O filme Y2K: O Bug do Milênio, dirigido por Kyle Mooney, chegou recentemente ao Prime Video e reacendeu a curiosidade sobre o pânico real vivido no final dos anos 90. Lançado originalmente nos cinemas em 2024 e disponível em outros streamings desde então, o longa mistura humor ácido, ficção científica e nostalgia para imaginar o que teria acontecido se o temido “bug do milênio” tivesse realmente desencadeado o colapso tecnológico mundial. Mas afinal, por que tanta gente acreditava que o mundo poderia acabar no ano 2000?
O que foi o bug do milênio?
O “Problema do ano 2000”, conhecido popularmente como Y2K, foi uma falha potencial nos sistemas computacionais da época. A origem do problema remonta aos primeiros anos da informática, quando os programadores usavam apenas dois dígitos para representar o ano nas datas, como “98” para 1998. Isso economizava espaço e processamento em computadores que tinham memória extremamente limitada.
A preocupação surgiu com a virada do século. Muitos sistemas não estariam preparados para interpretar o “00” como 2000, podendo entendê-lo como 1900. A falha parecia pequena, mas os impactos poderiam ser enormes, especialmente em setores como finanças, aviação, saúde e energia. Bob Bemer, cientista da computação da IBM, foi um dos primeiros a alertar para o risco, e nos anos seguintes, governos e empresas correram para tentar evitar um possível colapso tecnológico.
O medo de um apocalipse digital
Nos meses que antecederam o Réveillon de 1999 para 2000, cresceu entre a população global o temor de que sistemas essenciais parassem de funcionar. Nos Estados Unidos, o Congresso chegou a aprovar uma lei específica, a Year 2000 Information and Readiness Disclosure Act, incentivando parcerias entre governo e setor privado para mitigar os riscos.
Apesar da preparação técnica, o medo coletivo ultrapassou os limites da lógica. Igrejas fundamentalistas, grupos conspiracionistas e comunidades survivalistas alimentaram a narrativa de que o Y2K poderia representar o fim dos tempos. Algumas figuras, como o televangelista Jerry Falwell, chegaram a afirmar que o bug seria parte do apocalipse bíblico. Outros temiam que as máquinas ganhassem consciência e se voltassem contra a humanidade, um cenário que hoje soa exagerado, mas que à época parecia plausível para muitos.
O que o filme mostra e como exagera os fatos

Y2K: O Bug do Milênio leva esse medo ao extremo, imaginando um mundo onde o bug realmente desencadeia uma revolta das máquinas. O filme acompanha um grupo de adolescentes que, no meio de uma festa de Ano-Novo, se veem cercados por eletrodomésticos assassinos e uma inteligência artificial que transforma humanos em servidores vivos. A estética é uma mistura entre comédias adolescentes dos anos 80 e o clima distópico da franquia O Exterminador do Futuro.
Embora absurdamente fictício, o filme acerta em capturar o espírito da virada do milênio. A trilha sonora, os figurinos e os dilemas adolescentes reforçam o clima de 1999, criando um contraste cômico entre os dramas típicos da juventude e o caos tecnológico crescente. Personagens como Laura, uma jovem especialista em informática, tentam explicar o funcionamento do bug dentro da lógica do filme, enquanto outros seguem ignorando os alertas.
O que realmente aconteceu na virada do milênio?
Na realidade, o mundo não acabou no dia 1º de janeiro de 2000. Apesar dos temores, os sistemas funcionaram quase normalmente graças aos intensos investimentos em prevenção. Segundo a revista Computer World, foram gastos mais de 300 bilhões de dólares em todo o mundo para corrigir os sistemas afetados. O esforço global compensou: apenas falhas menores foram registradas, sem prejuízos significativos.
Alguns críticos, anos depois, questionaram se todo o pânico em torno do Y2K não teria sido um exagero. Outros argumentam que justamente por causa da mobilização preventiva o colapso foi evitado. Ou seja, o fato de “nada ter acontecido” pode ter sido justamente o resultado do trabalho bem-feito por programadores e governos.
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