Criada pela SNK, a série Metal Slug fez sucesso ao evoluir a fórmula de jogos como Contra, trazendo tanto desafios mais variados quanto visuais mais bonitos do que o concorrente. No entanto, com o passar do tempo ficou evidente que a empresa começou a simplesmente reciclar ideias e, a cada novo lançamento, a série se tornou menos atraente do que no passado.
Desenvolvido pelo Leikir Studio, Metal Gear Slug Tactics renova a franquia ao apostar em um gênero completamente diferente do que os fãs estão acostumados. Enquanto personagens importantes do passado ainda estão presentes, agora o objetivo é derrotar exércitos inimigos em batalhas táticas que acontecem em turnos.
Embora estranha em um primeiro momento, a experiência funciona bem no contexto da série e respeita muitos de seus elementos mais clássicos. No entanto, problemas de desempenho graves e a falta de uma maior variedade fazem com que essa seja uma experiência que não atinge todo o seu potencial.
Metal Slug Tactics traz uma nova missão
Em Metal Slug Tactics, voltamos a controlar um dos esquadrões de soldados mais famosos do mundo dos games em uma nova missão para derrotar o general Donald Morden. Ele mais uma vez está usando seu exército de rebeldes para causar o caos, e cabe ao jogador navegar por quatro ambientes diferentes para derrotá-lo.
Quando você começa a aventura, tem somente um ambiente urbano à disposição, com vários espaços disponíveis para iniciar sua missão. Ao escolher uma delas, sempre há um objetivo principal para cumprir (como matar todos os inimigos), e outro secundário (como fazer isso sem tomar nenhum dano).
Dependendo das condições de vitória, você pode ganhar mais dinheiro, experiência, vidas adicionais para seus personagens ou até mesmo a chance de escolher um upgrade de armas aleatório. Essas decisões são muito importantes para a progressão do jogo, até mesmo porque você perde a maioria das vantagens ao iniciar uma nova partida.
Embora não fique claro em um primeiro momento, Metal Slug Tactics é um roguelike, cujo principal objetivo é repetir fases e desafios em busca de novas recompensas. A cada três cenários conquistados, o game destrava uma luta obrigatória contra um chefe gigante. Caso ele seja vencido, seu esquadrão progride para outro mapa e reinicia o ciclo, até finalmente chegar ao confronto com Morden.
O game tem um grau de desafio interessante, especialmente quando você ainda está entendendo como funcionam suas missões e unidades inimigas. No entanto, depois de algumas horas de jogo, fica a sensação de que poderia haver mais variedade. Não demora muito até que o jogador perceba como é fácil manipular os inimigos, ou que apelar para as habilidades de adrenalina é geralmente a saída para cumprir objetivos com grande velocidade.
A chave para a vitória é entender que Metal Slug Tactics não é um game convencional do estilo, no qual movimentos calculados e cuidados são a essência. O importante aqui é manter a mobilidade de suas unidades e, quanto mais longe elas forem em um turno, mais vantagens de esquiva elas vão ganhar.
A movimentação também contribui para ganhar pontos de adrenalina, que são essenciais para usar as habilidades especiais que realmente causam dano nos inimigos. Já o posicionamento final acaba sendo algo secundário, servindo basicamente para ativar ataques coordenados entre as unidades e para se proteger em momentos específicos de alguns confrontos.
Depois de algumas rodadas, o único elemento do jogo que realmente permanece desafiante são as batalhas com chefes, especialmente quando você decide não cumprir o ciclo completo de evolução. Embora Metal Slug Tactics tenha quatro áreas diferentes, você não precisa passar por todas elas em uma tentativa de deter Morden. Chegar ao final com unidades pouco evoluídas é inclusive um dos maiores obstáculos do game, sendo essencial para destravar algumas unidades especiais.
Nem tudo é positivo
Por falar em personagens, confesso que fiquei um tanto decepcionado com os extras oferecidos pelo jogo. Enquanto é legal poder jogar com figuras como Clark, elas não trazem tanta variedade quando o esperado. Cada soldado disponível possui uma especialização diferente, que muda somente um pouco dependendo do conjunto de armas que você escolher.
Tarma e Clark, por exemplo, são soldados que se especializam em combates de curta distância, podendo usar facas ou granadas como seus equipamentos principais. Já Marco e Eri preferem metralhadoras e pistolas, trazendo habilidades especiais que melhoram características de aliados e suas movimentações. No entanto, minha favorita é Fio, cujas granadas duplas fazem um grande estrago nos inimigos.
Essa pouca variedade de tipos de personagens acaba sendo um problema depois de um tempo, a não ser que você acabe decidindo criar desafios por conta própria. Depois de algumas partidas, é fácil cair em uma zona de conforto que tira praticamente qualquer desafio do jogo. O único motivo para variar as equipes, na prática, é tentar obter alguns troféus específicos, o que pode não ser do gosto de todos os jogadores.
Além disso, muitas das armas e modificações disponíveis são tão semelhantes entre si que parece que elas não têm muito propósito de existir. Enquanto as mais apelonas precisam ser destravadas com dinheiro, quando você chegar a esse ponto provavelmente já vai dominar o game ao ponto de não se importar muito com esses upgrades.
No entanto, o principal defeito de Metal Slug Tactics é técnico. Quando mais você avança no jogo, mais precário se torna seu desempenho. Depois de duas ou três fases, os travamentos entre turnos se tornam comuns, mesmo jogando no PlayStation 5. Em certo ponto, o game chegou a ficar congelado durante quase um minuto, e o único sinal de que algo ainda iria acontecer era que a trilha sonora continuava rolando.
Esses engasgos frequentes continuaram mesmo depois de um patch pré-lançamento e de reiniciar o executável do jogo. Dado que, visualmente, o jogo não parece ser uma experiência exigência, essa é uma questão realmente séria e que tem o potencial de acabar com a boa-vontade de muitos jogadores.
Mas e aí, vale a pena?
Apesar dos sérios problemas de desempenho que tive, Metal Slug Tactics é um jogo que acabou sendo mais positivo do que negativo. O principal pequeno é realmente a parte técnica e o fato de que, depois da fase de descoberta do título, falta a ele substância para continuar atraindo para novas partidas.
O Leikir Studio ganha pontos por saber capturar bem o humor, ambientação e inimigos da série, bem como seus chefes imensos. No entanto, a decisão de apostar no formato roguelike não foi exatamente certeira, especialmente dado o fato de que não parece haver recompensas legais o suficiente para estimular voltar várias vezes ao pequeno conjunto de fases disponível.
Em geral, esse é um game que deve agradar quem é fã da série ou que já tem um apreço por jogos táticos. No entanto, quem busca por uma experiência com mais substância e capaz de durar por um longo tempo provavelmente vai sair bem decepcionado.
Jogamos Metal Slug Tactics no PlayStation 5 com um código fornecido pela publicadora Dotemu
Resumo para os preguiçosos
Metal Slug Tactics é um jogo competente em traduzir o humor e mundo criado pela SNK para uma nova perspectiva. No entanto, a falta de recompensas mais substanciais e problemas técnicos graves impedem que o jogo realmente brilhe. Vale a pena esperar por pelo menos um patch para garantir que os travamentos constantes com que tivemos que lidar não estejam mais presentes no game antes de dar uma chance a ele.
Prós
- Adapta bem o universo da série para uma nova perspectiva
- Boas batalhas contra chefes
- Visuais pixelizados interessantes
- Uma ótima trilha sonora
Contras
- Falta de recompensas substanciais
- Fica relativamente fácil depois de aprender a base do gameplay
- Muitos problemas técnicos, com travas e congelamentos constantes
- Muitos personagens são praticamente iguais entre si