Ao longo de suas sete temporadas, Buffy, a Caça-Vampiros conquistou o público ao mesclar fantasia sobrenatural com temas humanos profundos e delicados. Apesar do foco em demônios, vampiros e entidades místicas, o verdadeiro impacto da série surgiu da forma como abordava questões como saúde mental, relacionamentos abusivos, violência escolar e identidade pessoal. Ainda assim, algumas dessas abordagens geraram desconforto entre críticos e fãs, tornando certos episódios alvos de controvérsias até hoje. A seguir, relembramos os episódios que mais dividiram opiniões ao longo da trajetória da série.
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A agressividade inesperada de “The Pack”
No episódio “The Pack”, da primeira temporada, Xander e um grupo de colegas são possuídos por espíritos de hienas, o que desencadeia um comportamento cada vez mais agressivo e animalesco. Enquanto os outros vão ao extremo de devorar um professor, Xander direciona sua hostilidade de forma inquietante para Buffy e Willow.
O episódio foi criticado pelo simbolismo exagerado do “efeito do grupo”, representado por uma transformação física e psicológica. A tentativa de abordar o bullying e a influência negativa das companhias não agradou a todos, principalmente pelas conotações de assédio e agressão sexual implícitas nas ações de Xander.
O tabu do romance proibido em “I Only Have Eyes for You”
Em “I Only Have Eyes for You”, da segunda temporada, Buffy e Angelus são possuídos pelos fantasmas de um casal trágico dos anos 1950. James, um estudante, mata sua professora e amante Grace ao ser rejeitado, e depois se suicida.
A metáfora do episódio sobre relacionamentos desequilibrados e arrependimento é poderosa, mas o uso de um assassinato em um ambiente escolar, além do relacionamento entre aluno e professora, gerou desconforto. A semelhança com casos reais de violência escolar, inclusive, foi apontada como problemática por parte da audiência.
A violência doméstica escancarada em “Beauty and the Beasts”
Na terceira temporada, “Beauty and the Beasts” coloca em foco Pete, um estudante que se transforma em um monstro literal ao agredir fisicamente sua namorada, Debbie. A dinâmica abusiva entre os dois, marcada por ciúmes, violência e culpa, é tratada de forma direta e brutal.
Embora o episódio também explore os conflitos internos de personagens como Oz e Angel, a representação do ciclo de abuso foi considerada por muitos espectadores como excessivamente gráfica. Críticos divergiram quanto à eficácia da metáfora, mesmo reconhecendo a relevância do tema.
“Gingerbread” e a caça às bruxas moderna
O episódio “Gingerbread”, também da terceira temporada, traz Joyce, mãe de Buffy, liderando uma cruzada contra práticas ocultas após ser enganada por um demônio que assume a forma de duas crianças mortas. O resultado é uma histeria coletiva que culmina na tentativa de queimar Buffy, Willow e Amy na fogueira.
A crítica à moralidade imposta por adultos e ao pânico coletivo foi bem recebida por parte do público, mas a violência simbólica e o papel de Joyce dividiram opiniões. O episódio, inclusive, teve partes censuradas em sua exibição no Reino Unido.
“Earshot” e a sensibilidade pós-Columbine
Poucos episódios causaram tanta repercussão quanto “Earshot”. Com Buffy ganhando temporariamente a habilidade de ler mentes, ela descobre um possível massacre escolar sendo planejado. A cena em que Jonathan aparece com uma arma no alto da escola, prestes a se suicidar, tornou-se um marco.
Por coincidir com o massacre de Columbine em 1999, o episódio foi adiado por meses, dada a delicadeza do tema. Ainda hoje, é lembrado como um exemplo de como a série lidava com assuntos sérios em meio à fantasia.
“Beer Bad”: moralismo mal disfarçado
“Beer Bad”, da quarta temporada, é frequentemente citado como um dos piores episódios da série. Buffy, deprimida após um término, acaba consumindo uma cerveja mágica que a transforma em uma versão primitiva de si mesma. O episódio tenta abordar os perigos do consumo excessivo de álcool, mas falha ao exagerar na moralidade e usar o humor de forma desconectada do tema.
A revelação de que a bebida estava enfeitiçada por um bartender vingativo enfraquece qualquer crítica real ao alcoolismo, o que rendeu ao episódio duras críticas e o status de piada entre fãs da série.
“Dead Things” e os limites do aceitável
A sexta temporada de Buffy é marcada por tramas sombrias, e “Dead Things” talvez seja o mais pesado. Warren, um dos membros do grupo de vilões conhecido como “Trio”, tenta estuprar sua ex-namorada usando um dispositivo de controle mental. Ao matá-la acidentalmente, ele culpa Buffy pelo crime.
O episódio foi amplamente criticado pelo retrato explícito de manipulação, violência sexual e assassinato. Ao mesmo tempo, o relacionamento conturbado entre Buffy e Spike, explorado nesse episódio, contribuiu ainda mais para o desconforto do público.
A realidade em xeque em “Normal Again”
“Normal Again” levanta uma das questões mais controversas da série: e se tudo não passasse da imaginação de Buffy? Envenenada por um demônio, ela começa a viver entre duas realidades — uma onde é uma Caça-Vampiros e outra onde está internada em uma instituição psiquiátrica.
A ambiguidade do episódio dividiu fãs e críticos. Para alguns, foi uma jogada inteligente que refletia a exaustão emocional da protagonista. Para outros, sugerir que todo o universo da série poderia ser uma alucinação soou como traição narrativa.
“Seeing Red” e a violência contra personagens femininas
“Seeing Red”, também da sexta temporada, é lembrado por duas cenas chocantes. Primeiro, Spike tenta estuprar Buffy, um ato que até hoje é amplamente debatido entre fãs e críticos. Em seguida, Tara é assassinada por Warren logo após uma reconciliação com Willow, marcando o fim de um dos primeiros romances lésbicos da TV.
As críticas à morte de Tara como um exemplo do trope “bury your gays” foram intensas, assim como a repercussão do abuso de Spike. O episódio é considerado por muitos como o mais doloroso e polêmico de toda a série.
A traição em “Empty Places”
Por fim, “Empty Places”, da última temporada, causou incômodo ao mostrar os próprios aliados de Buffy duvidando de sua liderança. Com a chegada iminente do apocalipse, os Potenciais e até membros do núcleo principal decidem seguir Faith, deixando Buffy isolada.
A decisão pareceu incoerente com o histórico dos personagens, gerando revolta entre os fãs. O episódio ainda é debatido como um momento em que a série falhou em manter a coerência emocional e narrativa de sua heroína.
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