O debate sobre a lucratividade do Game Pass nunca deixou de existir desde que o serviço de assinatura da Microsoft foi lançado em junho de 2017. Para muitos fãs e analistas do mercado, parecia inevitável que a empresa usasse seu imenso caixa para bancar a iniciativa no começo, mas que em algum momento precisaria provar que o modelo poderia se sustentar sozinho.
Com o tempo, a Microsoft sempre reafirmou que o Game Pass é lucrativo e sustentável. Em dezembro de 2019, Phil Spencer, chefe da divisão Xbox, chegou a declarar que o serviço estava indo muito bem para a empresa e para os assinantes. Ele também destacou o diferencial competitivo de lançar consoles com um catálogo imediato de jogos disponíveis no primeiro dia, algo inédito até então.
No entanto, dados recentes revelam um detalhe que muda bastante a percepção dessa rentabilidade. Chris Dring, ex-editor-chefe do GamesIndustry.biz e cofundador do The Game Business, afirmou que a Microsoft calcula os custos do Game Pass levando em conta apenas pagamentos a estúdios terceirizados, marketing e manutenção do serviço. Ou seja, os custos perdidos das receitas que os próprios estúdios da Xbox deixam de ganhar ao colocar seus jogos no serviço não entram nessa conta.
Segundo Dring, ele confirmou com fontes internas que as receitas e perdas dos estúdios da própria Microsoft não são consideradas no cálculo. Isso é especialmente relevante, já que hoje o Xbox abriga gigantes como Bethesda e Activision Blizzard, donas de franquias de enorme valor como Call of Duty, Diablo e Doom. Lançar esses títulos diretamente no Game Pass, sem vendas tradicionais em larga escala, inevitavelmente causa uma queda de receita que pode comprometer a real sustentabilidade do modelo a longo prazo.