Christopher Nolan, conhecido por sua aversão ao uso excessivo de computação gráfica, foi ainda mais longe em Oppenheimer, seu filme sobre o físico J. Robert Oppenheimer, criador da bomba atômica. Com estreia na Netflix marcada para 7 de julho, a produção vem sendo novamente comentada por sua abordagem visual impactante, especialmente pela recriação da explosão do teste nuclear Trinity sem qualquer uso de CGI.
Desde o início, Nolan deixou claro que não recorreria a efeitos gerados por computador para retratar a primeira detonação de uma arma nuclear na história. A decisão foi tanto estética quanto filosófica: o diretor acreditava que somente uma explosão real poderia transmitir o peso emocional e histórico desse momento.
A explosão foi real, mas com segurança controlada
A explosão central de Oppenheimer não foi uma bomba nuclear real, evidentemente, mas uma simulação cuidadosamente planejada. O supervisor de efeitos visuais Andrew Jackson e o especialista em efeitos práticos Scott Fisher foram encarregados da missão de transformar a visão de Nolan em realidade. O resultado foi alcançado através da detonação de uma mistura controlada de combustíveis e explosivos, incluindo gasolina, alumínio em pó, petróleo e sinalizadores de magnésio.
A técnica de “perspectiva forçada” foi essencial para amplificar o impacto visual. Explosões reais de menor escala foram filmadas de perto, criando a ilusão de proporções colossais quando exibidas na tela. Essa combinação de truques clássicos de cinema, com câmeras de diferentes ângulos e lentes variadas, proporcionou um resultado visual tão poderoso quanto assustador.
Visual impactante com efeitos práticos e composição digital
Embora o filme não use CGI para criar a explosão em si, Oppenheimer recorre sim a efeitos visuais digitais em outras frentes, como a composição e o empilhamento de múltiplas camadas de imagens reais. Ao todo, foram utilizadas cerca de 400 camadas diferentes de filmagens práticas para montar a sequência da explosão. O trabalho meticuloso deu ao resultado final uma textura realista e visceral que seria difícil de atingir apenas com animação digital.
A intenção de Nolan não era replicar com precisão científica a física de uma explosão nuclear, mas transmitir uma sensação artística do que ela representa. Como explicou o diretor de fotografia Hoyte van Hoytema, a explosão foi construída como uma “interpretação visual solta” do evento, priorizando o impacto emocional sobre a exatidão técnica.
Ambientação e atuação reforçam o realismo
A autenticidade visual do filme também foi reforçada por escolhas de ambientação. As filmagens ocorreram no deserto do Novo México, mesmo local onde ocorreu o teste real em 1945. Essa decisão buscava capturar a sensação de isolamento e desolação do cenário original. Além disso, os bunkers usados pelos personagens foram construídos especialmente para permitir que os atores reagissem à explosão em tempo real, intensificando a tensão dramática nas cenas.
A diretora de arte Ruth De Jong chegou a construir uma réplica da bomba, mesmo após Nolan afirmar que não seria necessária. A réplica permitiu que o diretor gravasse cenas de preparação com riqueza de detalhes, elevando o nível de imersão antes do clímax explosivo.
Por que Nolan rejeita o CGI
A rejeição de Nolan ao CGI se apoia na ideia de que imagens geradas por computador, por mais sofisticadas que sejam, ainda transmitem uma sensação de artificialidade. Para ele, efeitos práticos são mais desconfortáveis e ameaçadores, qualidades que ele julgava essenciais para retratar a magnitude do teste Trinity. Em entrevista, o cineasta explicou que o CGI tende a ser “seguro” e “anódino”, enquanto a explosão de Oppenheimer precisava ser “bela e ameaçadora ao mesmo tempo”.
Essa abordagem revela não apenas o compromisso estético de Nolan com a fidelidade visual, mas também seu respeito pela gravidade do tema tratado. Ao evitar o caminho mais fácil da computação gráfica, o diretor buscou uma experiência sensorial mais crua, mais próxima do que os cientistas e militares presentes em 1945 devem ter sentido.
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