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Entrevista Ricardo Juarez – a voz do Cruzado em Diablo III – Reaper of Souls

Rolou ontem (30/03) em São Paulo capital a estréia oficial da primeira expansão de Diablo III, o Reaper of Souls na escola Saga, unidade de games em Santo Amaro, que contou com 300 fãs no local.

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A equipe de dublagem do jogo também participou do evento com convidados muito especiais, e entre eles, o Ricardo Juarez, que além de imortailar a voz de Johnny Bravo e seus “Hup hup, que sinistro”, agora trouxe sua bela voz e atuação para o mundo dos games, encarnando o papel do Cruzado, na expansão do jogo da Blizzard.

Além desses trabalhos, Juarez também faz a voz de Kratos na versão Brasileira de God of War, e já emprestou sua voz para Will Ferrel, além de dublar outros desenhos, como Tygra em Thundercats, e Edu em Du, Dudu e Edu.

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Confira essa entrevista que foi recheada de risadas, e também um imenso prazer de fazê-la.

Critical Hits: Há quanto tempo você trabalha como dublador?

Ricardo Juarez: Há mais ou menos 20 anos.

CH: Antes de Reaper of Souls, já tinha trabalhado com games?

RJ: Bom, a vida toda eu dublei desenhos, filmes e séries, e games eu comecei a trabalhar a partir de 2013, e desde então vem vindo um game atrás do outro.

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CH: O primeiro foi o Reaper of Souls?

RJ: Não, o primeiro foi League of Legends que eu fazia o Draven e o Hecarim, depois o Kratos em God of War, e aí depois veio o Marius de Ryse: Son of Rome. Depois disso veio o Pinguim de Batman: Arkhan Origins e enfim o Cruzado de Diablo III: Reaper of Souls.

CH: Isso sendo recente pra você, qual foi a maior dificuldade na hora de lidar com dublagem para games?

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RJ: A gente ta acostumado a ter a referência da imagem, então você ta vendo ali o que está acontecendo, então você está vendo a expressão facial do ator e o que está acontecendo na cena. Quando você trabalha com um jogo, você não tem referência. Apenas o áudio. E isso foi uma dificuldade muito grande, mas como tempo você começa a perceber a forma do ator americano trabalhar o personagem e vai seguindo aquilo, e tem também o caso de quando você trabalha com um profundo conhecedor do mercado de games, no caso o Gustavo Nader.

Ele vai te orientando no meio do processo, e o tempo todo te acessorando. Por exemplo, ele vai indicando “olha, aqui ele ta mais debochado, aqui ele está mais agressivo”, então isso tudo ajuda, mas a maior dificuldade mesmo é não ter a orientação da imagem.

CH: Então você também utiliza como referência o audio do ator em inglês.

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RJ: Sim, se o cara fala “And now, I gonna destroy you”, em português você tem o audio ali de três segundos e fala “E agora, eu vou matar você”, dentro da mesma entonação.

CH: Como foi a preparação para você fazer o Cruzado?

RJ: Bom, eu nunca havia jogado Diablo, estou jogando agora no PlayStation 3. Obviamente vou jogar no PC também que eu quero ver o meu trabalho. Então, o Gustavo me passou toda a orientação, me apresentando o mundo do jogo e falando como era a história e o jogo, como era o personagem, ou então momentos para prestar mais atenção no jogo por ser um momento chave. Então, toda a preparação foi feita dessa forma, contando como era o personagem e a história.

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CH: E o áudio tem que ser bem fiel ao original, ou dá pra passar um pouco?

RJ: Depende muito. Existem áudios que você pode passar um pouquinho, que é até mesmo uma coisa narrativa e tem áudios que você tem que ser extremamente bem fiel ao original, respeitando tempo, pausas e autos e baixos na voz inclusive.

CH: Depois disso a Blizzard teve que aprovar algo, ou ficou algo mais a vontade nossa?

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RJ: A gente faz uma versão, a versão brasileira. Não é uma tradução em si, então eu fiz o teste e fui aprovado para fazer o Cruzado, e no começo houveram alguns ajustes até chegar no que o pessoal ta jogando espera. Nas primeiras gravações, veio uma equipe acompanhar o trabalho e por telefone ficava alguém seguindo a gravação e verificando se o áudio estava adequado para o personagem. Então, lá dos EUA ficava alguém acompanhado em tempo real por telefone e ficava fazendo a aprovação do áudio. “Ah, ok. Gostei, pode utilizar esse”, ou então “não, não. Não está legal, pede pra ele fazer novamente. Está muito gritado”. Então, os primeiros passos foram feitos dessa forma. O trabalho é bem repetitivo. As vezes precisamos fazer a mesma fala 20 vezes se for preciso.

CH: Você joga, Ricardo?

RJ: Eu jogo consoles. Tenho um PlayStation 3 e um Xbox One, e vou começar a jogar também PC, para experimentar o Reaper of Souls. De uma forma geral eu sempre joguei consoles. Comecei há muito tempo atrás, com o Atari. Sempre gostei de jogar. Acredito que o vídeo game pra mim, é a minha cachaça. Meu momento de lazer e diversão. Então, se eu não estou trabalhando e tenho um tempo livre, eu estou jogando. O problema é ter tempo livre.

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Um momento muito engraçado, é quando eu estou jogando online alguma coisa como Fifa e converso com o pessoal, então alguém fala “pô, você tem uma voz muito maneira, hein. Já pensou em ser locutor ou dublador?”. Aí então eu me identifico e falo o que faço, o pessoal fala “não, o cara que dubla o Johnny e esses tantos outros personagens não estaria aqui jogando com a gente”, e então eu falo “ué, porquê não? É ser humano, igual”. Quando eu fui na BGS por exemplo, fiquei 3h na fila com o pessoal, igual todo mundo. Eu sou fã mesmo!

CH: Qual o seu gênero predileto de jogos?

RJ: Eu gosto muito de jogos de tiro em primeira pessoa. Gosto de também de jogos no estilo Uncharted. Jogos de corrida, futebol, e até mesmo futebol americano.

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CH: Em algum momento da sua carreira como locutor e dublador, já chegou a imaginar que um dia iria trabalhar com a dublagem dessa sua paixão e lazer, que são os games?

RJ: Cara, hoje eu estou em um momento muito feliz da minha carreira. Eu faço Radio Globo, TV Globo, canais a cabo, locução, comerciais, personagens, e ainda hoje eu acho um pouco estranho. Parece que estou em um sonho. É maravilhoso. Quando eu vejo minha caminhada – e não foi fácil – de mais ou menos 20 anos dedicados, pensando em todos os problemas, corre-corre, estresse, no começo você erra muito, então quando você chega aqui, você pensa “será que eu sou mesmo a voz desse personagem, isso ta acontecendo?”, porquê a coisa toda parece meio surreal as vezes.

CH: Quando você faz a dublagem de um personagem, tanto para filme como para um desenho, como você se sente depois, ouvindo aquilo tudo?

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RJ: As vezes eu esqueço que sou eu que estou fazendo aquele personagem e eu fico analisando, curtindo o desenho, o jogo ou o filme, e quando eu estou jogando, eu penso “ah, eu poderia ter feito dessa forma”, ou “teria sido melhor se eu tivesse dublado desse jeito”, sempre bem crítico e exigente com o meu trabalho. Raramente fico satisfeito. Até mesmo o Johny Bravo, que é o meu personagem mais famoso eu assisto e penso que poderia ter feito melhor em alguns momentos. Eu sempre quero melhorar meu trabalho. No dia que eu chegar pra fazer uma dublagem, seja filme, desenho ou jogo e falar “isso é fácil pra mim”, minha profissão vai perder a graça, porquê é isso que me da o prazer de fazer o personagem.

O Pinguim em Batman foi um desafio, por exemplo. O Kratos então, foi a primeira voz brasileira do personagem, e a voz dele é algo como grave e gutural. Quando eu dublava ele e chegava a noite em casa, eu não falava mais nada para preservar a voz. Em um dos gritos que eu dei eu senti o gosto de sangue na garganta. Eu sei que a dublagem do Kratos não agradou todo mundo, mas eu fui ao meu limite pra fazer, quase fiquei rouco fazendo ele (Kratos). Então quando eu faço, eu faço mesmo! Me entrego completamente ao trabalho.

CH: Além dos games e o Johnny Bravo, que outros trabalhos de destaque você tem como dublador?

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RJ: Eu fiz o Hellboy 2. Eu sou a girafa Melman em Madagascar. Eu já fiz o Taz, de Taz-Mania. Eu faço também a segunda voz do Barney, o bêbado dos Simpsons desde 2002 mais ou menos, além dos trabalhos como locutor, como as chamadas do futebol da Globo (“Atenção emissoras da Rede Globo para o top de 5 segundos”). Como eu disse, as vezes nem parece que sou eu.

CH: Ricardo, muitíssimo obrigado pela entrevista.

RJ: Valeu pessoal. Até a próxima.

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E aqui encerramos essa maravilhosa entrevista, que foi um imenso prazer de ter feito. Ao Ricardo Juarez, eu e o Critical Hits agradecemos seu tempo para a entrevista, e queremos que continue emprestando sua voz para outras centenas de games que dão vida aos nossos personagens prediletos. Obrigado!

E a você, caro leitor e gamer, esperamos que tenham gostado da entrevistas. Comentários? Então vá aí abaixo e escreva pra gente.

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Até a próxima!

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