A Larian Studios voltou aos holofotes com o anúncio de seu próximo projeto da franquia Divinity durante o The Game Awards 2025, mas agora o estúdio enfrenta um novo tipo de atenção: críticas sobre o uso de inteligência artificial generativa no desenvolvimento do jogo. Apesar da empolgação inicial com a revelação, a confirmação de que a tecnologia está sendo utilizada no processo interno gerou reações negativas, inclusive de ex-funcionários.
Em entrevista à Bloomberg, o CEO Swen Vincke afirmou que a próxima entrada da série será um RPG por turnos, assim como Baldur’s Gate 3, e que está sendo planejado para superar seu antecessor em todos os aspectos. No entanto, foi a menção ao uso de IA generativa que atraiu a maior parte da atenção pública. Segundo Vincke, a ferramenta já causou discussões internas, mas atualmente a equipe estaria confortável com o modo como ela está sendo implementada.
CEO esclarece uso de IA na produção
Holy fuck guys we’re not "pushing hard" for or replacing concept artists with AI.
We have a team of 72 artists of which 23 are concept artists and we are hiring more. The art they create is original and I’m very proud of what they do.
I was asked explicitly about concept art…
— Swen Vincke @where? (@LarAtLarian) December 16, 2025
A repercussão negativa levou Swen Vincke a publicar um comunicado enviado à IGN, com o objetivo de esclarecer o contexto da adoção de IA pela Larian. De acordo com ele, a tecnologia está sendo utilizada como uma ferramenta auxiliar para tornar o trabalho diário mais eficiente, e não como substituição de profissionais.
Vincke afirmou que o estúdio está contratando mais artistas conceituais, roteiristas e dubladores, além de formar salas de roteiro e investir em tradução. Ao todo, são 23 artistas de conceito trabalhando ativamente, com mais vagas abertas. Segundo ele, nenhuma arte final ou conteúdo produzido por IA será incluído no jogo.
No texto, o executivo reforça que o objetivo da Larian é entender como a inteligência artificial pode servir como um recurso complementar ao fluxo criativo, sem prejudicar empregos ou substituir talentos. Ele também garantiu que nenhum jogo será lançado com componentes criados por IA.
Debate sobre IA nos jogos continua acalorado

Apesar da tentativa de conter a polêmica, o uso de IA generativa em jogos segue dividindo opiniões. Críticas públicas de ex-funcionários da Larian e reações nas redes sociais mostram que parte do público encara a tecnologia como um risco à criatividade e à integridade do desenvolvimento de jogos.
A situação da Larian lembra um caso recente envolvendo a Sandfall Interactive, que utilizou IA para criar elementos visuais de Clair Obscur: Expedition 33, removidos discretamente após as críticas. Mesmo assim, o jogo venceu diversos prêmios no The Game Awards e registrou aumento significativo nas vendas.
No momento, o que se discute é se os jogadores estão dispostos a boicotar empresas que utilizam IA no desenvolvimento de jogos, mesmo aquelas que anteriormente contavam com seu apoio. A Larian Studios, conhecida pela qualidade de seus RPGs, agora terá que equilibrar a confiança do público com a busca por inovações tecnológicas em seu processo de criação.

