O físico alemão Albert Einstein, interpretado por Tom Conti, tem uma participação breve no filme Oppenheimer, mas sua presença é carregada de significado. A produção dirigida por Christopher Nolan, que estreia na Netflix em 7 de julho após sua estreia nos cinemas em julho de 2023, foca na trajetória de J. Robert Oppenheimer (vivido por Cillian Murphy) como líder do Projeto Manhattan e criador da bomba atômica. Dentro dessa narrativa, Einstein surge como uma figura de conselheiro e símbolo das implicações éticas da ciência.
Einstein aparece em momentos decisivos do longa, especialmente em duas cenas: uma no meio da história, quando Oppenheimer teme que a explosão da bomba possa incendiar a atmosfera, e outra no final, em uma conversa enigmática à beira de um lago. Apesar de não serem muitas, essas interações moldam o tom filosófico do filme e despertam questões profundas sobre responsabilidade científica.
Einstein e Oppenheimer: uma relação marcada por respeito e divergências
A relação entre Albert Einstein e J. Robert Oppenheimer foi marcada tanto por admiração mútua quanto por discordâncias. Os dois se conheceram pessoalmente em 1932, durante uma visita de Einstein ao Caltech, e voltaram a se encontrar com frequência após a Segunda Guerra Mundial, especialmente quando passaram a trabalhar juntos no Instituto de Estudos Avançados de Princeton.
Embora ambos fossem teóricos da física, Einstein resistia a muitos aspectos da mecânica quântica, campo em que Oppenheimer era um dos principais nomes. Oppenheimer chegou a descrever Einstein como “infantil e profundamente teimoso”, numa fala em que refletia sobre as limitações do colega em aceitar os rumos da ciência moderna.
Einstein não participou do Projeto Manhattan, mas foi peça-chave no início da corrida nuclear
Diferente do que muitos imaginam, Albert Einstein não integrou o Projeto Manhattan e nunca trabalhou diretamente na construção da bomba atômica. Seu afastamento não foi por desinteresse, mas por uma decisão do governo norte-americano, que lhe negou acesso ao projeto por questões de segurança nacional, dado seu passado alemão e suas posições políticas consideradas pacifistas e de esquerda.
No entanto, sua influência foi decisiva. Em 1939, Einstein assinou uma carta escrita por seu colega Leo Szilard, alertando o presidente Franklin D. Roosevelt sobre a possibilidade de a Alemanha nazista estar desenvolvendo armas nucleares. Essa carta é amplamente reconhecida como um dos estopins para a criação do Projeto Manhattan, mesmo que o próprio Einstein tenha depois se arrependido profundamente desse gesto.
E=mc²: a equação que ajudou a viabilizar a bomba
A famosa equação de Einstein, E=mc², foi um dos pilares teóricos que permitiram a compreensão do funcionamento de uma bomba nuclear. A fórmula, que relaciona massa e energia, mostrou que uma quantidade minúscula de matéria poderia ser convertida em uma quantidade imensa de energia — justamente o princípio explorado na fissão nuclear.
Embora não tenha participado da engenharia do artefato, o trabalho teórico de Einstein ao longo das décadas anteriores ajudou a pavimentar o caminho científico que Oppenheimer e sua equipe seguiram para viabilizar o armamento.
O arrependimento de Einstein e o reflexo da consciência científica
Após o bombardeio de Hiroshima e Nagasaki em 1945, Albert Einstein se tornou um dos mais fervorosos críticos da bomba atômica e da corrida armamentista. Ele chegou a declarar que, se soubesse que os alemães não conseguiriam desenvolver uma arma nuclear, jamais teria assinado a carta enviada a Roosevelt. Mais tarde, chamou esse ato de “o maior erro da minha vida”.
O filme de Christopher Nolan explora justamente esse dilema moral. A cena final, que mostra a conversa entre Einstein e Oppenheimer, sugere uma passagem de bastão entre duas gerações de cientistas marcados pela culpa. Einstein, já cético e desiludido, alerta Oppenheimer de que ele também será mal compreendido e sentirá o peso do que iniciou. A metáfora do “despertar de uma reação em cadeia” vai além da física, estendendo-se ao impacto social, político e humano das decisões científicas.
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