A Electronic Arts (EA) anunciou recentemente que será adquirida por um consórcio de investidores, em um acordo avaliado em impressionantes 55 bilhões de dólares. A negociação envolve o PIF (fundo soberano da Arábia Saudita), a Silver Lake (empresa americana de private equity) e a Affinity Partners, fundada por Jared Kushner, genro do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Trata-se do maior buyout da história, superando até mesmo a aquisição de 48,4 bilhões da TXU Energy em 2007 e ficando atrás apenas da compra da Activision Blizzard pela Microsoft em termos de escala na indústria dos games.
Risco de demissões e aposta em inteligência artificial
Segundo informações divulgadas pelo Financial Times, os novos investidores planejam reduzir significativamente os custos operacionais da EA utilizando avanços em inteligência artificial. A ideia seria automatizar processos que hoje demandam grandes equipes de desenvolvimento e até atores para captura de movimentos, o que pode resultar em demissões em massa. O cenário é semelhante ao que ocorreu após a fusão entre Microsoft e Activision Blizzard, que trouxe cortes profundos de pessoal.
Outro ponto preocupante é a dívida envolvida no acordo. De acordo com a Bloomberg, cerca de 20 bilhões de dólares foram financiados pelo JPMorgan Chase & Co., configurando o maior compromisso de dívida já registrado em um buyout. Só os juros dessa quantia podem chegar a centenas de milhões de dólares por ano. Analistas lembram que o montante é quase quatro vezes maior do que a dívida do caso Toys R Us, que terminou em falência.
Com esse peso financeiro, é esperado que a EA adote medidas agressivas de corte de custos e monetização, o que aumenta ainda mais o temor entre funcionários. Estúdios como a BioWare, que já sofreu cortes após o desempenho fraco de Dragon Age: The Veilguard, podem estar entre os mais vulneráveis.
O analista Joost van Dreunen destacou que o PIF já detinha cerca de 10% das ações da EA antes da compra, o que facilitou sua participação no negócio. Em sua análise, o fundo saudita tem como estratégia investir valores astronômicos para conquistar dominância de mercado, contando com recursos praticamente ilimitados.
Por outro lado, como empresa privada, a nova EA poderia escapar da pressão de resultados trimestrais e pensar em um plano de longo prazo. Porém, a presença de parceiros como Silver Lake e Affinity Partners pode direcionar as decisões para uma gestão mais agressiva em busca de retorno rápido.