No final de O Senhor dos Anéis, Frodo Bolseiro, o portador do Um Anel, deixa a Terra Média e embarca em um navio élfico rumo às Terras Imortais. Enquanto muitos fãs se perguntam por que Frodo não escolheu permanecer no Condado, como Sam Gamgee, sua decisão de partir está ligada não apenas aos ferimentos físicos que ele sofreu, mas também ao trauma emocional de sua jornada. Além disso, o convite para as Terras Imortais reflete tanto a importância do sacrifício de Frodo quanto as consequências das feridas que o acompanharam após a destruição do Anel.
Ferimentos e o peso da missão
Após a destruição do Um Anel e a queda de Sauron, Frodo retorna ao Condado, mas não consegue retomar sua vida de antes. Ele foi profundamente marcado pelas feridas físicas e emocionais que sofreu durante a jornada para Mordor. Um dos principais motivos para sua partida foi o impacto duradouro dessas feridas.
Durante A Sociedade do Anel, Frodo foi gravemente ferido pela lâmina envenenada do Rei Bruxo de Angmar no Monte do Vento. Esse ferimento deixou uma cicatriz profunda e, embora ele tenha sobrevivido, o dano causado foi irreversível e voltou a atormentá-lo periodicamente. Em O Retorno do Rei, Frodo também foi atacado e envenenado pela aranha gigante Shelob enquanto tentava atravessar as Montanhas de Mordor. Embora tenha se recuperado o suficiente para completar sua missão de destruir o Anel, esse ferimento também teve efeitos duradouros, com dores recorrentes que o atormentavam.
Esses ferimentos, ambos infligidos por forças malignas e sobrenaturais, não poderiam ser curados na Terra Média. Todos os anos, no aniversário de sua ferida no ombro, Frodo revivia a dor e o trauma de sua jornada. Essas dores também retornavam no aniversário de sua luta contra Shelob, reforçando que ele nunca poderia encontrar paz ali. Frodo, portanto, teve que deixar a Terra Média para buscar cura nas Terras Imortais, um lugar onde essas feridas não teriam mais poder sobre ele.
As Terras Imortais: um refúgio para os portadores do anel
As Terras Imortais, também conhecidas como Valinor, são um reino situado além da Terra Média, acessível apenas a Elfos e outros seres imortais. No entanto, Frodo recebeu permissão especial para viajar até lá, assim como Bilbo, seu tio, e outros portadores do anel, devido ao impacto devastador que o Anel do Poder teve sobre eles. O uso prolongado do Um Anel drenou suas energias vitais e corrompeu seus espíritos, infligindo um tipo de dano que não poderia ser curado em qualquer outro lugar. Essa foi a única maneira de conceder a Frodo a chance de viver o restante de sua vida sem a constante dor e sofrimento.
Os filmes de Peter Jackson sugerem essa partida como um último ato de Frodo para encontrar paz e deixar para trás o fardo do Anel. Embora Frodo tenha sido bem-sucedido em sua missão de destruir o Um Anel e salvar a Terra Média, o custo dessa vitória foi alto. Suas feridas nunca cicatrizaram completamente, e ele não poderia encontrar felicidade ou tranquilidade no Condado como seu amigo Sam. A viagem às Terras Imortais foi, assim, uma escolha de sobrevivência e alívio.
Trauma e metáfora nas obras de Tolkien
A decisão de Frodo de deixar a Terra Média também pode ser vista como uma metáfora para o impacto do trauma. J.R.R. Tolkien, que serviu na Primeira Guerra Mundial, foi profundamente influenciado pelas experiências traumáticas da guerra, o que pode ser refletido no arco final de Frodo. A jornada de Frodo como portador do Anel pode ser interpretada como uma alegoria para a experiência de um soldado que, mesmo após vencer a batalha, ainda carrega as cicatrizes do combate.
As Terras Imortais, nesse contexto, podem representar um lugar de cura e descanso para aqueles que sofreram profundamente em tempos de guerra, um refúgio onde as feridas de guerra e o trauma poderiam, finalmente, ser curados. Embora as Terras Imortais não sejam uma metáfora direta para o céu, há paralelos com a ideia de um local de descanso e recuperação, uma espécie de Jardim do Éden ou um lugar de paz eterna para aqueles que já deram tudo.
Para Frodo, a viagem para Valinor simboliza seu desejo de escapar dos horrores que ele viveu, encontrar um lugar onde possa, finalmente, se curar e deixar para trás o trauma de sua missão. Ele não morre ao final de sua jornada, mas busca um novo começo em um lugar onde possa, aos poucos, encontrar paz.
O destino de Frodo nas Terras Imortais
Nas Terras Imortais, Frodo não se torna imortal. Diferente dos Elfos, que vivem eternamente em Valinor, Frodo é um mortal e continuará a envelhecer e, eventualmente, morrer. No entanto, a paz oferecida por esse reino permite que ele viva seus últimos anos em tranquilidade, livre das dores e dos traumas que o afligiram desde a destruição do Um Anel.
Embora não se saiba com certeza quanto tempo Frodo viveu após chegar às Terras Imortais, ele conseguiu, finalmente, descansar. Há especulações de que ele possa ter se reunido com Sam Gamgee, que, de acordo com as tradições, também teria viajado para Valinor após a morte de sua esposa. No entanto, essa reunião não é confirmada nos textos de Tolkien.
O legado de Frodo e as Terras Imortais em Os Anéis de Poder
A série Os Anéis de Poder, ambientada milhares de anos antes dos eventos de O Senhor dos Anéis, oferece aos fãs da obra de Tolkien uma visão mais clara de Valinor. O reino é retratado como um lugar de luz, paz e imortalidade, um destino para aqueles que cumpriram suas missões na Terra Média. Ver Valinor nas telas ajuda os fãs a visualizarem o lugar para o qual Frodo partiu ao final de sua história, reforçando a ideia de que ele, assim como Galadriel e Gandalf, é um dos grandes heróis da Terra Média, merecendo um descanso após os sacrifícios que fez.
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