O mundo da Cultura Nerd nunca esteve tão em alta quanto está atualmente. É só ver nos cinemas que, quase sempre, há pelo menos um ou dois filmes para esse público alvo não só figurando nas bilheterias, mas geralmente no destaque delas. Nesse fim de semana, foi realizada a Comic Con Experience, o maior evento nerd do Brasil e é claro que isso acaba gerando todo tipo de comentários do público que não entende como esse mundo funciona, e alguns deles são bem lamentáveis, como o que trazemos hoje.
Nele, o jornalista do Portal R7 da Rede Record, Filipe Siqueira, comenta que o “Futuro da Cultura Nerd é o Jardim de Infância”, ou seja, que o objetivo de tantos filmes da Marvel é simplesmente um: transformar o fã num zumbi comprador de mercadorias baseadas nas franquias de super heróis que ele prefere.
“Mas o que vemos hoje é que os filmes em si importam menos do que dizer que gosta daquele filme ou consome coisas ao redor dele. Em outras palavras, o rótulo nerd é mais importante do que efetivamente assistir ou ler todas as coisas lançadas por essas empresas. A experiência se resume a consumo.” diz o autor do texto.
O autor do texto conclui com pesadas críticas à massificação do consumo de filmes e artigos nerd com as seguintes palavras: “Para onde essa encarnação renovada da cultura nerd irá? Provavelmente para o jardim de infância. Todos os nerds compartilharão as mesmas experiências, mesmo nos nichos mais rebuscados de todos, como crianças bem educadas. Todos os easter eggs, todas as cenas pós-créditos, tudo isso é pensado exatamente para agradar todos os nichos possíveis. A inteligência e capacidade artística da cultura nerd foi substituída pela necessidade vender mais bonecos e atrair mais cosplayers.
Esse será exatamente seu fim.”
Ou seja, para o autor, bom mesmo era quando saía um filme a cada 2 ou três anos, quando você tinha que importar coisas para fãs do exterior e pagar 5~10 vezes mais do que pagaria lá fora para ter um quadro do Star Wars em casa (enquanto que hoje, com 40 pilas você consegue um com facilidade). Bom mesmo era quando você não conseguia comprar mangás nas bancas, e tinha que ficar indo nos cantos mais remotos da internet pra encontrar informações sobre os seus heróis favoritos.
Só que isso tem um pequeno problema: se as coisas não vendem, elas são canceladas. É só ver no mundo dos games como isso acontece, por exemplo, a quantidade de estúdios que foram fechados por causa de vendas abaixo das expectativas. É simples, pra existir, tem que ser economicamente viável, e nós estamos na era em que a cultura nerd está no auge do economicamente viável, ou seja, há interesse e cada vez vai ter mais conteúdo sobre isso, até que esse conteúdo vai acabar saturando e as vendas vão cair, mas certamente a cultura nerd não vai voltar ao “obscurantismo” que ela se encontrava nas décadas passadas.
E outra, esse interesse renovado nisso dá oportunidade a novos talentos mostrarem a que vieram, seja aqui no Brasil, seja lá fora. Reclamar disso parece até o bom e velho esteriótipo do hipster que odeia que a banda favorita dele finalmente vai ficar famosa (e deixar de passar fome por consequência).
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