O debate sobre os serviços de assinatura no mercado de jogos digitais ganhou ainda mais força após declarações de dois ex-executivos de peso da indústria. Para muitos jogadores, plataformas como Game Pass e PlayStation Plus representam praticidade e acesso a uma vasta biblioteca de títulos. No entanto, para quem desenvolve os jogos, a situação pode ser bem mais complicada.
As críticas de Pete Hines
Pete Hines, ex-chefe de Publicação e Comunicação da Bethesda, afirmou em entrevista que os serviços de assinatura não estão recompensando adequadamente os criadores de conteúdo. Segundo ele, antes mesmo de deixar a empresa em 2023, já era possível perceber decisões que não valorizavam o trabalho dos desenvolvedores.
Hines destacou que a sustentabilidade desse modelo depende do equilíbrio entre as necessidades das empresas que administram as plataformas e os estúdios que produzem os jogos. Sem essa harmonia, os criadores ficam em desvantagem, recebendo menos reconhecimento e compensação pelo esforço dedicado à produção de títulos completos.
As críticas de Hines foram reforçadas por Shannon Loftis, ex-executiva da Xbox Game Studios, que atuou quase 30 anos na Microsoft. Ela explicou que, embora existam casos em que jogos menores ganharam visibilidade graças ao Game Pass, a maioria dos lançamentos sofre queda significativa em vendas no varejo.
Loftis afirmou ainda que, a não ser que o jogo seja pensado desde o início para monetização após o lançamento, o impacto financeiro tende a ser negativo. Essa situação cria tensões internas entre estúdios e publicadoras, já que o retorno obtido muitas vezes não compensa o investimento inicial.
Crescimento dos serviços de assinatura
Mesmo com essas críticas, o mercado segue em expansão. Em junho de 2025, os serviços de assinatura de games nos Estados Unidos registraram um recorde de US$ 562 milhões em gastos, segundo dados da Circana. Isso reforça o interesse de gigantes como Microsoft e Sony em continuar investindo nesse modelo, ainda que os desenvolvedores nem sempre recebam a fatia justa desse crescimento.
Durante a entrevista, Pete Hines também comentou sobre seu maior arrependimento na Bethesda: a polêmica edição de colecionador de Fallout 76. A versão prometia uma bolsa de lona, mas entregou um item de nylon mais barato, gerando enorme revolta entre os fãs. Apesar da compensação inicial ter sido insuficiente, a empresa acabou enviando a bolsa prometida posteriormente.