O documentário Titan: O desastre da OceanGate, lançado pela Netflix em 2025, revisita o trágico episódio da implosão do submersível Titan, que, em junho de 2023, tentava mais uma vez alcançar os destroços do Titanic no fundo do Oceano Atlântico. A produção lança luz sobre as decisões questionáveis e os alertas ignorados por parte da empresa OceanGate, responsável pela construção e operação da embarcação.
A jornada do Titan e a tragédia no “Mergulho 88”
A OceanGate havia programado 88 expedições com o Titan, mas foi justamente a de número 88 que terminou em tragédia. Em 18 de junho de 2023, o submersível partiu em sua primeira missão do ano após um rigoroso inverno em Newfoundland, considerado o pior dos últimos 40 anos. O mergulho, que deveria durar cerca de duas horas até o fundo do oceano, terminou com a implosão da cápsula a aproximadamente 3.300 metros de profundidade, antes de alcançar os destroços do Titanic, localizados a 3.810 metros.
Todos os ocupantes morreram instantaneamente: o CEO da OceanGate, Stockton Rush, o especialista francês Paul-Henri Nargeolet, o bilionário britânico Hamish Harding, o empresário Shahzada Dawood e seu filho Suleman. O índice de sucesso da embarcação em atingir seu objetivo era notavelmente baixo: dos 87 mergulhos anteriores, apenas 13 chegaram ao Titanic.
Documento revela riscos sabidos pelos passageiros
Um termo de responsabilidade de quatro páginas, divulgado semanas após o acidente, expôs os perigos claros envolvidos na viagem. O documento, obtido pelo Business Insider, menciona nove vezes o risco de morte, três delas logo na primeira página. Nele, a OceanGate admitia que o Titan era um veículo experimental, não certificado e fabricado com materiais fora do padrão para submersíveis tripulados.
A taxa de sucesso de apenas 14,9% para alcançar os destroços do Titanic já indicava o nível de risco da operação. Ainda assim, passageiros como Hamish Harding aceitaram embarcar, em parte seduzidos pelo fascínio em explorar as profundezas históricas do oceano.
Fase de testes foi marcada por falhas e alertas ignorados
Durante o desenvolvimento do Titan, múltiplos avisos foram emitidos sobre a insegurança do projeto, mas muitos deles foram ignorados pela liderança da OceanGate. A empresa afirmava ter contado com apoio de instituições renomadas como Boeing, NASA e Universidade de Washington, mas todas negaram participação direta no projeto do submersível. Enquanto algumas colaboraram brevemente em aspectos limitados, nenhuma esteve envolvida no desenvolvimento técnico ou nos testes de segurança.
Um dos momentos mais reveladores foi o teste do modelo Cyclops 2, anterior ao Titan, que implodiu durante uma simulação ao atingir 6.500 psi, muito abaixo do que seria exigido para atingir o Titanic. Mesmo diante do fracasso, Stockton Rush decidiu seguir com o projeto praticamente sem alterações, dando início aos testes com o veículo final.
Denúncias internas e retaliações dentro da empresa
Diversos profissionais alertaram a OceanGate sobre problemas críticos no design do Titan, mas foram desacreditados ou demitidos. O caso mais emblemático é o do engenheiro David Lochridge, então diretor de operações marítimas. Em relatório técnico, ele apontou ao menos 25 falhas, entre elas o uso de materiais inflamáveis no casco e a substituição de fixadores adequados por simples abraçadeiras plásticas.
Lochridge recomendou mudanças urgentes nos processos de inspeção da estrutura da embarcação. No entanto, foi demitido no dia seguinte. A situação evoluiu para uma batalha judicial entre as partes, encerrada com um acordo confidencial. Em paralelo, a Sociedade de Tecnologia Marinha também expressou, em 2018, preocupação formal com a ausência de certificações do Titan, alertando para riscos “catastróficos” (via The New York Times).
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