Após uma década de espera, Dragon Age: The Veilguard finalmente chegou e a expectativa dos fãs está nas alturas, mas será que o jogo realmente vale a pena? É o que vamos descobrir na análise de hoje.
História e narrativa
A trama principal de Veilguard se passa no norte de Thedas e começa com o protagonista (apelidado de Rook) impedindo Solas de destruir o Véu. Mas ao fazermos isso, acabamos sem querer libertando 2 Deuses antigos malignos e prendendo Solas do outro lado do Véu, agora cabe ao protagonista resolver a bagunça que ele mesmo criou e impedir os Deuses antigos de destruir o mundo inteiro com a podridão.
O enredo principal em si não é inovador: uma luta entre o bem e o mal, com toques de sacrifício e escolhas difíceis. Os diálogos e a escrita, no entanto, carregam uma mistura que pode ser controversa para alguns. Em certos momentos, a atmosfera parece influenciada por um humor mais contemporâneo, com referências e um estilo mais leve. Embora funcione em alguns casos, há uma sensação de que esse tom se desvia da fantasia épica tradicional, o que pode incomodar os que esperam uma experiência mais “sombria”.
A proposta do jogo é realmente se desprender da Dark Fantasy que permeia o mercado atual de jogos e se destacar com uma High Fantasy mais clássica e que se perdeu atualmente. Mesmo assim, senti que certos momentos é galhofa demais até mesmo para a proposta do jogo. Os diálogos inicialmente não convencem e tive dificuldade de me conectar com os personagens secundários, com poucos membros do grupo tendo uma apresentação inicial realmente memorável.
Mas existe um enorme porém: a narrativa e a conexão com os personagens melhora muito com o passar do tempo. Apesar da impressão inicial não ser das melhores, Dragon Age: The Veilguard faz um trabalho excelente ao te conectar com os personagens do grupo após você começar as missões secundárias envolvendo eles. Até mesmo os diálogos que antes eram superficiais, começam a ficar interessantes e quando menos se espera, você já está investido na história e com muita curiosidade sobre o que vai acontecer com seus amigos no jogo.
É inegável que uma boa impressão inicial é muito importante, ainda mais nesse tipo de jogo que você vai acabar investindo horas e horas do seu tempo livre. Dragon Age: The Veilguard tem uma história verdadeiramente profunda, super entrelaçada com suas missões secundárias, que vai fazer você tomar decisões difíceis e até mesmo vai te emocionar, mas isso fica escondido atrás das primeiras 10 horas de jogo que são bem lineares e sem sal.
É perceptível o carinho que os desenvolvedores tiveram ao criar os personagens do seu grupo, mas infelizmente erraram a mão no começo do jogo e isso pode afastar alguns jogadores. Por isso fica o aviso: a história do jogo é muito mais do que aparenta e você não vai se arrepender de dar uma chance para ela.
Gameplay e combate
Veilguard abandona o combate mais estratégico de seus antecessores em favor de uma abordagem mais ágil e focada em ação, similar ao estilo de Inquisition, mas aprimorado. Embora alguns fãs possam sentir falta do combate tático e pausado dos primeiros jogos, o sistema de combate de Veilguard é espetacular e merece todos os créditos do mundo.
Cada batalha, especialmente as contra chefes como os dragões e os cultistas Venatori, exige que o jogador esteja atento e reaja rapidamente aos padrões de ataque dos inimigos. O sistema permite alternar entre armas e habilidades com facilidade, o que é especialmente útil para quem gosta de explorar diferentes estilos de jogo.
O feeling do combate também é excelente, joguei como uma guerreira e era perceptível o peso da espada e até mesmo a truncada que o personagem recebe ao defender com o escudo algum ataque poderoso.
O combate ser excelente desde o inicio é o que faz esse jogo valer muito a pena e compensar a história inicialmente monótona, continuei jogando porque estava me divertindo bastante com as lutas e isso me fez descobrir que a história do jogo é espetacular, só erraram na apresentação inicial dela.
Apresentação audiovisual
Visualmente, Dragon Age: The Veilguard é um espetáculo. O design dos ambientes, como as ruínas flutuantes élficas e as montanhas de Kal-Sharok, impressiona pela riqueza de detalhes e pela direção de arte impecável.
A decisão da BioWare de abandonar o mundo aberto completo em favor de áreas mais contidas e interconectadas se mostrou acertada. Minrathous, uma cidade cheia de áreas verticais, é um dos poucos lugares que pode causar alguma frustração em termos de exploração, mas, no geral, cada ambiente em Veilguard é muito bem feito e com gráficos excelentes.
Além disso, o jogo roda surpreendentemente bem no PC, que é onde está análise foi feita. Joguei com uma mistura de Ultra e Alto em QuadHD com FSR equilibrado e o jogo sustentou 60 FPS sem muitos problemas numa RX 6600 XT e um Ryzen 5 3600. Ter um desempenho tão bom é um feito e tanto para o estúdio, ainda mais em uma época onde jogos saem completamente inacabados para PC (até mesmo console), Dragon Age: The Veilguard entrega uma experiência polida desde o inicio.
Na parte sonora, o jogo também brilha e os efeitos sonoros de combate contribuem ainda mais para a imersão, alinhados com boas animações e fluidez de movimentação. Tudo isso faz com que o jogo seja visualmente agradável de forma geral, além é claro da boa música que toca toda vez que iniciamos um combate.
O jogo infelizmente não tem dublagem em PTBR, mas tem legendas e não notei nenhum erro nelas, o trabalho de localização foi bem feito apesar da falta da dublagem que é sempre um ponto negativo para nós brasileiros.
Mas e aí, Dragon Age: The Veilguard vale a pena?
Dragon Age: The Veilguard é um dos melhores RPGs do ano de forma geral, mas peca ao se apresentar para o jogador inicialmente, ele demora muito para engatar a história e fica a sensação de que ela vai ser completamente rasa e esquecível.
Felizmente, o jogo conserta esse problema lá para as 10 horas de gameplay e a partir daí ele virou algo completamente novo para mim, com os personagens brilhando em suas missões secundárias e se entrelaçando muito bem com a história.
Além disso tudo, amantes de um bom combate vão se sentir em casa aqui, nesse quesito o jogo brilha do inicio ao fim e é prazeroso lutar contra hordas de inimigos e chefes.
Este review foi elaborado com uma chave para Steam cedida pela Publisher.
Resumo para os preguiçosos
Dragon Age: The Veilguard finalmente chegou, e apesar de começar devagar, a história fica bem mais interessante depois das primeiras 10 horas. No início, o enredo parece uma batalha clichê entre o bem e o mal, com diálogos leves e até algumas piadas, o que pode estranhar quem espera uma fantasia mais séria. Mas, à medida que você explora as missões secundárias, o jogo te conecta de verdade com os personagens, deixando tudo mais emocionante e fazendo a trama brilhar de um jeito surpreendente.
O combate é um dos pontos altos de Veilguard. Ele abandona a estratégia dos jogos anteriores para algo mais direto e rápido, o que deixa as batalhas super dinâmicas e cheias de ação. Lutar contra chefes é intenso, e o sistema de combate bem fluido só torna tudo mais divertido. A parte visual também impressiona, com cenários detalhados e um desempenho sólido, mesmo no PC. Apesar do começo arrastado, o jogo recompensa a paciência com uma aventura que vale a pena e uma história que ganha profundidade ao longo do tempo.
Prós
- Combate
- Secundárias bem conectadas com a principal
- História (após o inicio)
- Personagens
- Gráficos e fluidez
Contras
- Inicio monótono
- Parte inicial da história é sem sal
- O tom de certos diálogos não combinam com o momento