Joe Goldberg, protagonista de You, encerra a quarta temporada encarando uma figura que já deveria ter desaparecido de sua vida: Rhys Montrose. Mesmo depois de aparentemente se livrar da alucinação, Joe ainda enxerga Rhys no reflexo da janela, o que revela mais sobre seu estado psicológico do que qualquer crime cometido ao longo da série.
- Siga o Critical Hits e não perca mais um post: Google News, Twitter, Bluesky, Instagram, Youtube
A ilusão de Rhys: o cúmplice criado pela culpa
Durante a temporada, Rhys é apresentado como um intelectual e político promissor, rival do poderoso Tom Lockwood, pai da nova namorada de Joe, Kate. No entanto, a trama revela um grande choque: o Rhys que interagia com Joe nunca existiu de verdade. O verdadeiro Rhys era apenas uma figura pública com quem Joe jamais havia falado, usada como tela para projetar seus impulsos mais obscuros. Ao acreditar que Rhys era o assassino por trás das mortes ao seu redor, Joe encontrou uma forma de se isentar de culpa.
A alucinação se torna, então, uma manifestação concreta de seu lado homicida. Quando Joe “mata” a versão imaginária de Rhys ao empurrá-lo de uma ponte, o gesto parece simbólico: seria o momento em que ele reconhece, de uma vez por todas, que o assassino é ele mesmo. Porém, o reaparecimento do reflexo de Rhys na janela mostra que essa separação entre os dois lados de Joe nunca foi definitiva.
O reflexo de Rhys como símbolo da recusa de Joe em mudar
A persistência da imagem de Rhys mostra que Joe ainda convive com seus próprios demônios. Mesmo ciente de que Rhys é uma invenção, Joe parece não conseguir – ou não querer – deixá-lo para trás. A figura serve como conselheiro, cúmplice e justificativa para suas ações, mesmo agora que Joe tem consciência de que cometeu os assassinatos sozinho. O retorno de Rhys, mesmo como reflexo, indica que Joe continua fugindo da responsabilidade total por seus crimes.
O poder de Kate fortalece os impulsos de Joe
Agora ao lado de Kate, herdeira de uma fortuna e com conexões poderosas, Joe está mais protegido do que nunca. Diferente de Love, que tinha seus próprios segredos e impulsos violentos, Kate demonstra disposição em proteger Joe, mesmo ciente de sua verdadeira natureza. Essa nova aliança, somada à ausência de consequências imediatas, alimenta a sensação de impunidade e incentiva Joe a continuar com seus comportamentos predatórios.
Nesse cenário, Rhys se torna uma ferramenta útil. Mesmo que não exista fisicamente, representa a parte de Joe que valida seus crimes, que racionaliza o assassinato como algo necessário, quase nobre. Joe pode não estar mais culpando Rhys diretamente pelos homicídios, mas a presença da alucinação indica que ele ainda precisa se convencer de que não está agindo sozinho.
A fragilidade da mente de Joe no centro da narrativa
A aparição final de Rhys expõe uma instabilidade mental que se agravou ao longo da série. Desde o início, Joe sempre construiu narrativas internas para justificar suas ações, colocando-se como herói de suas histórias. A criação de Rhys foi apenas uma evolução dessa estratégia: um alter ego com rosto, voz e opiniões próprias. O fato de ele ainda estar presente, mesmo após o “despertar” de Joe, revela que a fronteira entre realidade e delírio continua tênue para ele.
Esse retorno abre caminho para uma quinta temporada em que a presença de Rhys pode se tornar ainda mais significativa. Joe pode não só manter esse “diálogo interno” com sua projeção, como também se convencer de que seus crimes futuros têm um propósito maior, legitimado por essa figura que representa sua escuridão.
Confira também:
- Os melhores filmes da Marvel e da DC
- Séries que você precisa assistir se gostou de Virgin River
- Séries que você precisa assistir se gostou de 1992
- K-Dramas que você precisa assistir se gostou de Meninos Antes de Flores
- Séries que você precisa assistir se gostou de Irracional