Quando o primeiro Mortal Kombat chegou às lojas em 1992, ele revolucionou o segmento dos jogos de luta por trazer gráficos bastante realistas misturadas a uma dose de violência sem igual. Fruto do trabalho da dupla Ed Boon e John Tobias, o game não conquistava somente pela polêmica, trazendo sistemas de gameplay únicos que continuaram a ser refinados com o passar dos anos e o lançamento de sequências.
No entanto, como acontece com quase todo produto de sucesso que já viveu mais de 30 anos, Mortal Kombat também passou por vários altos e baixos. Entre spin-offs que não deram muito certo e uma falta de rumo durante a época do PlayStation 2, a franquia parecia destinada a desaparecer antes que um reboot a voltou a colocar nos eixos.
Venha com a gente enquanto voltamos no tempo e apresentamos quais são os piores e os melhores jogos dessa grande franquia de jogos de luta. As posições se baseiam no lançamento original de cada game, deixando de lado possíveis versões mais completas ou correções que tenham sido lançadas posteriormente.
Do pior ao melhor Mortal Kombat
Mortal Kombat Advance (Menção honrosa)
- Ano de lançamento: 2001
- Plataformas: Game Boy Advance
A versão de Game Boy Advance de Mortal Kombat 3 não somente é a pior maneira possível de conhecer a série, como figura facilmente na lista dos piores jogos de todos os tempos. Mesmo levando em consideração os limites técnicos do hardware da Nintendo, a adaptação feita pela Virtucraft é simplesmente horrível.
Enquanto o corte de fatalities e friendships é compreensível, não dá para desculpar os comandos que não respondem bem e as hitboxes completamente quebradas. Até dá pra se divertir com ele, contanto que isso seja feito na base da zoeira de seus bugs bizarros e sistemas que não funcionam como deveriam.
Mortal Kombat: Special Forces
- Ano de lançamento: 2000
- Plataformas: PlayStation
É muito comum que séries longas tenham spin offs que explorem outros gêneros que podem não estar necessariamente relacionados à série principal. No caso de Special Forces, o game tentava mostrar eventos que precediam o primeiro Mortal Kombat, colocando Jax como protagonista de seu próprio jogo de ação.
No entanto, nem mesmo a caçada a Kano e a tentativa de expandir a história da franquia compensam jogar esse game repetitivo e sem muita graça. Com um sistema de combate fraco e nenhuma espécie de fatality, o título consegue ser pior do que ruim: ele simplesmente existe em um limbo de mediocridade eterna.
Mortal Kombat Mythologies: Sub-Zero
- Ano de lançamento: 1997
- Plataformas: PlayStation, Nintendo 64
O primeiro grande spin-off de Mortal Kombat, Mythologies: Sub-Zero é a prova de que um sistema que funciona em um contexto não necessariamente vai dar certo em outro. Estrelado pela versão original do ninja azul favorito de todo mundo, o título simplesmente pegava as mecânicas de luta de Mortal Kombat 3 e tentava fazer um jogo de plataforma a partir disso.
O resultado é um título que tem uma história muito importante para quem liga para a mitologia da série, mas que não funciona muito bem na prática. O game permanece um experimento interesse, mas suas batalhas chatas e controles confusos são o que acabam ficando na memória após o fim da jogatina.
Mortal Kombat: Armageddon
- Ano de lançamento: 2006
- Plataformas: PlayStation 2, Xbox, Wii
Aquele que prometia ser o jogo mais ambicioso de toda a série, trazendo o elenco completo de personagens criados até então, acabou sendo uma decepção. Enquanto outros jogos de luta 3D cresciam em qualidade, a série Mortal Kombat dava sinais de cansaço e apelava para muitos personagens com design pouco inspirado.
Também não ajudou que, devido ao tamanho do elenco, os desenvolvedores tiveram que reduzir os estilos de luta disponíveis para cada um deles. O resultado foi um jogo que até diverte, mas que deixa claro que seus recursos de desenvolvimento não acompanharam as ambições de sua história e de seu imenso elenco.
Mortal Kombat vs. DC Universe
- Ano de lançamento: 2008
- Plataformas: PlayStation 3, Xbox 360
Você está desculpado se não lembra desse crossover entre os personagens da DC Comics e o universo de Mortal Kombat. O game chegou às lojas em um momento no qual a história da série havia teoricamente acabado após o lançamento de Armageddon e ela procurava um novo rumo na geração do Xbox 360 e PlayStation 3.
O grande erro do jogo não foi seu sistema de gameplay sem muita graça, mas sim a classificação etária voltada a um público jovem. O resultado foi um Mortal Kombat sem a violência característica da série que parecia ser somente uma forma de ganhar dinheiro em cima dos fãs. Como ponto positivo está o fato de que o jogo criou as raízes que acabariam resultando na criação da série Injustice alguns anos depois.
Mortal Kombat 4
- Ano de lançamento: 1997
- Plataformas: Arcade, Nintendo 64, PlayStation, Game Boy Color, PC, Dreamcast (Mortal Kombat Golden)
Assim como outros jogos que nasceram em ambientes essencialmente 2D, Mortal Kombat teve problemas em sua transição para um ambiente totalmente tridimensional. Enquanto o jogo ganhou pontos por finalmente apresentar um novo vilão principal, seu elenco formado por figuras inéditas pouco carismáticas — que pareciam meras cópias de personagens já consagrados — não deu muito certo.
Os gráficos e a violência até que foram apreciados na época, mas o jogo trazia sistemas de luta que eram essencialmente vazios depois de uma análise mais profunda. Com controles menos responsivos do que no passado, o título acabou sendo perdoado mais pelo que tentou fazer do que pelo que conseguiu fazer bem.
Mortal Kombat
- Ano de lançamento: 1992
- Plataformas: Arcade, Super Nintendo, Mega Drive, Game Boy, Game Gear, MS-DOS, SEGA CD
O jogo que deu início a tudo, Mortal Kombat trazia doses de violência nunca antes vistas no mundo dos games em 1992. Se hoje o game parece inocente com a maneira como mostra sangue e membros decepados, na época tudo isso era considerado chocante e deu munição para muitos políticos que decidiram se aproveitar do pânico moral para ganhar poder.
O título tem o mérito de ser um dos responsáveis pela criação do selo de classificação e de estimular a guerra entre o Super NES e o Mega Drive. Enquanto a versão para Nintendo tinha gráficos mais próximos do arcade e violência censurada, na plataforma da SEGA o sangue rolava solto e os controles respondiam melhor. O game só não está em uma posição mais alta na lista porque envelheceu um pouco mais e foi superado por capítulos que viriam depois.
Mortal Kombat: Deadly Alliance
- Ano de lançamento: 2002
- Plataformas: PlayStation 2, Xbox, GameCube, Game Boy Advance
Mortal Kombat Deadly Alliance foi um capítulo que trouxe diversas mudanças para a história da série. Não somente esse foi o primeiro — e até agora único — jogo em que Liu Kang não podia ser controlado, como ele marcou a despedida oficial de John Tobias da produção da franquia que ajudou a criar.
O game também marcou o início de um foco maior nos consoles de mesa, o que trouxe um destaque maior para a história marcada por uma aliança entre os vilões Quan Chi e Shang Tsung. O título também chamou a atenção por introduzir diferentes estilos de luta para os personagens e por trazer um elenco equilibrado, mas pecou por um modo Konquest que só seria totalmente desenvolvido em sua sequência.
Mortal Kombat: Deception
- Ano de lançamento: 2004
- Plataformas: PlayStation 2, Xbox, Game Cube, PlayStation Portable
Apesar de seu nome, Mortal Kombat: Decepcion está longe de ter sido uma decepção para a série. Piadas infames à parte, o game conseguiu pegar tudo o que funcionava em Deadly Alliance e tornar ainda melhor com uma história que nos apresenta ao rei dragão Onaga, que se liberta de sua prisão após Quan Chi e Shang Tsung abandonarem sua frágil aliança.
Um dos destaques do título foi o modo Konquest que, apesar de ter um protagonista meio sem graça, foi um ótimo experimento narrativo para o gênero de luta. O game também chamava atenção por seu elenco variado com armas únicas, estágios com aparições especiais e um gameplay bastante competente para a época.
Mortal Kombat 3
- Ano de lançamento: 1995
- Plataformas: Arcade, Super NES, Mega Drive, PlayStation, SEGA Saturn, Atari Jaguar, Game Boy, Game Gear
Lançado no auge da popularidade da série, Mortal Kombat 3 foi um jogo que acabou pecando um pouco pelo excesso. Na tentativa de trazer ainda mais elementos para a série, os desenvolvedores apostaram em um elenco marcado por erros e acertos e pela inclusão de sistemas de finalização polêmicos, como os Animalities.
O game também apostou em diversas mecânicas novas, como corridas e um sistema de combos mais elaborado que não estava presente nos capítulos anteriores. Nos anos após seu lançamento o game ganhou as versões Ultimate e Trilogy que corrigiram alguns problemas de gameplay e trouxeram os personagens que muitos fãs diziam faltar na seleção original.
Mortal Kombat: Shaolin Monks
- Ano de lançamento: 2005
- Plataformas: PlayStation 2, Xbox
Enquanto os demais spin-offs de Mortal Kombat falharam feio em suas propostas, Shaolin Monks até hoje é lembrado como um grande acerto da Midway. Trazendo como protagonistas Liu Kang e Kung Lao, o game reconta os eventos de Mortal Kombat 2 sob uma perspectiva recheada de elementos de ação.
Podendo ser jogado de forma single player ou cooperativa, o título trazia esquemas de poderes únicos para cada personagem controlado e reapresentava o sistema de fatalities de maneira criativa. Embora os fãs peçam até hoje por uma remasterização ou sequência, até o momento a NetherRealm (que cuida da série atualmente) não respondeu aos pedidos.
Mortal Kombat X
- Ano de lançamento: 2015
- Plataformas: PlayStation 4, Xbox One, PC
Após o nono capítulo de Mortal Kombat redefinir a franquia e trazê-la de volta ao primeiro escalão dos jogos de luta, a NetherRealm tinha o duro trabalho de manter essa trajetória de sucesso. A desenvolvedora foi muito bem-sucedida nesse sentido, mas há quem sinta que ela jogou um pouco seguro nesse sentido.
O título acertou em cheio ao oferecer novos lutadores cheios de personalidade e uma nova geração de heróis que herdaram o legado de nomes como Jax, Sonya Blade e Johnny Cage. Ao mesmo tempo, a história acabou não entregando tudo o que prometia, deixando algumas brechas que só seriam fechadas na sequência.
Mortal Kombat 2
- Ano de lançamento: 1993
- Plataformas: Arcade, Super Nintendo, Mega Drive, Game Gear, Game Boy, 32X, Amiga, Master System, MS-DOS, Sega Saturn, PlayStation
Mortal Kombat 2 é a histórica típica de uma sequência que aprende tudo o que funcionou no primeiro game de uma série e entrega tudo de forma ainda melhor. Enquanto o primeiro game tinha o choque como grande arma, o segundo jogo se preocupou a unir isso a um sistema de gameplay que não devia em nada para competidores como Street Fighter 2.
O game trouxe um elenco formado por nomes que se tornariam medalhões da série como Kung Lao, Kitana, Jax e Baraka, entre outros. O título também apresentou o poderoso vilão Shao Khan e mostrou que, mais do que uma moda passageira que dependia só da violência para vender, Mortal Kombat tinha substância suficiente para durar gerações.
Mortal Kombat 11
- Ano de lançamento: 2019
- Plataformas: PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series X|S, Nintendo Switch, Google Stadia
O game mais recente da série é também o capítulo mais grandioso de toda a história da franquia. Com sistemas de combate aprimorados, o jogo redobrou os esforços em entregar uma história que não somente compensava a extensão curta de seu antecessor, como fechava diversas pontas soltas e dava uma perspectiva completamente nova para o futuro da franquia.
O game também se destaca por apresentar um tutorial profundo para novatos, um sistema de missões com equipamentos configuráveis e um elenco de personagens que mistura em doses iguais nostalgia e rostos novos. O capítulo só peca por alguns atritos em seu sistema de progressão, que se mostra mais confuso e repetitivo do que poderia ter sido.
Mortal Kombat (2011)
- Ano de lançamento: 2011
- Plataformas: PlayStation 3, Xbox 360, PlayStation Vita, PC
Para todos os fins e propósitos, Mortal Kombat era uma série que poderia ser considerada morta no começo dos anos 2010. Após um crossover constrangedor com a DC Comics e um capítulo que não dava muito espaço para onde sua história poderia seguir, a série encontrou em uma volta às raízes um jeito de sobreviver e atingir um novo público.
O game mostrou que a narrativa pode ser a parte mais importante de um jogo de luta, recontando os eventos dos três primeiros jogos da série sob uma nova perspectiva. A NetherRealm uniu essa ideia a um sistema de gameplay renovado que introduzia o sistema de movimentos de raios-X, golpes brutais que causavam grandes danos aos adversários.
Se os gráficos de Mortal Kombat 9 deram uma envelhecida desde 2011, todo o resto do game permanece bastante atual. O game ajudou a estabelecer as bases sólidas que a franquia segue até hoje, provando que mesmo após três décadas de existência ela ainda é relevante e capaz de entregar ideias inovadoras.