Shawn Layden, ex-chefe da PlayStation, reacendeu a discussão sobre os impactos negativos dos serviços por assinatura na indústria dos jogos. Em entrevista ao site GamesIndustry.biz, o executivo foi categórico ao afirmar que modelos como o Xbox Game Pass transformam desenvolvedores em “escravos assalariados”, sufocando a criatividade em nome de entregas rápidas e baratas.
Segundo Layden, embora o modelo seja popular entre consumidores, ele impõe uma rotina desgastante aos estúdios. Como os jogos precisam manter relevância constante dentro do serviço, as equipes são pressionadas a entregar conteúdos previsíveis, de baixo risco e com foco em volume — o que, para ele, dilui o valor do trabalho criativo.
Game Pass e a desvalorização do conteúdo
A crítica de Layden vai além da questão financeira. Ele aponta que o Game Pass contribui para uma percepção pública de que jogos são descartáveis, já que o acesso facilitado por assinatura pode diminuir a valorização do esforço necessário para criar cada título.
Em suas palavras:
“É uma forma não inspiradora de trabalhar. Você me paga X dólares por hora, eu faço o jogo e você coloca nos seus servidores. Isso não cria valor real para o estúdio.”
Essa visão é compartilhada por outros nomes da indústria, como os analistas Mat Piscatella e Piers Harding-Rolls, que também participaram do debate. Ambos apontaram que a crise econômica atual tem feito os consumidores jogarem menos títulos novos, preferindo experiências já consolidadas como Fortnite, Roblox e os próprios serviços por assinatura.
O impacto nos estúdios menores segundo Shawn Layden
Com os jogadores menos dispostos a “arriscar” em lançamentos, até mesmo jogos com grande orçamento têm dificuldade para se destacar. E, dentro do ambiente competitivo de serviços como o Game Pass, os estúdios menores enfrentam ainda mais barreiras para obter visibilidade e retorno financeiro.
Layden defende uma mudança urgente na forma como os criadores são remunerados e respeitados pela indústria. Para ele, o foco excessivo em modelos corporativos pode gerar lucro no curto prazo, mas prejudica a saúde criativa a longo prazo.
“Você pode fazer todo tipo de malabarismo financeiro para fazer parecer que é lucrativo. A verdadeira pergunta é: isso é saudável para quem cria os jogos?”
Debate aberto
A fala de Shawn Layden reacende uma das discussões mais relevantes da indústria: como equilibrar acesso, rentabilidade e valorização do trabalho criativo. Embora o Game Pass tenha se mostrado um sucesso entre jogadores, o questionamento sobre seus impactos no desenvolvimento de jogos continua.