Antes de comentar a notícia propriamente dita, deixa eu explicar certinho o que aconteceu. Há um tempo atrás, saiu uma notícia dizendo que o Governo Brasileiro ofereceria um benefício aos apreciadores de atividades culturais, chamado de Vale-Cultura. Essa assistência será oferecida a trabalhadores que ganham até 5 salários mínimos, para que possam desfrutar de teatros, cinemas e esse tipo de coisa. Pra você entender melhor, segue abaixo a explicação contida no site do Governo:
“O Vale-Cultura é um benefício que será destinado a todos os trabalhadores que ganham até cinco salários mínimos, com o objetivo de garantir meios de acesso e participação nas diversas atividades culturais desenvolvidas no Brasil.
É parecido com o vale-transporte ou o vale-refeição. O trabalhador receberá um cartão magnético, complementar ao salário, que poderá utilizar para entrar em teatros, cinemas, comprar livros, CDs e consumir outros produtos culturais. O vale mensal será de R$ 50.”
Tá beleza, mas o que isso tem a ver com games? Eu explico. Na semana passada, resolveram entrevistar a então Ministra da Cultura, a excelentíssima senhora Marta Suplicy sobre o tal do Vale-Cultura, e alguém indagou se os games entrariam no benefício. A ministra foi seca e categórica em responder: Nem pensar.
É lastimável ver que o próprio ministério da cultura, não acompanha as mudanças culturais do próprio país, quem dirá do mundo. Assim como as HQ’s, que geram muito dinheiro vendendo histórias e na minha opinião, cultura no seu estado quase puro, eu acredito que os games podem sim oferecer uma experiência tão imersiva quanto um livro, por exemplo. Claro, jogar uma partida de Black Ops 2 talvez não te ensine muita coisa alem de que um tiro na cabeça mata na hora, mas eu acho que vocês entenderam o espírito da coisa. Caso a resposta ainda seja negativa, leiam esse texto do Eric que traduz perfeitamente o que eu quero dizer.
A declaração não gerou alvoroço somente na comunidade “gamer”, pois até o próprio presidente da Acigames, Moacyr Alves Junior, enviou uma carta de repúdio a declaração da ministra, dizendo que a afirmação pode ser considerada um grave preconceito. Segue um trecho que foi tirado lá do NerdPai:
“Infelizmente, essa notícia pode se espalhar no mundo inteiro, que hoje enxerga games como uma das mais fortes fontes de renda na economia criativa e de cultura, ultrapassando a indústria do cinama já há dois anos. Se games não são considerados cultura por nossa própria ministra, essa é uma afirmação de grave preconceito e um desrespeito a todos os trabalhos acadêmicos e científicos na área. Games são a nova expressão digital do mundo e nos países desenvolvidos – isso é deixado bem claro“
Eu já consideraria a carta do presidente da Acigames o suficiente para tentar mudar o conceito da ministra, mas se não bastasse isso, a Square Enix resolveu se pronunciar e enviou o seguinte ofício à Marta Suplicy (clique na imagem para ampliá-la).
Acho que nem é preciso falar mais nada né? Mas só pra terminar, eu acho importante ressaltar que eu acredito que toda essa revolta não se deve ao fato dos jogos de videogame não estarem inclusos no Vale-Cultura, e sim pelo fato de não serem considerados cultura propriamente dita pela própria ministra. Quem gosta de jogos geralmente já sofre muito preconceito por parte da mídia principalmente.
Já ouvi dizer que todo mundo que gosta do assunto é nerd, gordo tetudo, que não consegue, que tem pré-disposição pra violência, e agora parece que tão tentando dizer que também somos aculturados. Já é hora de alguem perceber que esse esteriótipo formado lá na década de 90 já não é mais tão evidente assim, e que os jogos de videogame estão presentes na formação da nossa geração. Talvez eles não tenham papel determinante na educação de ninguém, mas convenhamos que merecem um pouco mais de respeito.
Não se esqueçam de ler o que o Eric tem a dizer sobre isso: http://criticalhits.com.br/o-que-eu-aprendi-com-jogos-de-videogame/
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