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Jogo que conta a Revolução Iraniana chega ao Kickstarter

1979

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“Você consegue escutar a multidão cantando. Tem uma energia inegável e um senso de convicção em suas vozes. As vozes da multidão emanam do iPad. A tela mostra animações emotivas e cartunescas de grupos de iranianos sendo levados a loucura. Têm pessoas em cima dos carros. Têm pessoas fazendo demandas. Têm o som dos tiros. E então, o caos.”

1979 Revolution, da iNK Stories tem como objetivo por os jogadores no meio das multidões e protestos que tomaram o Irã durante a Revolução Islâmica. A revolução mudou pra sempre a história do país, resultando na queda da dinastia Pahlavi e na formação da república Islâmica sob o comando do Ayatollah Ruhollah Khomeini. 1979 foi um ano de imensas mudanças, confusão e conflito. E é exatamente nesse meio que a iNK Stories quer te colocar.

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O estúdio, liderado por Navid Khonsari – um irano-americano que trabalhou em jogos como os da série GTA, Max Payne, Manhunt e Alan Wake e que também esteve presente durante as revoluções no seu país natal – anunciou o jogo no ano passado. Na época, o governo iraniano chegou a  contratar um espião para vigiar as atividades do estúdio. Hoje, o estúdio terminou o protótipo e está pronta pra começar a produção dos nove episódios da série. E para isso lançou uma campanha no Kickstarter nessa manhã, para juntar quase quatrocentos mil obamas para custear o desenvolvimento do jogo.

O jogo vai te colocar no meio de situações encontradas por aqueles que protestavam e tinham que lidar com a brutalidade da força militar do governo. Durante a demonstração para o Polygon , em uma das situações mais intensas encontradas , o jogador tinha que tentar conter o sangramento de um amigo atingido por um disparo. Navid Khonsari mostrou os controles intuitivos do jogo ao usar movimentos de pinça para abrir a camisa do personagem, movimento de “esfregar” para limpar o sangue e segurar o dedo na tela para aplicar pressão e conter a hemorragia. E em outro cenário, o personagem controlado foi pego por um soldado com uma fita cassete no bolso. Na época, fitas cassete eram consideradas contrabando e o jogador tinha que se virar para sair da situação.

Mas não vai ser só desgraça. Em vários momentos, você verá conversas normais sobre música, vai poder beber bebidas baratas com seus amigos, encontrar suas famílias e falar sobre comidas.

“Minha missão é fazer o que não é familiar se tornar familiar”, disse Khonsari. ” Então nosso personagem tem várias conversar normais com um bando de caras que normalmente nós teríamos. Por outro lado, eu não estou criando um shooter, mas eu amo o conceito de suspense que vem no jogo. Eu penso que shooters te colocam naturalmente no limite, porque é matar ou morrer. Eu queria trazer o elemento de suspense para esse tipo de jogo.”

De acordo com Khomsari, ao invés de fazer um herói super-humano que, ao tomar um tiro, pega uma arma e corre na multidão, o personagem principal é mais enraizado na realidade. “Se alguém atira em você, como você realmente se sentiria?” disse o cidadão.

A série em episódios vai seguir o personagem em suas transições. De um ingênuo,excitado e despreocupado rapaz nas ruas até virar um revolucionário e depois um inimigo do novo regime que assume o poder no pais.

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“Seria incrível quebrar a barreira de como essa parte do mundo parece tão pouco familiar, e que somos até certo ponto muito, muito familiares com os outros em termos de coisas que amávamos, sejam elas música, pop, cultura ou filmes,” continuou Khomsari. “Penso que todo mundo, independente de ser velho ou novo, homem ou mulher, eu acho que todo mundo tem um revolucionário dentro de si. E por isso eu quero dizer que todo mundo acredita que pode fazer a diferença.”

“Eu sinto isso. Eu acho que é um sentimento, a possibilidade de trazer a mudança. Eu quero que as pessoas entendam  como essas mudanças acontecem; como elas são distorcidas e como o você não obtem exatamente aquilo pelo qual você lutou. Eu quero que as pessoas experienciem a excitação, a inconsequência e se tornem mais maduros, realizando que tudo que você fez não necessariamente vai valer apena. Eu acho que essas são experiencias incríveis de providenciar como forma de entretenimento.”

Mesmo que as manifestações aqui no Brasil tenham se esfriado, assim como aquele aparente espírito revolucionário que pareceu brotar nos corações jovens do nosso país, eu ainda acho o conteúdo extremamente válido para todo mundo. Muito mais que apenas cultural e informativo sobre a revolução iraniana, estamos de frente com um jogo que quer passar toda uma experiência de uma realidade mais dura e agressiva e de como todos os esforços podem realizar mudanças – sejam elas boas ou não – e de que tudo tem suas consequências. Quase um The Walking Dead sobre um acontecimento real.  Uma pena que o jogo vem por enquanto apenas para iOS e não para todas as outras plataformas de jogos, atingindo um público bem maior e merecido. Mas acho que vou ajudar mesmo assim. E você?

Mais informações podem ser encontradas na página no Kickstarter do jogo.

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Tico
Ticohttp://criticalhits.com.br
Redator eventual, podcaster e negro maravilhoso.