Sandman retorna para sua segunda temporada aprofundando ainda mais seu universo fantástico, com elementos inspirados em mitologias e lendas de diferentes culturas. Entre os novos personagens e territórios apresentados, o Reino das Fadas ocupa um papel central, especialmente por meio da figura de Nuala, interpretada por Ann Skelly. A trama resgata figuras conhecidas do folclore britânico e irlandês, e amplia a mitologia da série de forma marcante.
As origens literárias das fadas de Sandman
As fadas de Sandman são retratadas com forte influência da peça Sonho de uma Noite de Verão, de William Shakespeare. Personagens como a Rainha Titânia, o Rei Auberon e o Puck não apenas são citados, mas ganham vida no universo da série. Ainda que o autor inglês tenha se baseado em lendas populares da época para compor sua obra, em Sandman há uma inversão interessante: é como se a peça de Shakespeare fosse um retrato fiel da corte feérica, quando, na verdade, os quadrinhos foram influenciados por essa versão teatral.
Na série, o reino das fadas está localizado uma dimensão paralela acessível por um portal situado nas Colinas de Sussex, Inglaterra. Esse reino mágico teve uma relação próxima com o Sonhar, domínio de Morpheus, até ocorrer um desentendimento entre o governante dos sonhos e a Rainha Titânia.
Por que as fadas pagavam um tributo ao Inferno?
Um dos mistérios que emergem na segunda temporada de Sandman é o antigo acordo entre as Fadas e o Inferno. A cada sete anos, nove habitantes do Reino das Fadas eram enviados como tributo a Lúcifer. Embora a série não detalhe a origem desse pacto, o material de base sugere que esse pagamento funcionava como uma forma de manter a independência das Fadas, garantindo sua existência fora das esferas do Céu e do Inferno.
Quando Morpheus recebe a chave do Inferno, a preocupação das Fadas é imediata. No entanto, é o próprio Sonho quem resolve a situação, garantindo que o tributo seja encerrado. A decisão é, em parte, influenciada pela impressão deixada por Nuala durante os eventos que cercam a sucessão do trono infernal.
Quem é Nuala e qual sua importância na série?
Nuala chega à série como embaixadora enviada pela Rainha Titânia, acompanhada por seu irmão Cluracan. Enquanto ele se entrega a prazeres e festas, ela assume uma postura respeitosa e procura dialogar com Morpheus. O destino da personagem muda drasticamente quando Cluracan revela que Nuala está sendo dada como “presente” ao Senhor dos Sonhos, uma decisão da própria Titânia.
Apesar de Morpheus tentar recusá-la com educação, Nuala opta por permanecer no Sonhar, alegando preferir esse novo caminho a retornar para uma rainha que a trata com desdém. A atitude revela sua força e senso de dignidade, e estabelece um vínculo de confiança com Morpheus, que a acolhe como parte de sua corte. Ele também a liberta da obrigação de manter uma aparência glamourosa, imposta por Titânia, pedindo que ela se apresente como realmente é.
A peça de Shakespeare como instrumento diplomático
Em suas conversas com Nuala, Morpheus descobre que ela esteve presente na primeira encenação de Sonho de uma Noite de Verão. A peça foi encomendada pelo próprio Morpheus a Shakespeare como uma tentativa de restaurar os laços entre as Fadas e o Sonhar. Ao verem suas versões representadas nos palcos, o Rei Auberon e a Rainha Titânia reconhecem a sátira e a crítica contida na obra, mas também entendem o gesto conciliador por trás da encenação.
O resultado é duradouro: a peça eterniza os soberanos feéricos na memória dos humanos e, ao mesmo tempo, reabre o canal de diálogo entre os dois reinos.
O futuro de Nuala no Sonhar
Nos quadrinhos, Nuala permanece no Sonhar por muitos anos, assumindo tarefas relacionadas à manutenção e organização do reino. Com o tempo, desenvolve sentimentos por Morpheus, embora esses sentimentos não sejam correspondidos. Quando seu irmão retorna para buscá-la, Nuala reluta, mas acaba aceitando partir. Morpheus, como forma de gratidão, concede a ela um desejo.
Nuala, no entanto, pede algo que ele não pode dar: seu amor. Em um dos momentos mais comoventes da narrativa, Morpheus diz que só pode lhe enviar um sonho com seu amor, ao que ela responde que esse sonho já lhe basta.
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