Jogos para celular vs. plataformas de jogos no Brasil: Quem vence em 2025?

A cena gamer brasileira nunca esteve tão concentrada na palma da mão. Segundo a PNAD‑TIC 2024, 167,5 milhões de brasileiros, 88,9% da população de 10 anos ou mais, já têm um smartphone e, desses, 98,8% usam o aparelho para acessar a internet.

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O jogo está no bolso: A supremacia mobile em 2025

A universalização do 5G e a oferta de aparelhos “gamers” de entrada, muitos custando menos de um console de geração atual, criaram o terreno perfeito para que o mobile mantivesse a dianteira em 2025. Essa popularidade se traduz em hábito. A Pesquisa Game Brasil 2025 aponta que 82,8% dos brasileiros consomem jogos digitais regularmente, sendo o smartphone a porta de entrada mais citada.

Já nas grandes metrópoles, é comum encontrar pessoas que jogam partidas rápidas no transporte público e retomam a mesma conta em casa, espelhando‑se na TV via Wi‑Fi 6. O êxito também aparece nas tabelas de receita e audiência. No Q2 2024, Call of Duty: Mobile registrou picos de 126 mil downloads semanais e ultrapassou 129 mil dólares em receita no Brasil.

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Enquanto Free Fire manteve mais de 14 milhões de usuários ativos por semana. A cobertura diária desses jogos em portais especializados, como a matéria do Critical Hits sobre a Temporada 1 de 2025 de Call of Duty: Mobile, reforça o apelo de conteúdos rápidos e sazonais que alimentam o engajamento contínuo.

Monetizar essa atenção virou ciência. Passes de batalha e microtransações dominam, mas em 2025 cresce a preferência por experiências‑relâmpago que oferecem recompensas imediatas. As caixas misteriosas online Jemlit aparecem como “mini‑games” paralelos perfeitos para o celular. Sessões curtas, mecânica de surpresa e itens virtuais colecionáveis que cabem tanto no intervalo do almoço.

O hardware acompanhou a tendência. Modelos como o ROG Phone 8 Lite e o Infinix GT 10 Pro trouxeram telas de 120 Hz e baterias de 5.000 mAh, enquanto operadoras aceleram planos voltados a e‑sports. Não por acaso, games mobile representam quase metade da receita total do mercado brasileiro de videogames.

Mercado esse estimado em 3,99 bilhões de dólares em 2024, de acordo com levantamentos da Newzoo e da própria Abragames. Mesmo sem listas, a mensagem é clara. Se o gamer médio tem pouco tempo, mas um dispositivo sempre à mão, o mobile oferece a combinação de acessibilidade, comunidade e recompensas que mantém o Brasil no topo do ranking latino‑americano de engajamento.

Consoles, PC e nuvem: Plataformas tradicionais na corrida pela atenção

Mesmo ofuscados pelo domínio do celular, os sistemas grandes ainda disputam cada minuto de jogo, e estão longe de sair do radar do público brasileiro. A estratégia, em 2025, combina hardware repaginado, pacotes de assinatura agressivos e streaming via cloud gaming para reduzir barreiras de entrada.

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A força bruta do hardware continua atraindo quem quer experiências gráficas acima de 60 fps e recursos como ray tracing. A versão Slim do PlayStation 5 chegou aos varejistas brasileiros por R$ 3.799,90 em bundle com dois exclusivos de peso, a menor etiqueta desde o lançamento do console.

Já a Nintendo oficializou o Switch 2 em junho com preço inicial de R$ 4.499, trazendo tela de 120 Hz e suporte a 4K no dock. Em quatro dias somou 3,5 milhões de unidades globais, segundo estimativa da própria fabricante. No PC, a disputa se concentra em catálogos por assinatura.

O Game Pass Ultimate custa R$ 59,99 por mês e tem milhões de assinantes ativos no país após faltar estoque de GPU em 2024, boa parte impulsionada pelo streaming direto no navegador ou na Smart TV, sem hardware dedicado. Essa lógica de jogue agora, faça upgrade depois encontra respaldo nos dados da Associação Brasileira das Desenvolvedoras de Games.

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O Brasil abriga 1.042 estúdios e gerou 2,3 bilhões de dólares em consumo de jogos, crescendo 695% em dez anos e ainda acelerando com incentivos do Marco Legal dos Jogos Eletrônicos em vigor desde 2024. O principal trunfo para derrubar o custo de entrada, porém, é a nuvem.

Depois de estrear em modo beta em 2021, o Xbox Cloud Gaming ganhou upgrades de servidor e passou a operar com latências abaixo de 60 ms na região Sudeste, desempenho semelhante ao GeForce Now ABYA. Mais recente na briga, o Boosteroid instalou seu primeiro datacenter em São Paulo no início de 2025, o que deve cortar filas pela metade até o fim do ano, segundo a companhia.

Para quem prefere testar antes de comprar, a assinatura mensal de cloud se torna, na prática, uma porta de entrada mais barata que o console. Enquanto isso, cross‑play e e‑sports funcionam como cola entre plataformas.

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Times brasileiros de VALORANT projetam audiências simultâneas em PC e streaming mobile, e até shooters táticos como Rainbow Six Mobile, cuja soft‑launch ocorreu em julho, permite que o mesmo usuário alterne toque de tela no metrô e mouse em casa sem perder ranking.

Essa elasticidade prolonga o tempo de engajamento e dilui a fronteira entre formato de bolso e de sofá. Os números mostram que o mobile continua campeão em alcance e frequência, mas consoles, PC e nuvem ampliaram a fatia de receita ao facilitar o acesso, seja barateando hardware, seja empacotando jogos em streaming.

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Eric Arraché
Eric Arrachéhttps://criticalhits.com.br
Eric Arraché Gonçalves é o Fundador e Editor do Critical Hits. Desde pequeno sempre quis trabalhar numa revista sobre videogames. Conforme o tempo foi passando, resolveu atualizar esse sonho para um website e, após vencer alguns medos interiores, finalmente correu atrás do sonho.