Sentamos para um papo com a lenda do skate mundial, Bob Burnquist, e o diretor da Activision na América Latina, Rodrigo Pérez, para falar sobre os remakes de THPS 3 + 4 e a relevância do mercado brasileiro para a franquia
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Jogadores de videogame dos anos 90 e 2000 têm uma probabilidade imensa de ter passado inúmeras horas se sentindo como um verdadeiro skatista enquanto fazia manobras nos mapas dos jogos da franquia Tony Hawk’s Pro Skater – uma das franquias mais bem sucedidas da história dos games – e, durante a Gamescom Latam, entrevistamos uma das maiores lendas do skate e dos esportes radicais do mundo, Bob Burnquist, um carioca que, há quem diga, pode ser considerado até maior do que o próprio Tony Hawk, que empresta seu nome aos jogos.
Durante a conversa, Bob e o diretor da Activision na América Latina, Rodrigo Pérez, que o acompanhava, foram super acolhedores e compartilharam algumas informações sobre o remake do terceiro e do quarto jogos da franquia que chegam em Julho para PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox Series X e S, Xbox One, Nintendo Switch e PC. O jogo promete trazer ainda mais pistas, canções e atletas para essa versão do que no remake de THPS 1+2, lançado em 2020.
Primeiramente, Bob comentou sobre como ele se sente com a participação da nova geração de skatistas brasileiros nos jogos dizendo:
“Em 1999, eu era o único brasileiro no THPS, agora, em 2025, não sou mais. Tivemos a Letícia Bufoni e, agora, teremos a Rayssa Leal, o que é muito emocionante. Junto a isso, ainda vamos ter a oportunidade de voltar a jogar no mapa do Rio de Janeiro, e ter essa experiência com uma nova geração de atletas brasileiros presente no jogo é incrível.”
É bom lembrar que Bob não pôde participar do THPS 3 – que é onde o mapa do Rio originalmente se encontra – na época de seu lançamento, devido a questões contratuais, portanto, essa será a primeira vez que poderemos dar uma volta com o skatista carioca em sua cidade natal.
Bob também comentou sobre como THPS trouxe notoriedade para o esporte e influenciou muitos jogadores a se dedicarem ao esporte no mundo real:
“O jogo permite que você se sinta como um skatista, mas sem o risco de se machucar, e isso fez com que algumas pessoas quisessem sentir o mesmo no mundo real. Além disso, o jogo foi lançado logo depois que Tony conseguiu completar o primeiro 900 (2½ voltas no ar) da história no X Games. Foi como uma tempestade perfeita para levar o esporte a outros patamares. O jogo foi tão bem sucedido e atingiu tanta gente que não acompanhava o esporte, que havia quem achasse que os skatistas eram personagens fictícios, assim como o Mário. E ainda tem a questão da jogabilidade da franquia ser balanceada, não tão fácil que não chega a ser um desafio, mas não tão difícil ao ponto de o jogador não se divertir. ”
Rodrigo Pérez acrescentou:
“Você junta a sensação de liberdade, com a música e as manobras, e não há outras franquias que te façam sentir da mesma forma, mesmo após todos esses anos do lançamento de THPS. Até mesmo a jogabilidade sobreviveu muito bem ao tempo que se passou. São mais de 20 anos e quando você volta a jogar é como se o tempo não tivesse passado. Os controles são icônicos e perceber como eles ainda funcionam tão bem hoje quanto funcionavam nos jogos originais é realmente maravilhoso.”
A franquia também é famosa por sua trilha sonora. Levando isso em consideração, quando perguntado sobre rumores da participação de artistas brasileiros no jogo, Rodrigo disse:
“Nós adoraríamos que mais artistas brasileiros fizessem parte da trilha sonora do jogo e ainda estamos aguardando uma nova rodada de nomes serem confirmados. É importante lembrar que a Activision tem muito respeito pela comunidade de jogadores e prestamos muita atenção nas demandas deles. Por exemplo, vir com o Bob para o Brasil é muito importante, já que é a primeira vez no mundo que fazemos divulgação e entrevistas ao vivo para os remakes, já que os remakes do 1 e do 2 foram lançados durante a pandemia. Então, nós estamos atentos ao que a nossa comunidade quer e estamos animados para compartilhar mais detalhes em breve.”
Bob acrescentou:
“O skate e a música andam juntos. Quando gravamos nossos vídeos, editamos eles de acordo com a música. E você tem isso muito presente no THPS. Faz parte da nossa cultura. Eu fazer parte do jogo como skatista é tão importante quanto uma banda conseguir fazer parte da trilha sonora, em termos comerciais. Muitos jogadores associam momentos no jogo com as canções, por exemplo, tem quem diga ‘aquela música dos Dead Kennedys faz eu me sentir no hangar’. E isso demonstra o quão forte essa ligação entre o jogo e as músicas é. Eu era próximo aos membros do Charlie Brown Jr. e sempre conversávamos sobre e jogávamos THPS, então, eu senti muito orgulho quando colocaram a música deles no remake do THPS 1 + 2, o Chorão nos deixou mas eu sei que era um sonho dele e nós conseguimos realizar ele. Por isso, estou animado para que mais artistas brasileiros sejam anunciados em breve.”
Bob também comentou sobre como é sua relação com o jogo:
“Nós, skatistas, sentimos que fomos bem representados pelos jogos. Houveram outras tentativas que não deram certo antes, mas o Tony fez um ótimo trabalho. É, também, sobre arte. Tem vários modos de jogo, então, cada pessoa pode experienciar ele da sua forma. Tem aquele que só quer zerar o jogo e conseguir as melhores pontuações, e se dedica a aprender os combos e ganhar pontos da melhor forma, já eu costumo jogar no modo livre e tento andar de skate como eu faria no mundo real, sem tantas manobras em seguida. Por exemplo, na época do lançamento do THPS Underground, durante uma turnê de divulgação do jogo, o Tony passava o dia jogando no ônibus e berrou quando zerou o jogo, ele era muito competitivo, enquanto eu nunca devo ter zerado um deles. (risos) Também lembro de jogar o primeiro THSP, fazer dos flips em seguida e pensar ‘isso é impossível’, mas foi daí que surgiu a minha inspiração para criar o samba flip que foi incorporado ao jogo no THPS 4. Ou seja, o jogo te permite fazer coisas impossíveis, mas também pode servir de inspiração. É o mundo real inspirando o jogo e vice-versa.”
Rodrigo aproveitou o exemplo para comentar sobre a mega rampa que Bob tem em sua fazenda nos Estados Unidos, que parece ter sido tirada diretamente de um videogame e que, agora, também será incorporada ao jogo. Além disso, falou sobre a natureza competitiva dos jogos, mas que eles também servem para conectar os jogadores e que THPS 3 foi pioneiro quanto isso, sendo um dos primeiros jogos a permitir jogar online, ainda no PS2.
Por fim, ambos reforçaram que o remake de THPS 3+4 terá mapas inéditos e muitas outras novidades, incluindo uma colaboração com Doom que dá acesso a dois personagens e uma faixa musical da franquia de jogos da id Software.