Sakura Wars é uma franquia que transcendeu o tempo e as plataformas onde já esteve. Lançado originalmente para Sega Saturn, a saga recebeu múltiplas versões posteriores, sendo portado para Dreamcast e até mesmo PC’s. Durante a era do PS2, a franquia recebeu uma continuação, e perdurou por meio de vários títulos subsequentes.
Dito isso, Sakura Wars está de volta em um título inédito para o PS4, e nós do Critical Hits tivemos a oportunidade de revisar este retorno inesperado.
Uma saga sobre robôs e demônios, mas principalmente, amizade
A trama de Sakura Wars gira em torno da personagem Sakura, que visa se tornar uma combatente tão feroz quanto à guerreira que a salvou em sua infância. No entanto, o protagonista deste novo game não se trata de Sakura, mas sim, Seijuro Kamiyama. Ao longo de nossa jornada, Seijuro e toda a equipe da Divisão das Flores (composta inteiramente por membros femininos), visam tornar-se referência no combate aos demônios que assolam a era fictícia Taisho.
Enquanto enfrenta demônios nas ruas de Ginza, Seijuro e suas companheiras também possuem a difícil missão de enfrentar outros pilotos nos Jogos Mundiais de Combate Revue. Durante a campanha do game, o jogador alterna entre ambos os desafios, à medida que uma subtrama se desenvolve nos bastidores. Mas não somente isso, como as amizades e as relações com suas companheiras são de extrema importância para o desenrolar da trama.
Em termos de história, Sakura Wars possui um universo vasto, que conta com múltiplas histórias que antecedem a jornada de cada personagem. Embora seja uma espécie de “revival” da saga, aqueles que conhecem a trajetória da franquia conseguem perceber que o game aborda uma espécie de “sequência espiritual“. E isso porque, de certa forma, o novo Sakura Wars dá continuidade aos eventos que testemunhamos em So Long, My Love (lançado em 2005).
Infelizmente, se você não está familiarizado com a saga original, a sensação de estar “perdido” é mais do que natural.
Mecânicas que vão além do combate
Em suma, Sakura Wars propõe uma mescla entre atividades compostas por combates e relações com as personagens da Divisão das Flores. Isso significa que, em boa parte do game, sua função será cumprir missões e requisitos estipulados por Sakura e outras companheiras.
Afim de tornar essa experiência mais dinâmica, o game implementou o chamado LIPS. Este, por sua vez, se trata de um sistema onde – em conversas específicas – o jogador observa a tela e capta alguns elementos para prosseguir o rumo da conversa. Por consequência, quanto mais pistas utilizadas no cenário, maior será sua interação com a personagem que estiver conversando. Entretanto, todos os resultados culminam em uma aproximação “amorosa“, concedendo liberdade para o jogador se relacionar com os membros de sua equipe. Tal sistema traz um bom segmento para diálogos variados, mas ainda assim, não foge dos clichês de romances que encontramos em obras japonesas.
O game também traz uma boa dose de exploração, mas infelizmente, seus cenários são extremamente limitados, e podemos apenas vasculhar áreas específicas de Ginza. Existem vários recursos – como o Teletron – que monitoram o progresso dos objetivos relacionados a Divisão, ou então, captam sinais de demônios para dar início a um combate (seja no meio da cidade ou em outros cenários).
Onde estão os combates que eu vi naquele trailer?
Apesar do game abordar a saga da humanidade contra os demônios – e a ascensão de vários grupos de combate – é interessante notar que este elemento não é tão utilizado como imaginamos. No geral, o jogador passa muito mais tempo procurando por itens e conversando do que efetivamente enfrentando demônios. Além disso, leva um certo tempo até que Seijuro e suas aliadas estejam aptas para os Jogos Mundiais de Combate Revue, e por consequência, demora consideravelmente até que você possa realmente usufruir dos confrontos em sua totalidade.
Além disso, a necessidade de gerenciar o nível de amizade com outras personagens sobrepõe outros aspectos do game, e no geral, você percorre o game todo com o intuito de deixar as personagens satisfeitas com a sua liderança.
Felizmente, o combate traz uma boa variedade quanto ao uso dos robôs. Apesar de Seijuro ser o protagonista da trama, é possível utilizar Sakura e outras companheiras enquanto estiver enfrentando demônios (ou outros Revue durante o torneio). Desta forma, o game não limita o jogador a um único estilo, e permite desfrutar uma certa variedade de golpes e armas interessantes. Em contrapartida, por se tratar de um combate simples, não há elementos complexos nos confrontos, e basta esmagar os botões do controle até que seus inimigos sejam eliminados. E infelizmente, os inimigos duram muito menos do que poderiam, tornando o combate mais fácil do que deveria.
Um típico game com formato de anime
Se tratando da parte visual, Sakura Wars possui designs interessantes em sua composição. Evidentemente, tal êxito é um mérito para o mangaká Tite Kubo (também responsável pela saga Bleach). Em alguns frames da história, o game traz um visual digno de um anime, e também apresenta algumas situações estonteantes.
Por outro lado, o game não foge do estilo gráfico comum que encontramos em outros jogos baseados em animes. Por exemplo, cutscenes não são tão utilizadas quanto poderiam, e no geral, nos limitamos a uma tela de diálogo com personagens estáticos. Para contrapôr essa questão, o sistema LIPS adiciona um certo dinamismo, mas ao mesmo tempo, não se trata de um recurso utilizado com frequência, e por vezes os diálogos se mostram mais do que entediantes.
Em função da trilha sonora, Sakura Wars segue um ritmo coerente, e tende á criar uma atmosfera épica com certa facilidade. Porém, são poucos os momentos memoráveis que o game apresenta, e no geral, é difícil você se agarrar a uma cena específica.
Vale a pena investir em Sakura Wars?
O peso de Sakura Wars é muito maior para aqueles que conhecem a franquia. Caso você já esteja habituado com o formato tradicional dos jogos anteriores, a experiência se mostrará muito mais proveitosa. No entanto, o título é pouco amigável com aqueles que não estão familiarizados com a saga, e de forma geral, não empolga tanto quanto poderia.
Os combates são mais escassos do que o material promocional fez parecer, e se você espera adentrar em combates com frequência, certamente se sentirá frustrado com o desenrolar da campanha. O formato episódico facilita acompanhar seu progresso, mas ao mesmo tempo, cada capítulo traz múltiplas situações onde o objetivo geral é correr por todos os lados e conversar com as pessoas. Ocasionalmente você enfrentará alguns demônios, mas o sistema de combate simplificado torna esses momentos tão ágeis quanto pouco desafiadores.
Resumo para os preguiçosos
Sakura Wars é um RPG pouco proveitoso para aqueles que não conhecem a saga. Sendo uma espécie de sucessor indireto da franquia, o game propõe uma boa dose de relações com as personagens da Divisão das Flores, e alguns combates ocasionais. Tudo é muito simples, e no geral, você terá que correr e conversar mais do que enfrentar demônios na cidade de Ginza.
Prós
– Sistema de combate simples
– Momentos épicos trazem a atmosfera de um anime
– Variedade de Revues para utilizar
Contras
– Combate curto e pouco desafiador
– Objetivos repetidos com frequência
– Sistema de diálogos pouco atrativo