Avowed – Análise – Vale a Pena – Review

Após anos de expectativa, Avowed, o novo RPG de ação da Obsidian, finalmente está entre nós. Ambientado no universo de Pillars of Eternity, o jogo promete uma jornada intensa nas misteriosas Terras Vivas. Mas será que ele realmente vale a pena? É o que vamos descobrir na análise de hoje

A história de Avowed

Em Avowed, assumimos o papel de um Emissário do Império de Aedyr, enviado às Terras Vivas para investigar uma praga sobrenatural chamada Praga dos Sonhos. Essa misteriosa corrupção altera a fauna, a flora e até as mentes das pessoas, espalhando o caos e desafiando o equilíbrio local.

A ilha, conhecida por ser um refúgio para aqueles que buscam uma segunda chance, agora enfrenta a ameaça da Garrota de Aço, uma facção de fanáticos religiosos liderada pela implacável Inquisidora Lödwyn.

O protagonista, além de sua missão diplomática, também carrega o fardo de ser um Deiforme, uma pessoa marcada por uma divindade desconhecida. Essa conexão divina se manifesta em habilidades especiais e no surgimento de características físicas únicas, como marcas semelhantes a galhos no rosto.

A narrativa segue essa linha de tentar parar a Praga dos Sonhos enquanto nós descobrimos mais sobre as Terras Vivas e o que de fato está acontecendo nesse mundo.

Exploração e combate

O sistema de combate de Avowed adota uma abordagem de ação rápida, semelhante ao que vimos em The Outer Worlds e pode ser jogado tanto em primeira como em terceira pessoa. A movimentação é ágil, permitindo esquivas, saltos e trocas rápidas de armas.

O principal destaque da gameplay é que não existe uma build engessada de RPG tradicional como nós conhecemos. Ao invés disso, os jogadores podem equipar qualquer combinação de armas, como uma espada em uma mão e um grimório mágico na outra, o que incentiva a experimentação.

As habilidades são divididas em três árvores principais: Guerreiro, Arqueiro e Mago. Embora o jogo incentive a mistura de habilidades, essa flexibilidade pode prejudicar o desempenho caso o jogador não se dedique a desenvolver atributos específicos. A progressão também depende bastante do equipamento, já que armas e armaduras possuem níveis de raridade que influenciam diretamente a eficácia no combate. Enfrentar um inimigo com equipamento inferior pode transformar uma luta aparentemente simples em um verdadeiro inferno.

As Terras Vivas são compostas por quatro áreas principais, cada uma com biomas distintos e segredos a serem descobertos. O design vertical e a variedade de paisagens tornam a exploração interessante, especialmente quando encontramos cavernas escondidas, ruínas ancestrais e baús recheados de recursos. No entanto, a repetição de inimigos, como xaurips, esqueletos e aranhas, acaba prejudicando a sensação de novidade ao longo das cerca de 40 horas de campanha.

A interação com o cenário é bem feita, e a possibilidade de alternar entre visão em primeira e terceira pessoa oferece mais liberdade. No entanto, a perspectiva em terceira pessoa apresenta problemas, como movimentação imprecisa e dificuldade em realizar ações simples, como pegar itens do chão, o que torna a gameplay em primeira pessoa praticamente obrigatória para qualquer um.

A Obsidian é conhecida por sua habilidade em criar bons personagens, e Avowed não é exceção. Kai, o primeiro companheiro que encontramos, é um guerreiro de pele azul com um passado sombrio e comentários sarcásticos que quebram a tensão das batalhas. Os demais companheiros também possuem histórias interessantes e missões pessoais que adicionam à narrativa.

Os diálogos são bem escritos e apresentam diversas opções, algumas desbloqueadas de acordo com os atributos do personagem. No entanto, a restrição dessas opções pode frustrar jogadores que optam por uma build híbrida , dificultando o acesso a respostas específicas.

O principal problema em relação a exploração do jogo é que o jogador é extremamente limitado em algumas coisas, por exemplo, não podemos matar NPCs e nem mesmo roubar itens. O jogo é extremamente engessado no caminho que ele quer que o jogador siga e não vai te permitir ser criativo, algo extremamente frustrante para um RPG que prometia tanto, especialmente vindo da Obsidian, empresa que já nos entregou verdadeiras joias do gênero como Fallout New Vegas e The Outer Worlds.

Apresentação audiovisual e performance 

Graficamente, Avowed impressiona com cenários coloridos e detalhados, que variam de florestas encantadas a desertos áridos. A direção artística foge da estética tradicional de fantasia medieval, trazendo um visual vibrante que vai mais pro lado High Fantasy.

A trilha sonora cumpre seu papel, mas não se destaca tanto quanto a ambientação visual. O trabalho de dublagem em inglês, por outro lado, é excelente, o jogo também conta com legendas em português brasileiro, o que é algo super bem vindo.

A análise foi feita na versão de PC, e foi uma surpresa ver que o jogo está com uma excelente performance, mesmo sendo feito na Unreal Engine 5, conhecida por dilacerar computadores por aí.

Apesar da excelente performance, o jogo tem alguns bugs chatos, o que mais me incomodou foi logo no tutorial onde os inimigos que eu deveria derrotar não estavam lá, e fiquei rodando uns 15 minutos achando que tinha que fazer alguma coisa diferente. Só quando reiniciei o jogo foi que descobri que se tratava de um bug.

Problemas de queda bruscas de quadros podem acontecer dentro das cidades também, além da IA de inimigos ficar maluca do nada. Mas no geral, com exceção do bug que me forçou a reiniciar o jogo, os outros são bem toleráveis e não atrapalham tanto na experiência final.

Mas e aí, Avowed vale a pena?

Avowed entrega uma experiência divertida, com combate dinâmico, personagens bem escritos e um mundo interessante de explorar. No entanto, a repetição de inimigos, a falta de profundidade na narrativa e os problemas técnicos impedem o jogo de alcançar um patamar mais elevado.

Para os fãs de RPGs de ação, especialmente aqueles que gostaram de The Outer Worlds, o título oferece uma aventura competente e envolvente. No entanto, aqueles que buscam algo tão impactante quanto Baldur’s Gate 3 ou Skyrim podem se decepcionar.

Análise feita com uma cópia para PC.