A nova produção da Apple TV+, Chefe de Guerra, estrelada e cocriada por Jason Momoa, chamou atenção logo em seus primeiros episódios por um detalhe raro nas produções hollywoodianas: os personagens não falam inglês. A escolha linguística da série não é apenas uma decisão artística, mas parte essencial do compromisso com a autenticidade cultural e histórica que norteia a obra.
A língua falada é o ʻŌlelo Hawaiʻi
Os personagens de Chefe de Guerra se comunicam, majoritariamente, em ʻŌlelo Hawaiʻi, nome oficial da língua havaiana. A escolha não é meramente estética. Ambientada no período de unificação das ilhas havaianas, a série retrata um tempo em que o havaiano era a principal forma de comunicação entre os nativos do arquipélago. Optar por outro idioma, especialmente o inglês, teria distorcido o contexto histórico retratado na trama.
A série mostra o guerreiro Kaʻiana, interpretado por Jason Momoa, em meio a batalhas épicas e dilemas políticos. O uso do ʻŌlelo Hawaiʻi não apenas reforça o realismo histórico, mas também atua como ferramenta narrativa para marcar a diferença entre os povos locais e os colonizadores estrangeiros, que se comunicam em inglês.
A importância cultural do ʻŌlelo Hawaiʻi
A inclusão da língua havaiana na série carrega um peso simbólico. Após a queda da monarquia havaiana, em 1893, e a posterior anexação do Havaí pelos Estados Unidos, o uso do ʻŌlelo Hawaiʻi foi reprimido. Em 1896, ele foi banido do sistema educacional, o que contribuiu para a drástica redução do número de falantes nativos.
Foi apenas na década de 1980 que esforços mais sistemáticos começaram a ser feitos para revitalizar o idioma. Iniciativas como as escolas de imersão Pūnana Leo e programas universitários ajudaram a impulsionar o renascimento linguístico. Em 2013, o censo norte-americano registrou cerca de 18 mil falantes de havaiano no estado, número bem superior aos mil registrados no ano 2000.
Ao levar o ʻŌlelo Hawaiʻi para as telas, Chefe de Guerra presta um tributo à resistência cultural havaiana. A série se destaca como uma das poucas grandes produções a valorizar uma língua indígena ameaçada, oferecendo visibilidade e reconhecimento internacional.
Legendas
Como a produção é voltada a uma audiência global, a Apple TV+ disponibiliza legendas em 42 idiomas. Nos momentos em que os personagens falam havaiano, o público assiste com legendas no idioma de sua preferência.
Com o avanço da narrativa, o uso do inglês deve se tornar mais presente, refletindo o processo de contato e adaptação entre os povos havaianos e os estrangeiros. Jason Momoa explicou em entrevistas que essa transição gradual representa a trajetória real de figuras históricas como Kaʻiana, que precisavam aprender a língua do inimigo para sobreviver e negociar.
O envolvimento pessoal de Jason Momoa com a língua
Jason Momoa, que nasceu no Havaí e tem ascendência havaiana por parte de pai, teve um envolvimento direto com a autenticidade da obra. Mesmo tendo passado boa parte da infância nos Estados Unidos continentais, o ator fez questão de aprender ʻŌlelo Hawaiʻi para seu papel. Ele contou que precisou de um treinador de língua ao seu lado durante as filmagens, inclusive nos momentos em que estava dirigindo cenas. “Eu era provavelmente o pior da turma, mas me dediquei muito”, revelou em entrevista à TIME.
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