O verdadeiro autor do tiroteio em massa no Pittfest finalmente veio à tona no episódio 14 da primeira temporada de The Pitt. No entanto, ao contrário do que muitos esperavam, a identidade do atirador não trouxe o fechamento emocional que os personagens — e o público — ansiavam. Em vez disso, a série optou por um caminho mais reflexivo e ousado: não dar nome nem rosto ao criminoso.
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O suspense ao redor de David Saunders: um desvio proposital
Desde o início da série, David Saunders (Jackson Kelly) foi uma figura envolta em suspeitas. Apontado pela própria mãe como um possível perigo para outras pessoas, ele passou a ser visto como o provável responsável pelo ataque. A tensão se intensificou quando o tiroteio ocorreu no episódio 11, levando muitos a acreditar que o Dr. Robby (Noah Wyle) havia cometido um erro grave ao hesitar em denunciar o jovem.
Contudo, no episódio 14, após a captura de David e um ferimento sério na cabeça durante a abordagem policial, veio o anticlímax: ele não era o atirador. A série deixou claro que o responsável pelo ataque era um homem desconhecido, encontrado morto com um ferimento autoinfligido e uma arma semiautomática.
O atirador era um desconhecido: por que isso importa?
A revelação — ou ausência dela — gerou debates, mas faz parte de uma decisão consciente dos criadores de The Pitt. Nenhum dos personagens principais conhecia o autor da tragédia. O ataque foi um ato de violência aleatório, sem conexões diretas com os protagonistas. A resposta à pergunta sobre a motivação do atirador veio da personagem Dana Evans (Katherine LaNasa), que resumiu o sentimento da série com um simples: “Isso importa?”.
Essa escolha narrativa reforça o foco da série: os profissionais de saúde que lidam com as consequências de tragédias, não os agressores. Em vez de dar notoriedade ao atirador, The Pitt concentra sua atenção nas vítimas e na exaustiva rotina dos médicos e enfermeiros que tentam salvar vidas em meio ao caos.
Uma crítica à espetacularização da violência
Ao manter o autor do crime anônimo, The Pitt evita um trope comum em dramas médicos e policiais: humanizar ou dar palco a agressores. A série se posiciona contra a glamurização de assassinos em massa e sugere uma reflexão mais profunda sobre a maneira como a mídia e a sociedade lidam com esses eventos.
Essa abordagem também dialoga com estratégias adotadas por veículos jornalísticos e especialistas em segurança, que sugerem não divulgar identidades de atiradores para evitar incentivar futuros ataques buscando fama.
A função de David na trama: um alerta sobre julgamentos precipitados
Em entrevista ao TV Line, o ator Noah Wyle, que interpreta o Dr. Robby, defendeu a forma como The Pitt conduziu a trama de David. Segundo ele, a série quis explorar o impacto de conexões perdidas e como a má interpretação de comportamentos pode gerar pânico, paranoia e decisões precipitadas.
David não era inocente de preocupações: suas atitudes alarmaram familiares e profissionais. No entanto, tratá-lo como culpado antecipadamente não ajudou — apenas o afastou ainda mais. Wyle destaca que os “crimes de pensamento”, embora não sejam infrações reais, podem ser sinais de sofrimento psíquico que pedem acolhimento, não condenação.
McKay, Robby e o dilema ético: quem falhou?
A Dra. McKay (Fiona Dourif), que chamou a polícia para intervir no caso de David, agiu baseada em evidências e preocupações legítimas. Mesmo tendo se equivocado no desfecho, sua decisão foi tomada diante de um possível risco iminente. Por outro lado, o Dr. Robby preferiu a cautela, o que gerou um sentimento de culpa por ter, talvez, hesitado demais.
A série, porém, não toma partido. Em vez disso, mostra como o sistema de saúde e a sociedade, como um todo, podem falhar em oferecer suporte adequado a pessoas em sofrimento mental — e como essas falhas podem gerar cicatrizes duradouras.
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