Por que os sapos são tão importantes em Desobedientes?

A trama de Desobedientes, nova produção da Netflix, é marcada por uma ambientação inquietante. A cidade de Tall Pines, aparentemente acolhedora e pacata, esconde uma realidade perturbadora. Um dos elementos que reforça esse clima são os sapos-cururu, presentes em diferentes momentos da narrativa. Mais do que um detalhe de cenário, eles funcionam como metáfora central para os temas da série.

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O duplo significado dos sapos

Entenda o final de Desobedientes

Na história, os sapos aparecem com frequência crescente, acompanhados de um coaxar insistente que incomoda não apenas os personagens, mas também os espectadores. Essa sensação de incômodo não é gratuita: em diversas culturas, o animal pode representar tanto sorte e transformação quanto perigo e corrupção. Essa dualidade reflete diretamente a figura de Evelyn Wade, líder da comunidade e diretora da Tall Pines Academy.

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Aos olhos dos pais, Evelyn é vista como uma salvadora, responsável por transformar adolescentes problemáticos em jovens disciplinados. Porém, por trás da fachada de benevolência, ela se revela uma manipuladora, impondo métodos abusivos e explorando fragilidades emocionais dos alunos. Assim como os sapos, que podem simbolizar prosperidade ou maldição, Evelyn encarna as duas faces de uma mesma moeda.

Espécie invasora e controle absoluto

Outro detalhe relevante é a escolha do sapo-cururu, conhecido por ser uma espécie invasora capaz de desequilibrar ecossistemas. No contexto de Desobedientes, essa característica se conecta à forma como Evelyn domina Tall Pines, transformando um lugar antes normal em uma comunidade sufocada por suas regras. O coaxar constante remete a essa presença invasiva, um lembrete de que nada escapa ao seu controle.

O salto e a transformação

Os sapos também estão associados ao “salto”, ritual que marca a última etapa da doutrinação em Tall Pines. Os alunos, comparados a girinos que ainda não completaram seu desenvolvimento, são submetidos a práticas que simbolizam sua metamorfose em seguidores fiéis. A própria presença de girinos nas águas onde o salto ocorre reforça essa metáfora de passagem da inocência à submissão.

Drogas e manipulação

A simbologia dos sapos ganha ainda mais camadas quando a série revela que Evelyn utilizava substâncias alucinógenas extraídas de uma espécie rara de anfíbio, o Colorado River toad. O veneno desse animal, altamente potente, era usado para apagar memórias e consolidar a transformação dos jovens. Embora o efeito real dessa substância seja temporário, na trama ele se torna permanente, garantindo que os alunos percam definitivamente sua identidade anterior.

Laura e o enfrentamento do passado

Entre os personagens, ninguém reage de forma tão intensa aos sapos quanto Laura Redman. Desde sua chegada, ela se mostra atormentada pelo coaxar incessante, que funciona como gatilho de lembranças traumáticas. Em um momento simbólico, Laura mata um sapo no triturador da cozinha, gesto que parece representar a tentativa de retomar o controle sobre a própria vida.

No entanto, a narrativa sugere que Laura não rompeu o ciclo de manipulação, mas apenas o reinventou. O desenho de um sapo em seu quarto, visto no desfecho, indica que ela incorporou esse símbolo em sua própria trajetória. Transformada em uma espécie de líder espiritual, Laura passa a guiar outros moradores de Tall Pines, mas com motivações que lembram a obsessão por poder de Evelyn.

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João Victor Albuquerque
João Victor Albuquerque
Apaixonado por joguinhos, filmes, animes e séries, mas sempre atrasado com todos eles. Escrevo principalmente sobre animes e tenho a tendência de tentar encaixar Hunter x Hunter ou One Piece em qualquer conversa.