo disso é quando você ganha poderes. Eu não vou dar spoilers do que acontece exatamente, mas se o jogo não tivesse avisado que eu tinha que acessar um menu pra escolher que poder eu queria, eu poderia ter continuado jogando mais umas 2 ou 3 horas até me dar conta da novidade. É bizarro pensar que um jogo que ficou 8 anos em desenvolvimento não tem uma cutescene sequer e aposta todas as fichas dele nessas conversas em câmera fixa com um boneco meio robótico falando contigo e acha que isso é o suficiente.

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Para completar, a trilha sonora do jogo é boa e a dublagem também é boa, mas aqui eu encontrei alguns bugs na mixagem de áudio. Às vezes o som de personagens falando lá longe ficam mais altos do que os dos seus companheiros ou de quem está falando com você no momento, ou seja, mais um problema de acabamento do jogo.

Mas e aí, Starfield vale a pena?

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Starfield é um jogo com a assinatura da Bethesda, ou seja, se você gostou de Skyrim e Fallout, ele é um jogo pra você, mas saiba que ele é praticamente um mais do mesmo que a companhia está fazendo desde 2008, sem nenhuma grande novidade ou inovação, mesmo já tendo passado duas gerações de console desde esse primeiro lançamento.

Isso é ruim? Depende de para quem você perguntar. Eu sinceramente esperava mais deste jogo do que um Fallout no espaço, esperava um sistema de combate bem melhor do que o apresentado, uma IA mais bem trabalhada e menos problemas de acabamento, além de uma main quest que fosse realmente interessante, e não mal trabalhada, mas apesar dele parecer datado, o charme do jogo está no mundo em volta dessa main quest, exatamente como tudo o que a Bethesda fez até hoje.

Seja como for, esse é exatamente o tipo de jogo que o Xbox estava precisando: uma experiência com muito conteúdo e ambição para chamar de seu.

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Resumo para os preguiçosos

Starfield é um projeto bastante ambicioso por parte da Bethesda, mas que cai nos mesmos erros que a companhia comete desde 2008, ou seja, um combate medíocre acompanhado de uma IA fraquíssima e uma campanha principal fraca salva por um mundo bem interessante em seu entorno.

O jogo é basicamente um Fallout 4 no espaço, com a adição de combate espacial, mas sofre com problemas de acabamento típicos dos jogos da Bethesda, como personagens perdendo as rotas e colidindo em paredes, praticamente nenhuma cutscene, diálogos robóticos e coisas do tipo.

Apesar das falhas, o jogo claramente tem um charme dentro de si, e quem for fã do que a Bethesda andou produzindo nos últimos 15 anos, certamente vai gostar dele.

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Nota final

70
Saiba mais sobre os nossos métodos de avaliação lendo o nosso Guia de Reviews.

Prós

  • Boas histórias paralelas e sidequests, principalmente as das facções
  • Boa trilha sonora

Contras

  • Combate medíocre e irritante
  • IA praticamente inexistente
  • Problemas de acabamento típicos dos jogos da Bethesda, como bugs e crashes
  • Sem opções de v-sync no PC
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Eric Arraché
Eric Arrachéhttp://criticalhits.com.br
Eric Arraché Gonçalves é o Fundador e Editor do Critical Hits. Desde pequeno sempre quis trabalhar numa revista sobre videogames. Conforme o tempo foi passando, resolveu atualizar esse sonho para um website e, após vencer alguns medos interiores, finalmente correu atrás do sonho.