The Last of Us, aclamada adaptação da HBO baseada no jogo homônimo da Naughty Dog, mantém-se fiel a muitos dos aspectos narrativos do material original. No entanto, uma mudança chamou a atenção dos fãs mais atentos: a ausência de máscaras contra esporos, elemento recorrente e fundamental na versão dos videogames. A decisão criativa tem raízes tanto narrativas quanto práticas, e revela os ajustes necessários ao transpor uma história interativa para a televisão.
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Máscaras e esporos: um elemento essencial no jogo
No universo dos games The Last of Us, os esporos representam uma ameaça constante. Presentes em ambientes fechados, esses esporos são uma forma de propagação do fungo Cordyceps, responsável pela infecção que devastou a humanidade. Sempre que os personagens se deparam com áreas infestadas, colocam automaticamente máscaras de gás para evitar a contaminação. Essa mecânica não apenas reforça o clima de tensão, mas também serve como um indicativo visual da presença de infectados nas redondezas.
Além disso, os esporos criam obstáculos reais para os jogadores, já que tornam determinadas regiões mais perigosas e exigem estratégias cuidadosas. Ellie, por ser imune ao fungo, é a única que pode respirar esse ar contaminado sem consequências, o que reforça seu papel único na narrativa.
A decisão criativa da série: eliminar os esporos
Na versão televisiva de The Last of Us, os esporos não aparecem. Desde os primeiros episódios, não há menção ao risco de contaminação pelo ar, nem qualquer necessidade de máscaras para se locomover em locais suspeitos. A única exceção ocorre no episódio 3, quando Bill usa uma máscara brevemente, mas por medo de armas químicas, não por esporos.
Craig Mazin, co-criador da série, explicou a decisão (via ComicBook): se os esporos estivessem no ar de forma tão ampla quanto nos jogos, seria lógico que toda a população restante precisasse usar máscaras o tempo todo. Isso mudaria a dinâmica do mundo da série e comprometeria a verossimilhança pretendida pela produção. Além disso, o custo para criar efeitos visuais realistas de esporos seria alto e dificultaria o trabalho dos atores, que perderiam a possibilidade de expressar emoções com clareza.
Alternativas para manter a tensão dramática
Apesar da ausência dos esporos, a série encontrou outras maneiras de preservar o suspense. Um dos elementos mais eficazes foi a introdução da rede fúngica subterrânea. Essa conexão biológica entre os infectados faz com que um simples movimento ou ataque em um ponto possa ativar dezenas de criaturas em locais distantes. O mecanismo é visto em ação logo no segundo episódio da série, quando Joel mata um infectado e desencadeia a chegada de uma horda.
Essa rede, embora não presente no jogo, traz uma ameaça igualmente imprevisível e constante, mantendo o clima de perigo e reforçando o aspecto quase orgânico do apocalipse zumbi retratado.
Os esporos podem voltar no futuro da série?
Embora a primeira temporada e os episódios iniciais da segunda tenham se mantido distantes do conceito de esporos, Mazin já afirmou que eles não estão totalmente descartados. Em entrevista (via Entertainment Weekly), o roteirista mencionou que a ausência até agora não significa exclusão definitiva. Com o avanço da história e a evolução do Cordyceps, pode ser que o elemento retorne de forma pontual ou como recurso narrativo mais à frente.
A reintrodução dos esporos pode, inclusive, contribuir para reforçar a tensão em torno da imunidade de Ellie. No jogo, mesmo podendo respirar sem risco, ela utiliza máscara para se camuflar. Na série, a jovem já mostrou atitudes semelhantes, como ao esconder sua cicatriz de mordida. Se os esporos voltarem a ser relevantes, o uso ou não de máscara pode se tornar mais um ponto de conflito e revelações na trama.
Sobre a série
Com direção de Craig Mazin e Neil Druckmann, The Last of Us adaptada o aclamado jogo desenvolvido pela Naughty Dog. Se passando 20 anos depois que uma pandemia devastou a sociedade como conhecemos, a história acompanha a jornada do sobrevivente Joel e da jovem Ellie, interpretados respectivamente por Pedro Pascal e Bella Ramsey.
The Last of Us está disponível na HBO Max.
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