SNK vs. Capcom SVC Chaos – Análise – Vale a Pena – Review

Após uma década dominando os arcades e consoles de mesa, os jogos de luta chegaram ao ápice de seu formato 2D no começo dos anos 2000. Nessa época, Capcom e SNK se juntaram para trabalhar em diversos crossover de sucesso, sendo que SNK vs. Capcom SVC Chaos pode ser considerado o “patinho feio” entre eles.

Criado em uma época na qual a SNK estava prestes a decretar falência, o jogo é na verdade o segundo título da parceria desenvolvido por ela. O primeiro deles sai em 1999 na forma de SNK vs. Capcom: The Match of the Millenium, um título exclusivo do Neo Geo Pocket que foi revivido em outras plataformas em um bom relançamento de 2021.

Já SVC Chaos chegou em 2003 com a proposta de reunir os personagens das duas empresas com um estilo de jogo digno de The King of Fighters. Mas será que essa mistura funciona e, o mais importante, resistiu tempo suficiente para que valha a pena investir no relançamento?

SNK vs. Capcom SVC Chaos é um retrato de sua época

Ao iniciar uma partida de SNK vs. Capcom SVC Chaos, somos transportados diretamente para o momento em que sua desenvolvedora se encontrava no começo dos anos 2000. Uma mestra da pixel art, ela estava sendo forçada a reaproveitar modelos de personagens e a criar games com orçamentos cada vez mais apertados para tentar sobreviver.

De certa forma isso fica evidente no título, especialmente quando comparado com os dois excelentes Capcom VS. SNK que a empresa rival produziu durante o mesmo período. O principal defeito do jogo, no caso, é a baixa resolução de seus personagens que, graças a técnicas de remasterização, acaba sendo minimizada no lançamento atual.

Também não ajuda muito o fato de que personagens como Kyo, Terry e Iori, do lado SNK, trazem uma dose generosa de golpes e hitboxes “reciclados” de outros títulos anteriores. Curiosamente, o lado Capcom parece ter recebido mais carinho, rendendo alguns lutadores com animações bastante interessantes — e o Guile mais diferenciado da história.

Em geral, SNK vs. Capcom SVC Chaos é um jogo competente, mas que não tem o glamour que se esperava da parceria. Com somente um estilo de gameplay e lutas 1v1, ele joga como uma versão simplificada de The King of Fighters que, se rende lutas divertidas, parece faltar em “sustância”.

Nesse sentido, o relançamento ajuda ao fornecer acesso imediato ao elenco de personagens secretos, incluindo a primeira aparição de Violent Ken — que só apareceria em um game da Capcom em 2017, quando Ultra Street Fighter II chegou ao Switch. Também ajuda muito o fato de ele ter sido adaptado para telas e resoluções modernas, garantindo uma experiência melhor do que a fornecida pelos emuladores com os quais os fãs lideram durante muito tempo.

No entanto, fica o alerta: assim como outros jogos da SNK na época, o arcade pode ter picos de dificuldade brutais, especialmente para quem é um novato. Assim, não se espante se você chegar na terceira luta sendo massacrado pelo spam de golpes adversários — isso não significa necessariamente que você é ruim em jogos de luta, embora a situação possa se agravar um pouco caso esse seja o caso.

Com isso, a curva de aprendizado pode ser um pouco alta, embora seja compensada pelo rico material já criado pela comunidade nas duas últimas décadas. É uma boa ideia consultá-lo antes de se aventurar no excelente multiplayer com rollback netcode, especialmente porque ele é bastante povoado por fãs que já moldaram suas habilidades usando emuladores.

Mas e aí, SNK vs. Capcom SVC Chaos vale a pena?

Vamos ser sinceros: caso você não tenha a nostalgia da época do lançamento, SNK vs. Capcom SVC Chaos não é o melhor jogo de luta do mercado, tampouco é o mais fácil de aprender. No entanto, quem sempre foi um fã das duas empresas vai encontrar nele uma experiência que, se tem defeitos evidentes, ainda assim consegue ser divertida.

Esse é daqueles jogos perfeitos para você jogar de forma casual com amigos com mesmo nível de habilidade, sem se preocupar quem é melhor ou pior. No entanto, não espere encontrar aqui a SNK em seu auge, tampouco o jogo de luta mais balanceado — para isso, será preciso esperar que a Capcom também pese seu lado da balança e decida relançar os crossovers produzidos por ela.