O diretor de Kingdom Come: Deliverance, Daniel Vávra, defendeu publicamente o uso de inteligência artificial na indústria de jogos, em resposta à recente controvérsia envolvendo a Larian Studios. O debate começou após o estúdio de Baldur’s Gate 3 confirmar o uso de IA generativa em estágios iniciais do desenvolvimento de seu novo projeto da série Divinity.
Vávra comparou a reação negativa à adoção da tecnologia com a resistência histórica ao avanço de máquinas industriais. Para ele, a IA é inevitável e já está presente nos bastidores de praticamente todos os estúdios, inclusive no processo de criação de ativos menos relevantes ou repetitivos.
Uso de IA no desenvolvimento divide opiniões na indústria de jogos
This AI hysteria is the same as when people were smashing steam engines in the 19th century. @LarAtLarian said they were doing something that absolutely everyone else is doing and got an insanely crazy shitstorm.
I've even seen someone accuse us of using AI in KCD2. I don't… https://t.co/l7pNbTxeIT
— Daniel Vávra ⚔ (@DanielVavra) December 17, 2025
A polêmica surgiu após Swen Vincke, CEO da Larian, afirmar que a IA generativa foi utilizada para testar ideias, criar esboços de apresentações e gerar textos provisórios. Embora tenha garantido que nenhum conteúdo gerado por IA entraria no produto final, parte da comunidade criticou o uso da tecnologia mesmo nas fases conceituais do jogo.
Vávra saiu em defesa da prática, dizendo que “absolutamente todos” os estúdios já utilizam IA para acelerar tarefas demoradas. Ele afirmou que no caso de Kingdom Come: Deliverance 2, a única aplicação da tecnologia foi para melhorar a resolução de ativos antigos por meio de ferramentas como o Topaz Labs.
Segundo Vávra, a inteligência artificial pode democratizar o desenvolvimento e permitir que equipes menores criem jogos em menos tempo, mantendo um padrão artístico e narrativo supervisionado por humanos. Ele citou como exemplo tarefas repetitivas como diálogos genéricos, que poderiam ser automatizados sem comprometer a experiência central.

Ele também defendeu o uso de IA para criar interações dinâmicas com NPCs, o que ampliaria a imersão dos RPGs. Porém, enfatizou que cenas importantes e diálogos de história ainda devem ser dublados por atores reais e capturados com performances humanas.
Vávra concluiu dizendo que, embora a IA represente riscos, ela também traz oportunidades, como o retorno de gêneros esquecidos, maior diversidade de jogos e o fim da dependência de grandes publicadoras. Segundo ele, o impacto será tão significativo quanto a chegada dos aviões ou da revolução industrial.
