J. Robert Oppenheimer, figura central do filme Oppenheimer, de Christopher Nolan, é frequentemente lembrado como o homem que liderou a criação da bomba atômica durante a Segunda Guerra Mundial. A produção, que chega à Netflix no dia 7 de julho, mergulha nos conflitos morais do físico após a explosão em Hiroshima e Nagasaki. Contudo, apesar da narrativa cinematográfica apresentar um homem atormentado pelo arrependimento, a realidade histórica mostra nuances mais complexas.
Oppenheimer sentiu o impacto emocional do uso de sua criação, mas nunca afirmou abertamente que se arrependia de tê-la desenvolvido. O que ele lamentou, de fato, foi a forma como a arma foi utilizada e os rumos que o mundo tomou após sua invenção.
Entre a genialidade e o remorso: a visão de Nolan e a figura histórica
No longa-metragem de Nolan, Oppenheimer (interpretado por Cillian Murphy) é retratado como alguém consumido pela culpa, especialmente nas cenas finais, em que a conversa com Albert Einstein sugere um pesar profundo sobre as consequências de seus atos. O tom do filme leva o espectador a crer que o cientista se arrependeu até o fim da vida por ter criado a bomba atômica.
Contudo, registros históricos indicam que Oppenheimer nunca expressou arrependimento explícito pela invenção em si. Ele reconhecia a importância da bomba no contexto da guerra e chegou a afirmar que teria preferido que ela estivesse pronta a tempo de ser usada contra o regime nazista.
O verdadeiro desconforto: o uso da bomba, não sua criação
O verdadeiro dilema de Oppenheimer surgiu após a detonação em Hiroshima e, principalmente, em Nagasaki. Ele acreditava que o segundo ataque foi desnecessário e cruel. Em uma reunião com o presidente Harry Truman, teria dito sentir que tinha “sangue nas mãos”. Ainda assim, essa culpa estava ligada à aplicação da bomba, não à sua concepção técnica ou científica.
Oppenheimer compreendia o valor estratégico da arma durante o conflito mundial, mas passou a temer o que ela representaria em um mundo pós-guerra, especialmente com a crescente tensão entre os Estados Unidos e a União Soviética.
Atuação pós-guerra: o físico e a luta pelo controle nuclear
Após a Segunda Guerra Mundial, Oppenheimer dedicou-se a alertar o mundo sobre os perigos de uma corrida armamentista. Atuou na Comissão de Energia Atômica dos EUA e defendeu a criação de um órgão internacional que regulasse o uso de urânio e tecnologias nucleares. Sua posição crítica à bomba de hidrogênio e ao avanço desenfreado das armas nucleares foi um dos fatores que levaram à cassação de sua autorização de segurança em 1954, encerrando sua influência direta sobre a política nuclear americana.
Esse afastamento marcou sua transição de herói nacional para um intelectual que questionava os próprios feitos, tornando-se símbolo de uma ciência que passou a refletir sobre seus limites éticos.
A visita ao Japão e a reafirmação de sua postura
Mesmo ao visitar o Japão em 1960, Oppenheimer não declarou arrependimento pela criação da bomba. Ao ser questionado por jornalistas japoneses, afirmou que sua angústia não havia mudado com a viagem, mas também não havia se intensificado. Disse que não se sentia pior naquela noite do que na anterior, o que demonstra que, embora carregasse o peso de sua contribuição, não se penitenciava completamente por ela.
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