O cineasta Tyler Perry falou pela primeira vez sobre as inspirações por trás do novo thriller dramático da Netflix Até a Última Gota, estrelado por Taraji P. Henson. A trama acompanha Janiyah, uma mãe solo que enfrenta uma sucessão de eventos traumáticos ao longo de um único dia, que a levam ao seu limite emocional e psicológico.
Dirigido e roteirizado por Perry, o longa faz parte de um acordo multimídia do autor com a plataforma de streaming e conta com um elenco de apoio de peso, incluindo Sherri Shepherd, Teyana Taylor, Sinbad, Ashley Versher, Rockmond Dunbar e Mike Merrill.
Inspiração real, mas não literal
Durante uma entrevista ao programa Extra TV, Perry esclareceu que o roteiro de Até a Última Gota não é baseado diretamente em uma história real. No entanto, ele afirmou que a narrativa foi construída a partir de sentimentos e experiências vividas por muitas pessoas que enfrentam dificuldades invisíveis diariamente.
Segundo o cineasta, o filme nasceu da necessidade de dar visibilidade a quem normalmente passa despercebido. “É sobre um grupo de pessoas à margem, que não são vistas, não são reconhecidas, não são representadas. Pessoas que vivem situações absurdas apenas para sobreviver. Quando tudo isso se acumula, chega um momento em que a última gota faz o barril transbordar”, explicou.
Um reflexo do peso de ser ignorado
Perry também revelou que parte da inspiração para o roteiro surgiu de sua própria vivência pessoal. Ele contou que, enquanto escrevia o filme, passava por um período intenso em sua vida, e encontrou na escrita uma forma de expressar o caos interno que enfrentava. Foi nesse contexto que surgiu Janiyah, uma personagem que carrega o peso de muitas batalhas invisíveis.
A frase “Você não sabe o quanto custa ser pobre”, presente no roteiro, sintetiza uma das ideias centrais do longa: as barreiras econômicas e sociais que tornam a sobrevivência uma batalha diária para milhões de pessoas. Outra linha marcante do filme, “Ninguém nos vê”, reforça essa ausência de reconhecimento e empatia, algo que Perry quis destacar com clareza.
Janiyah como símbolo coletivo
Embora Janiyah não seja baseada em uma pessoa real, ela é uma figura simbólica que representa inúmeras histórias reais. A sequência de eventos improváveis que ela enfrenta, incluindo um assalto à mão armada no mercado onde havia sido recentemente demitida, pode parecer extrema, mas funciona como uma metáfora dramática para o acúmulo de pressões emocionais, financeiras e sociais enfrentadas por tantas mulheres negras, mães solo e trabalhadoras pobres.
A personagem, segundo Perry, é uma forma de canalizar temas que refletem tensões sociais reais. Em sua fala, o diretor deixa claro que seu objetivo foi “honrar essas histórias” ao criar uma protagonista que simboliza o impacto profundo de ser negligenciado por sistemas sociais falhos.
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